Todo o espaço em branco que ficava dentro do
traçado do Muro de Berlim está sendo ocupado por construções modernas, mudando
a cara do Centro da Cidade. Na imagem, Potsdamer Platz |
Para ser feliz na capital alemã, basta estar lá. Mas se você seguir algumas dessas dicas de Berlim, garanto que vai se divertir um bocado 😀.
Com esse carma, daria para entender se essa fosse uma cidade cinza e melancólica, mas nem a latitude nem as memórias impedem Berlim de ser tão solar e vibrante, uma das minhas cidades preferidas no mundo.
Veja essas dicas de Berlim e aproveite uma das cidades mais interessantes da Europa:
Dicas de Berlim
O escritório fica ao lado da Fernsehturm, a torre de TV da antiga Berlim Oriental. No topo da torre, acessível por elevador, tem um mirante bem bacana.
Recomendo vivamente as óperas, que, ao vivo, têm o poder de envolver e comover mesmo quem não conhece ou não gosta de canto lírico.
Cheque a programação de concertos em Berlim nos jornais e nos sites. Dá para comprar ingressos pela internet e é possível encontrar ingressos mais baratos, para o mesmo dia da apresentação, portanto, vale a pena checar as ofertas direto nas bilheterias.
A política de formação de plateias da Alemanha também assegura descontos generosos para estudantes.
Em Unter den Linden fica a Staatsoper, uma sala muito fofa, do Século 18, com dimensões aconchegantes e sem grandes espalhafatos decorativos. E os preços são camaridíssimos.
Assisti duas apresentações na Staatsoper. A primeira foi um recital do pianista Daniel Baremboim (argentino, diretor artístico da casa) tocando sonatas de Beethoven.
A segunda apresentação que vi na Staatsoper foi a ópera Le Elisir D’Amore, de Donizetti.
Achei um barato a platéia berlinense, capaz de comparecer a um concerto até calçando chinelo com meia, mas que guarda a formalidade para o que realmente importa: um silêncio sepulcral depois que sobem as cortinas.
A Staatsoper fica em Unter den Linden 7. Paguei € 42 por um bom lugar na platéia para a ópera L'Elisir D'Amore. Tinha ingressos mais baratos e mais caros. Mas a emoção não tem preço...
Gosta de música e viagens? Siga o link para mais dicas 😉.
A subida à cúpula do Berliner Dom funciona mais ou menos assim: você sobe uma looooonga escada. Aí sobe mais escadas e, quando está pra morrer, encontra um corredor. Segue o corredor e vê uma placa com uma seta dizendo "Zum Steigen" ("para as escadas").
Aí, você sobe mais escadas e mais escadas, até encontrar outro corredor e outra placa "Zum Steigen". Umas cinco ou seis "Zum Steigen" depois, você está odiando a ideia e se perguntando por que não se contentou com a Torre de TV, que tem elevador.
Mas eu garanto que quando estiver caminhando em torno do telhado da catedral, você vai concordar que a vista lá de cima vale qualquer sacrifício.
⭐Catedral de Berlim (Berliner Dom)
Am Lustgarten (acesso pela Schloßplatz)
O Lustgarten é uma delícia de lugar pra relaxar entre os passeios por Berlim |
Lá estão o Berliner Dom (Catedral), o Altes Museum (Museu Antigo), o Neues Museum (Novo Museu), hoje Museu Egípcio de Berlim, a Alte Nationalgalerie (Galeria Nacional Antiga, dedicada a pintores do Século 19) e o Museu Bode, com um acervo de esculturas, arte antiga e bizantina.
O grande destaque da Ilha dos Museus é o magnífico Museu Pergamon, onde estão diversas peças monumentais pilhadas em escavações, como o Altar de Pérgamo (Ásia Menor, hoje Turquia), o Portão de Ishtar da Babilônia (hoje no Iraque), o Quarto de Alepo (na atual Síria), as Portas do Mercado de Mileto (atual Turquia) e até o teto de uma sala da Alhambra de Granada.
Depois ou antes de ver os museus, aproveite os bancos de jardim espalhados sob as árvores do Lustgarten, desenhados como uma chaise longue, irresistíveis para lagartixar à sombra.Fiquei tão freguesa que ia todas as tardes aos Lustgarten, nas horas mais quentes, ler um livrinho, ouvir música e olhar a vida passar — porque a vida, em Berlim, passa melhor e mais bonita.
Aproveite também as espreguiçadeiras sob a colunata da Altes Museum, que fica ao lado.
Protesto contra a Guerra do Iraque em um edifício de Mitte,
ocupado por estudantes, em 2003. Por trás dessas fachadas, sempre tem uma
surpresa |
Além dos cartões postais famosos (Alexanderplatz, Unter den Linden, a Catedral e a Ilha de Museus), Mitte tem uma intensa "vida alternativa" que pipoca em lojinhas de design, porões animadíssimos e repúblicas de estudantes instaladas em velhos edifícios abandonados durante o grande êxodo de alemães orientais, com a abertura das fronteiras da Hungria e da então Tchecoslováquia, ainda antes da queda do Muro.
Prenzlauer Berg, o vizinho ao Leste de Mitte, parece parece uma cidade do interior hiperdescolada.
Em Mitte e em Preslauer Berg, o melhor é caminhar à toa, deixando sua curiosidade lhe levar a pátios floridos e coalhados de esculturas no interior de vetustos edifícios convertidos em squats (ocupações), descobrindo minúsculos centros culturais que exibem filmes independentes e onde artistas criam, ao vivo, à vista do freguês (não que eles estejam muito preocupados com o sentido comercial da palavra "freguês").
