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Matriz do Rosário, do Século 18
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O Século 18 é meio recente para o meu gosto, mas tenho que me curvar ao talento da época para a produção de cidades mágicas. Voltar a morar em Brasília me deu de presente a vizinhança com a adorável Pirenópolis, essa perolazinha de 20 mil habitantes na Serra dos Pirineus, em Goiás.
Pirenópolis é uma escapada fácil para quem está na capital federal ou em Goiânia e foi lá que passei o último fim de semana. A jornada foi uma joint venture da Fragata Surprise com o Sopão do Tião, blog muito bacana do meu amigo Tião Vicente, do qual sou leitora assídua. O Sopão foi com o time completo: Tião, Rejane, os fofos Bernardo e Cecília e a fiel escudeira Ivone. A Fragata levou o bloquinho e a nova câmera fotográfica, substituta da saudosa Pentax, desaparecida na última mudança.
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Se você gosta de janelas coloniais, prepare-se para passar horas fotografando Pirenópolis |
Pirenópolis — “Piri”, para os íntimos — completou 284 anos no início deste outubro. No sossego da noite de sexta-feira, as janelas que nos vêem passar têm os olhos das Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte, como foi batizada a cidade nascida em 1727, em pleno Ciclo do Ouro.
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A noite, à luz dos lampiões, Piri fica ainda mais mágica |
A riqueza oriunda do garimpo encheu a cidade de belezas. Além da Igreja do Rosário (1732), considerada o edifício mais importante do período colonial em Goiás, Piri tem uma Igreja do Bonfim (1754), nos mesmos traços sóbrios da Matriz e postada sobre uma colina, como sua homônima mais famosa, a de Salvador. As linhas despojadas também se repetiam na Casa de Câmara e Cadeia (1733), como atesta sua réplica, construída em 1919 e que, hoje, abriga o Museu das Cavalhadas.
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A escadinha com gradil (esquerda) na entrada das casa é típica de Pirenópolis |
A cidade mudou de nome no final do Século 19, mas Meia Ponte ainda ecoa nos traços recatados das fachadas. Os poucos adornos são os gradis das escadinhas de acesso às casas centenárias (a cara de Piri!), os delicados lambrequins que arrematam os telhados. Aqui e ali, uma porta listrada...
Pensando bem, Piri lembra Marina, a morena de Caymmi, que não precisa de maquiagem, porque “já é bonita com o que Deus lhe deu”.
O que ver no Centro Histórico de Pirenópolis
Matriz de Nossa Senhora do Rosário
A igreja mais antiga do estado de Goiás é um dos orgulhos da cidade, um legado do Ciclo do Ouro. A Matriz, inaugurada no começo do Século 18, tem paredes em taipa de pilão, uma técnica muito difundida na época da Colônia. O interior do templo tinha uma rica decoração, completamente perdida no incêndio de 2002 que quase custou a Pirenópolis o seu edifício mais precioso.
Um detalhe curioso é que a igreja foi posicionada de tal forma que o sol ilumine sua fachada a qualquer hora do dia.
Igreja do Bonfim
Pensando bem, Piri lembra Marina, a morena de Caymmi, que não precisa de maquiagem, porque “já é bonita com o que Deus lhe deu”.
O que ver no Centro Histórico de Pirenópolis
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Matriz do Rosário, a igreja mais antiga de Goiás |
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A qualquer hora do dia o sol ilumina a fachada da Matriz |
Um detalhe curioso é que a igreja foi posicionada de tal forma que o sol ilumine sua fachada a qualquer hora do dia.
Igreja do Bonfim
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O cruzeiro do Bonfim |
A bela igrejinha de taipa e linhas sóbrias tem muito mais em comum com a Igreja do Bonfim de Salvador do que o nome e a localização no topo de uma colina. A imagem do Senhor do Bonfim no interior do templo foi trazida da Bahia para Pirenópolis, por um grande grupo de tropeiros, irmanando as duas cidades em uma devoção herdada de Setúbal, em Portugal. As duas igrejas foram inauguradas no mesmo ano, 1754.
Cavalhadas
Cavalhadas
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Edifício reconstruído da antiga Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu das Cavalhadas |
A tradicional encenação das batalhas entre mouros e cristãos é o grande acontecimento da cidade, realizada durante os festejos de Pentecostes (data móvel, 50 dias depois da Páscoa), quando Piri fica abarrotada de visitantes. Mascarados e cavaleiros paramentados com muita pompa se enfrentam pelas ruas da cidade durante três dias, mobilizando toda a população.
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Vestimentas e adornos típicos das Cavalhadas de Pirenópolis |
Casario colonial
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Casinhas brancas e detalhes de todas as cores |
O Centro Histórico de Pirenópolis é um encanto. Pra qualquer lado que a gente caminhe, é difícil não parar em frente a cada uma das casinhas coloniais, geralmente pintadas de branco, com portas e janelas de todas as cores e pequenos detalhes que fazem a festa para o olhar.
Repare nos lambrequins que adornam os telhados, as portas listradas, as escadinhas com gradil colorido que dão acesso a muitas casa (para compensar o relevo irregular da cidade).
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Rua Direita |
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De vez em quando o Século 21 se manifesta em alguma fachada :) |
O conjunto arquitetônico do Século 18 é tombado pelo patrimônio histórico e merece ser explorado com muita calma, no sobe e desce das ladeiras e no entra a sai de ruazinhas sossegadas, algumas ainda com o calçamento irregular de pedras sem polimento.
Se você tiver pouco tempo na cidade, concentre o passeio nas ruas Direita, Aurora e do Bonfim e no entorno da Praça da Matriz.
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Nem tudo é arquitetura colonial em Piri. O Cine Pireneus, na Rua Direita, e essa casinha com símbolos maçônicos são ilustres representantes do estilo art-déco |
Mais sobre Pirenópolis
Ufa! Que banquete, quantas delíicias! Você escreve e fotografa muito bem, Cyntia, na apresentação dos lugares e tempos. Por isso, acho que não vou mais comentar, porque ficaria repetitiva. Mas vou continuar lendo, sim. Obrigada!
ResponderExcluirAh, comenta, Suzana, eu adoro!!!
ExcluirBeijo e obrigada pelos elogios :)