Atualizado em janeiro de 2016
O Sul da Inglaterra, para mim, sempre foi a cara de Jane Austen, essa mulher genial na arte de retratar seu tempo e que, sem sequer uma palavra áspera, foi capaz de criticar de forma tão definitiva as convenções sociais da aristocracia inglesa do final do Século 18.
Muito por causa dela, resolvi esticar minha viagem pela Inglaterra até Hampshire e, fazendo de Winchester minha base, fui conhecer a vila de Chawton onde ela viveu seus últimos oito anos e onde escreveu a versão definitiva de seus romances. O Museu Casa de Jane Austen é uma visita emocionante.
O Sul da Inglaterra, para mim, sempre foi a cara de Jane Austen, essa mulher genial na arte de retratar seu tempo e que, sem sequer uma palavra áspera, foi capaz de criticar de forma tão definitiva as convenções sociais da aristocracia inglesa do final do Século 18.
Muito por causa dela, resolvi esticar minha viagem pela Inglaterra até Hampshire e, fazendo de Winchester minha base, fui conhecer a vila de Chawton onde ela viveu seus últimos oito anos e onde escreveu a versão definitiva de seus romances. O Museu Casa de Jane Austen é uma visita emocionante.
Vocês imaginam como eu fiquei emocionada ao dar de cara com essa plaquinha? |
A chegada à vila de Chawton. É preciso descer do ônibus na estrada e caminhar até lá |
O ônibus não entra na vila de Chawton. É preciso descer na estrada e caminhar cerca de um quilômetro até a povoação, um percurso bem agradável, graças às muitas árvores do caminho.
Logo após uma curva — que parece ter sido posta lá de propósito, para aumentar o impacto da chegada — fica a casinha simples, na verdade uma cottage (chalé), hoje transformada no Jane Austen's House Museum.
Veja todas as dicas sobre a visita:
Casa de Jane Austen, Chawton, Inglaterra
O jardim do chalé. Estas duas árvores (abaixo) teriam sido plantadas por Jane ou por sua mãe. Ambas adoravam cuidar das plantas |
Entrar na casa onde Jane viveu e deu vida ao dócil inconformismo de sua heroínas é como percorrer os bastidores de suas tramas, ter acesso à pacata rotina doméstica que deveria ter sido todo o universo de Elizabeth Bennet e Anne Elliot, não fossem elas guiadas pelo sopro dessa escritora excepcional.
Ela mesma viveu uma vida muito simples e recolhida, destino das moças pobres da aristocracia de seu tempo, não muito diferente de Elinor Dashwood, de Razão e Sensibilidade.
O verde parece ter sido uma presença marcante no cotidiano de Jane Austen no chalé de Chawton |
Para sorte de todos nós, porém, era Cassandra, sua irmã mais velha, quem se dedicava à organização doméstica, para que Jane tivesse todo o tempo para ler e escrever.
O jardim de Jane Austen
O primeiro encanto da casa de Jane é o jardim, que ainda preserva duas árvores plantadas, possivelmente, por Jane ou por sua mãe.
O primeiro encanto da casa de Jane é o jardim, que ainda preserva duas árvores plantadas, possivelmente, por Jane ou por sua mãe.
Os banquinhos de madeira espalhados no gramado convidam a sentar e suspirar, cercada de flores de todas as cores e por uma profusão de borboletas e abelhas impressionantemente mansas — até eu, que sou hiper alérgica e corro léguas dessas bichinhas, estava achando o movimento delas uma graça.
Jane Austen em Chawton
Filha de um pastor, Jane Austen cresceu na casa paroquial de Steventon, em Hampshire, a cerca de 30 km de Chawton.
Filha de um pastor, Jane Austen cresceu na casa paroquial de Steventon, em Hampshire, a cerca de 30 km de Chawton.
O drawing room (sala de estar) |
Quando seu pai se aposentou da função de pastor, mudou-se com a família para Bath. A decisão arrancou Jane do lar que ela adorava — como Anne Elliot, em Persuasão, que também considera Bath um exílio frívolo e afetado.
Jane Austen morou em Bath entre 1801 e 1806, a maior parte do tempo em uma casa em Sidney Place.
Com a morte do pai, as irmãs Austen e a viúva viram-se em situação difícil e foram socorridas pelo irmão Edward, que havia sido adotado por um primo distante para herdar e administrar a propriedade de Chawton. Foi ele quem as instalou no chalé que hoje é o museu.
