21 de outubro de 2011

Pirenópolis: encanto colonial no coração de Goiás

Matriz do Rosário, Pirenópolis, Goiás
Matriz do Rosário, do Século 18

O Século 18 é meio recente  para o meu gosto, mas tenho que me curvar ao talento da época para a produção de cidades mágicas. Voltar a morar em Brasília me deu de presente a vizinhança com a adorável Pirenópolis, essa perolazinha de 20 mil habitantes na Serra dos Pirineus, em Goiás.

Pirenópolis é uma escapada fácil para quem está na capital federal ou em Goiânia e foi lá que passei o último fim de semana. 

Janela colonial em Pirenópolis, Goiás

Se você gosta de janelas coloniais, prepare-se para passar horas fotografando Pirenópolis


Fachada colonial em Pirenópolis, Goiás

A jornada foi uma joint venture da Fragata Surprise com o Sopão do Tião, blog muito bacana do meu amigo Tião Vicente, do qual sou leitora assídua. O Sopão foi com o time completo: Tião, Rejane, os fofos Bernardo e Cecília e a fiel escudeira Ivone. A Fragata levou o bloquinho e a nova câmera fotográfica, substituta da saudosa Pentax, desaparecida na última mudança (do Rio para Brasília).

Veja as dicas para mergulhar no encanto colonial de Pirenópolis: 


Dicas de Pirenópolis


O engarrafamento na saída de Brasília — a Via Estrutural, que vai do Plano Piloto a Taguatinga e Ceilândia, é infernal nos finais de tarde — nos atrasou um bocado, mas acabou fazendo parte da mágica. Adoro chegar a cidades antigas depois que escurece, pois a noite parece diluir a passagem do tempo.

Pirenópolis — “Piri”, para os íntimos — completou 284 anos no início deste outubro. No sossego da noite de sexta-feira, as janelas que nos veem passar têm os olhos das Minas de Nossa Senhora do Rosário da Meia Ponte, como foi batizada a cidade nascida em 1727, em pleno Ciclo do Ouro.

Pirenópolis á noite

Como toda cidade colonial que se preze, é à luz dos lampiões que Piri mostra mais sua magia


Pirenópolis á noite

Na luz meio reticente dos lampiões, caminhar pelo calçamento de pedras irregulares do Centro Histórico de Pirenópolis tem o gosto daquelas vizinhanças onde se presenteava o morador do lado com bolo de fubá — e o prato nunca era devolvido sem trazer uma provinha de compota de caju ou de doce de banana em rodelas. 

E não é qualquer cidade que pode receber seus visitantes com a lua cheia se derramando na simplicidade majestosa dos traços da Matriz do Rosário.

A riqueza oriunda do garimpo encheu Pirenópolis de belezas. Além da Igreja do Rosário (1732), considerada o edifício mais importante do período colonial em Goiás, Piri tem uma Igreja do Bonfim (1754), nos mesmos traços sóbrios da Matriz e postada sobre uma colina, como sua homônima mais famosa, a de Salvador. 

Brinquedoteca de Pirenópolis
Pirenópolis tem uma brinquedoteca, onde meus companheiros de viagem mais jovens se esbaldaram

As linhas despojadas também se repetiam na Casa de Câmara e Cadeia (1733), como atesta sua réplica, construída em 1919 e que, hoje, abriga o Museu das Cavalhadas.

A cidade mudou de nome no final do Século 19, mas Meia Ponte ainda ecoa nos traços recatados das fachadas. Os poucos adornos são os gradis das escadinhas de acesso às casas centenárias (a cara de Pirenópolis!), os delicados lambrequins que arrematam os telhados. Aqui e ali, uma porta listrada...

Casa colonial típica de Pirenópolis

Essas escadinhas com gradil na entrada das casa é bem típica de Pirenópolis


Casa colonial típica de Pirenópolis

Pensando bem, Piri lembra Marina, a morena de Caymmi, que não precisa de maquiagem, porque “já é bonita com o que Deus lhe deu”.

O que ver no Centro Histórico de Pirenópolis

⭐Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário

Igreja Matriz do Rosário de Pirenópolis

A Matriz do Rosário de Pirenópolis é a igreja mais antiga de todo o estado de Goiás


A igreja mais antiga do estado de Goiás é um dos orgulhos da cidade, um legado do Ciclo do Ouro a Pirenópolis.

A Matriz do Rosário foi inaugurada no começo do Século 18. Tem paredes em taipa de pilão, uma técnica muito difundida na época da Colônia. O interior da igreja tinha uma rica decoração, completamente perdida no incêndio de 2002, um acidente que quase custou a Pirenópolis o seu edifício mais precioso.