Jane Austen morou em Bath entre 1801 e 1806, a maior parte do tempo em uma casa em Sidney Place.
Com a morte do pai, as irmãs Austen e a viúva viram-se em situação difícil e foram socorridas pelo irmão Edward, que havia sido adotado por um primo distante para herdar e administrar a propriedade de Chawton. Foi ele quem as instalou no chalé que hoje é o museu.
Entrar na casa de Jane Austen é como bisbilhotar os bastidores das histórias contadas pela escritora, a pacata rotina de onde brotaram as tramas que seu talento tornou excepcionais |
O acervo do Museu casa de Jane Austen
No interior da casa estão expostos alguns documentos e manuscritos, móveis de época - alguns deles pertenceram mesmo à família, como a mesinha que Jane usava para escrever, e que é uma visão absolutamente comovente -, roupas e utensílios.
No interior da casa estão expostos alguns documentos e manuscritos, móveis de época - alguns deles pertenceram mesmo à família, como a mesinha que Jane usava para escrever, e que é uma visão absolutamente comovente -, roupas e utensílios.
A mesa que Jane usava para escrever havia sido doada a uma empregada da casa, após a morte da escritora. Foi posteriormente resgatada pelos sobrinhos e integra o acervo da casa |
É como se a gente tivesse chegado, de repente, sem avisar, e entrado no pacato dia a dia de uma casa dos primeiros dias do Século 19.
A casa de Jane Austen é uma casa comum, onde viveu e produziu uma mulher absolutamente incomum.
Quase 200 anos depois da morte de Jane Austen (em 1817), as memórias do cotidiano da escritora ainda atraem gente de todo o mundo a uma vila com menos de 500 habitantes e que sequer é servida por transporte e regular.
A fachada posterior do chalé |
Jane Austen nunca fez grandes viagens. Seus horizontes estavam contidos pelas ondulações suaves e verdes do Sul da Inglaterra. Contemplar seu mundo, cara a cara, é perceber o sentido mais profundo da recomendação de Tolstói ("Se queres ser universal, começa por cantar a tua aldeia").
A entrada do museu e o acesso à bilheteria são através do jardim. Abaixo, a fachada principal da Casa de Jane Austen |
Não há um traço de amargura na narrativa dessa mulher, ainda que a realidade de seu tempo a tenha privado das grandes paixões e aventuras.
Constatar a fidelidade de sua narrativa ao universo ao seu redor me deixou comovida e esperançosa: afinal, é bem possível que os finais felizes dos livros de Jane Austen também possam ser reais.
Atenção aos horários de visita à Casa de Jane Austen, pois eles variam de acordo com a época do ano |
Minhas comprinhas na loja do Museu Casa de Jane Austen: DVDs, livros e até boneco de papel pra trocar a roupa de Mr. Darcy 😁 |
⭐ Museu Casa de Jane Austen
Winchester Road, Chawton, Condado de Alton, Hampshise, a 25 km de Winchester
site> Jane Austen's House Museum
Horários de abertura
O Museu Casa de Jane Austen pode ser visitado diariamente, de março a setembro, das 10:30h às 16:30h.
No verão (junho, julho e agosto) o horário é um pouquinho mais esticado: das 10h às 17h.
Em janeiro e fevereiro, as visitas só podem ser feitas nos finais de semana.
Winchester Road, Chawton, Condado de Alton, Hampshise, a 25 km de Winchester
site> Jane Austen's House Museum
Horários de abertura
O Museu Casa de Jane Austen pode ser visitado diariamente, de março a setembro, das 10:30h às 16:30h.
No verão (junho, julho e agosto) o horário é um pouquinho mais esticado: das 10h às 17h.
Em janeiro e fevereiro, as visitas só podem ser feitas nos finais de semana.
O "centrinho" de Chawton. Esta é praticamente a única rua da vila |
A vila está cercada de verde |
Ingresso no Museu Casa de Jane Austen
A entrada para o museu custa £7.50.
Como chegar ao Museu Casa de Jane Austen
Na Estação Rodoviária de Winchester, pegue o ônibus nº 64, que parte de hora em hora (20 minutos antes da hora cheia) para Alton.
A passagem é paga diretamente ao motorista e o bilhete de ida e volta custa £ 6,30.
A passagem é paga diretamente ao motorista e o bilhete de ida e volta custa £ 6,30.
Plataforma de embarque Da Rodoviária de Winchester, os ônibus partem de hora em hora para Alton e passam por Chawton |
Avise ao condutor que você vai à casa de Jane Austen e peça para descer na rotatória (roundabout) que dá acesso a Chawton.
Muito cuidado ao atravessar as pistas, porque, como você sabe, os ingleses dirigem na contramão (rss) e, portanto, os carros sempre virão da direção que você não espera.
Muito cuidado ao atravessar as pistas, porque, como você sabe, os ingleses dirigem na contramão (rss) e, portanto, os carros sempre virão da direção que você não espera.
Esta é a parada de ônibus para quem vai ficar em Chawton |
A seta vermelha indica o local da parada do ônibus. Na volta a Winchester, é só esperar a condução no lado da pista oposto ao que você desceu na vinda. Abaixo, a rotatória no acesso à vila |
Como é a Vila de Chawton
Chawton é muito fofa e rende um passeio gostoso. Se você for no verão, considere a ideia de fazer um piquenique por lá, pois a vila esta imersa em uma área verde que parece ter saído das páginas de um romance inglês — na verdade, a vila está dentro dos limites do Parque Nacional de South Downs.
Cerca de 500 felizardos moram em Chawton e mais 2.000 nos arredores da vila. As casas ao longo da Winchester Road (praticamente a única rua da vila) são encantadoras.
Chawton é muito fofa e rende um passeio gostoso. Se você for no verão, considere a ideia de fazer um piquenique por lá, pois a vila esta imersa em uma área verde que parece ter saído das páginas de um romance inglês — na verdade, a vila está dentro dos limites do Parque Nacional de South Downs.
Cerca de 500 felizardos moram em Chawton e mais 2.000 nos arredores da vila. As casas ao longo da Winchester Road (praticamente a única rua da vila) são encantadoras.
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Se você assiste Downton Abbey, vai entender mais fácil: Chawton era uma propriedade rural nos mesmos moldes da retratada na série de TV, estabelecida no Século 13.
A Chawton House, a casa-grande (manor house), é do Século 16, época em que já era propriedade da família Knight.
No finalzinho do Século 18, o senhor das terras, parente dos Austen que não tinha herdeiros, adotou o irmão de Jane, Edward, que se tornaria o senhor de Chawton, anos mais tarde.
As casas de Chawton também parecem ter saído de um romance |
Além da Chawton House, que ainda guarda traços de seu estilo Tudor original, outro lugar legal para ver na vila é a Chawton House Library, instituição dedicada ao estudo das mulheres escritoras entre os Séculos 17 e 19.
The Greyfriar, um pub do Século 16 |
A vila tem poucas opções. Uma ótima pedida é o The Greyfriar, um pub do Século 16, onde comi uma lamb shank (perna de cordeiro) refogada, simplesmente dos deuses. Acompanhada de Pimm's, é claro.
O Greyfriar é simpaticíssimo e com preços camaradas (paguei menos de £20 pela refeição) e tem WiFi gratuito. Fica exatamente em frente à casa de Jane Austen.
Ao lado do Greyfriar, a casa de chá Cassandras's Cup também é muito simpática.
A generosa e refrescante dose de Pimm's e minha mesa no Greyfriar's. Abaixo, a alentada perna de cordeiro com purê de batatas que fez eu me sentir em uma cena de Asterix entre os Bretões |
Onde se hospedar em Chawton
Apesar de pequenininha, a vila tem algumas opções de hospedagem. Uma delas é a Cassandra's Cottage, também em frente ao museu.
Cassandra's Cottage e Cassandra's Cup: opção de pouso ou para a hora do chá |
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Que surpresa! Hoje na livraria estive com uma simpática caixa com parte da obra dela em mãos. Apaixonada por seu texto, ficarei acompanhando as publicações sobre a linda viagem, cujo encantamento iniciou pelas belas imagens! Bjo!
ResponderExcluirJane Austen é maravilhosa, Paula. Foi realmente emocionante estar na casa onde ela viveu e fez viver suas personagens. Essa viagem foi toda muito especial. Tanto, que está até difícil de contar: nenhum relato parece à altura (mas se eu fosse Jane Austen, a história seria outra, rssss). Bj
ExcluirCyntia, que beleza de post. Amei muito. Vou recomendá-lo aos leitores do Pra Ver em Londres. :)
ResponderExcluirFicarei de olho em toda sua série.