Igreja Matriz do Rosário de Pirenópolis

Igreja Matriz do Rosário de Pirenópolis

Um detalhe curioso é que a Matriz do Rosário de Pirenópolis foi posicionada de tal forma que o sol ilumina sua fachada a qualquer hora do dia.

⭐Igreja do Bonfim
Praça do Bonfim s/n

Igreja do Bonfim de Pirenópolis

Como sua homônima mais famosa, a Igreja do Bonfim de Pirenópolis também fica no topo de uma colina


A bela igrejinha de taipa e linhas sóbrias tem muito mais em comum com a Igreja do Bonfim de Salvador do que o nome e a localização no topo de uma colina. 

A imagem do Senhor do Bonfim no interior do templo foi trazida da Bahia para Pirenópolis, por um grande grupo de tropeiros, irmanando as duas cidades em uma devoção herdada de Setúbal, em Portugal. As duas igrejas foram inauguradas no mesmo ano, 1754.

Igreja do Bonfim de Pirenópolis
A Igreja do Bonfim de Pirenópolis fica em uma praça bem sossegada

Igreja do Bonfim de Pirenópolis


⭐Cavalhadas

Casa de Câmara e Cadeia (Museu das Cavalhadas) em Pirenópolis, Goiás

Edifício reconstruído da antiga Casa de Câmara e Cadeia, que hoje abriga o Museu das Cavalhadas


A Cavalhada, encenação das batalhas entre mouros e cristãos herdada da tradição ibérica, é o grande acontecimento cultural de Pirenópolis. 

é um folguedo realizado durante os festejos de Pentecostes (data móvel, 50 dias depois da Páscoa), quando Piri fica abarrotada de visitantes. Mascarados e cavaleiros paramentados com muita pompa se enfrentam pelas ruas da cidade durante três dias, mobilizando toda a população.

Cavalhadas em Pirenópolis, Goiás

Vestimentas e adornos típicos das Cavalhadas de Pirenópolis


⭐Casario colonial de Pirenópolis

Casa colonial em Pirenópolis
Casa colonial em Pirenópolis
A marca de Pirenópolis são as casinhas brancas com detalhes de todas as cores
Patrimônio colonial em Pirenópolis, Goiás
Patrimônio colonial em Pirenópolis, Goiás
Patrimônio colonial em Pirenópolis, Goiás
Patrimônio colonial em Pirenópolis, Goiás

O Centro Histórico de Pirenópolis é um encanto. Pra qualquer lado que a gente caminhe, é difícil não parar em frente a cada uma das casinhas coloniais, geralmente pintadas de branco, com portas e janelas de todas as cores e pequenos detalhes que fazem a festa para o olhar. 

Repare nos lambrequins que adornam os telhados, as portas listradas, as escadinhas com gradil colorido que dão acesso a muitas casa (para compensar o relevo irregular da cidade). 

Rua Direita em Pirenópolis, Goiás
A Rua Direita preserva um casario bem preservado e harmonioso

Protesto em Pirenópolis
O Século 21 comparece com o protesto na fachada do Século 18

Lambrequins em um telhado de Pirenópolis
Os lambrequins, essa espécie de "renda" que adorna os telhados, também são uma marca do casario de Pirenópolis. Fiquei tão encantada que dediquei um post todinho pra eles

O conjunto arquitetônico do Século 18 é tombado pelo patrimônio histórico e merece ser explorado com muita calma, no sobe e desce das ladeiras e no entra a sai de ruazinhas sossegadas, algumas ainda com o calçamento irregular de pedras sem polimento. 

Se você tiver pouco tempo na cidade, concentre o passeio nas ruas Direita, Aurora e do Bonfim e no entorno da Praça da Matriz.

Cine Pireneus de Pirenópolis em art-déco

Nem tudo é Século 18 em Pirenópolis. O Cine Pireneus, na Rua Direita, e essa casinha com símbolos maçônicos são ilustres representantes do estilo art-déco, do início do Século 20


Casa em estilo art-déco em Pirenópolis

Mais sobre Pirenópolis
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2 comentários:

  1. Ufa! Que banquete, quantas delíicias! Você escreve e fotografa muito bem, Cyntia, na apresentação dos lugares e tempos. Por isso, acho que não vou mais comentar, porque ficaria repetitiva. Mas vou continuar lendo, sim. Obrigada!

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    Respostas
    1. Ah, comenta, Suzana, eu adoro!!!
      Beijo e obrigada pelos elogios :)

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