Beijo!
Que bacana, Natasha!! Essa temporadinha inglesa foi o máximo. Amei tudo, aos pouqinhos, vou contando no blog. Bj
ExcluirQue legal! Numa promoção um tempo atrás, comprei toda a coleção dela, mas ainda não consegui ler tudo... Li "Orgulho e Preconceito" um tempão atrás e tô no comecinho de "Persuasão".
ResponderExcluir"Persuasão" é o meu preferido, Fernanda. O mais maduro, talvez um pouco menos "solar" que os demais, mas um belíssimo texto, com uma certa moradacidade doce. Amo! Estive em Bath, agora, e vi muitos dos cenários do livro. Aguarde, que vêm mais posts por ai. Bj
ExcluirAdoreiii .A vila é uma graça ,a casa então,nem se fala .Você relatou tudo muito bem,parabéns !
ResponderExcluirBeijos!
http://poemadecadadia.blogspot.com.br
É tudo muito bonito, mesmo, Laila. Ainda mais no verão, com um ceuzão azul e flores por todo lado. Uma bela opção de escapada para quem vai a Londres :) Abs.
ExcluirPS: Meninas, mal acabei este post e comecei a reler "Orgulho e Preconceito" -- acho que pela sexta ou sétima vez :)
ResponderExcluirQue doce viagem. Adorei. Ainda conheço muito pouco do Reino Unido. Obrigada por nos levar consigo.
ResponderExcluirUm abraço desde Portugal
Ruthia d'O Berço do Mundo
http://bercodomundo.blogspot.pt/
Sua terra também é linda, Ruthia. Adoro Portugal. Abs
ResponderExcluirGostei muito
ResponderExcluirQue fotos lindas! estive em Chawton no inverno, e com certeza não é a mesma coisa!!
ResponderExcluirO dia estava maravilhoso, Adriana. Mas agora fiquei curiosa: que tal Chawton no inverno? Abs
ExcluirQue dez seu blog! e que post mais maravilhoso, sou fã de Jane Austen e sonho com um dia que vou poder conhecer a casa da mesma e esse post só fez ter mais vontade rs! Parabéns!
ResponderExcluirNatyelle, se vc gosta de Jane Austen, vai amar ver o lugar onde ela viveu e escreveu seus livros. Não deixe de dedicar um tempinho à cidade de Winchester, que também está muto ligada a história da escritora (ela passou os últimos dias de vida lá e está enterrada na Catedral).
ExcluirMuito obrigada pelos elogios ao blog. Fico feliz :)
Sou fã de Jane e li todos os seus livros, meu sonho é quando me aposentar em 2017 fazer uma viagem e conhecer este lugar encantador onde ela viveu.. bj
ResponderExcluirValeria, era um sonho que eu tinha e que adorei realizar. Tomara que você realize o seu logo. Se precisar de mais alguma dica, estou por aqui. Bjo
Excluiroh!! Sensacional! Acebei de fechar Mansfield Park e quando acessei a internet vi seu post! Entrou na minha interminável lista de visitas. Eu estive em sua casa museu em Bath, mas esta me parece disparada mais interessante (não desmerecendo Bath de jeito nenhum!)
ResponderExcluirbj Ana
O museu de Bath eu nem fui ver, Ana, porque não me pareceu atraente. Não sei bem qual a relação de Jane Austen com o local onde funciona o museu, mas acho que nem há. O melhor em Bath é seguir os roteiros das personagens, caminhar pelas mesmas ruas, entrar nos mesmos lugares. Neste ponto, Bath é imperdível para fãs de Jane Austen. E, claro, ver as casas onde ela morou mesmo.
ExcluirBj
Oi Cyntia, tudo bem?
ResponderExcluirEstou fazendo minha monografia sobre Turismo Literário e preciso de uma pessoa que conheceu a casa da Jane Austen para uma entrevista por escrito. Você poderia me ajudar? Agradeceria muito.
Claro, Jéssica, com prazer. O email do blog é cyntia@fragatasurprise.com
ExcluirGostaria de ver fotos do local onde se realizavam os picnics dos personagens de Jane Austen e o nome do bosque , se for possível . Muito agradecida.
ResponderExcluir