As cruzes representam os mortos na tentativa de atravessar
para a Alemanha Ocidental |
O muro separava famílias, transformava avenidas em becos sem saída e interrompia bruscamente as linhas de metrô e do Schnell-Bahn (o trem de superfície).
O Checkpoint Charlie ("Posto de Controle C) era o mais famosos ponto de passagem entre as duas Berlins, controlado pelos norte-americanos |
Ao ser derrubado, o Muro de Berlim deixou uma cicatriz profunda no traçado urbano.
O muro era duplo, com uma zona morta entre os dois paredões, um terreno inóspito, conquistado graças à demolição de todas os prédios que ficam nesse miolo.
Memorial às Vítimas do Muro de Berlim |
A história do Muro de Berlim — ou melhor, da resistência ao Muro — é contada num museu interessante, Haus am Checkpoint Charlie (“a casa no Checkpoint Charlie”), instalado em frente ao antigo posto de controle militar numa das poucas passagens (fronteiras) entre as duas Berlins, na esquina da Friedrichstraße com a Zimmerstraße.
Ao lado do Checkpoint Charlie está o Memorial do Muro, onde centenas de cruzes lembram os mortos na tentativa de atravessar do Leste para o Oeste, durante a Guerra Fria.
A Gedächtnis-Kirche ladeada pelo moderno campanário e o
novo templo |
Na restauração do templo, Berlim optou por não apagar essas marcas. A torre, devastada pela guerra, continua a mostrar suas feridas, assim como outros restos da Kaiser Wilhelm Gedächtnis-Kirche (Igreja-Memorial do Imperador Guilherme): mosaicos mutilados e restos de vitrais, reduzidos a ferro retorcido.
A visão dessa igreja vale mais do que qualquer manifesto pacifista. Ela funciona como um "museu da insensatez".
O interior da nova igreja-memorial lembra muito o Santuário Dom
Bosco, em Brasília |
⭐Kaiser Wilhelm Gedächtnis-Kirche
Igreja: diariamente, das 10h às 18h. As missas têm trilha sonora de Bach.
O parque/monumento às vítimas do terror nazista foi inaugurado recentemente, num dos muitos espaços vazios que a demolição do Muro de Berlim deixou no centro da cidade.
Apesar de ficar ao ar livre, o Memorial do Holocausto é sufocante. São 19 mil metros quadrados ocupados por blocos de concreto, formando tortuosos corredores, nos quais, aos poucos, a gente vai submergindo.
O declive do terreno, em direção ao centro, faz com que, sem perceber, a gente seja engolfada pelos blocos, cada vez mais altos.
O objetivo do arquiteto Peter Eisenman, autor do projeto do Memorial do Holocausto, é que os visitantes experimentem a sensação de ser engolidos por algo perfeitamente ordenado, mas despido de qualquer humanidade.
Uma construção subterrânea, Ort der Information (“posto de informações”), abriga os nomes das vítimas do Holocausto.
O Reichstag, Parlamento Alemão, está na rota do Ônibus 100 |
Essa linha de ônibus ficou tão famosa que sabe o que a prefeitura de Berlin fez? Não, ela não aumentou o preço da passagem. Ela criou um site para ajudar os turistas a aproveitarem melhor o serviço (as informações, infelizmente, só estão disponíveis em alemão).
A Siegessäule (Coluna da Vitória), de 1873, no centro do parque
Tiergarten, fotografada a bordo do ônibus 100 |
É melhor embarcar no Ônibus 100 em Zoologisches Garten (um dos pontos finais), para poder escolher um lugar bem panorâmico a bordo (o danadinho tem dois andares, já imaginou?).
Rota e horários do Ônibus 100 |
E o melhor: como estamos na Alemanha, o ônibus chega no ponto no horário certinho. Até parece que o bichinho é amestrado. Na verdade, todos os ônibus da Alemanha são "amestrados". Em cada parada, há cartazes indicando quais as linhas que fazem ponto ali, a que horas passam e qual o itinerário que farão. Acredite, eles cumprem a agenda direitinho.
O melhor lugar para pegar o Ônibus 100 é a estação de trem e metrô de Zoologischer Garten (pertinho da KuDamm, no lado Oeste), onde ele inicia a jornada -- se for o primeiro a entrar, corra para pegar lugar na primeira fila do segundo andar.
O Ônibus 100 segue até Alexanderplatz, em Mitte, o ponto final, no coração da ex-Berlin Oriental.
No caminho, dá para visitar o Memorial do Muro de Berlin, o Bundestag (Parlamento) os Hackescher Höfe (conjunto de lojas, cafés e restaurantes), o Checkpoint Charlie (antigo posto de fronteira entre as duas Berlins) e mais um monte de coisas.
A passagem no transporte público de Berlim, em agosto de 2024, custa € 3,50 para as zonas A e B (tarifa reduzida para estudantes de € 2,20). A Tageskarte custa € 9,90 (reduzida, € 6,50). O passe para uma semana custa € 42,50.
Vende de automóveis a temperos exóticos, passando por todas as grifes do alfabeto. Fui lá só para comprar um relógio (eu simplesmente não aguentava mais sair do hotel às sete da manhã, apenas por não saber que era tão cedo) e parar de adivinhar as horas. O diabo é que eu sou uma shopholic em recuperação que precisa de vigilância permanente.
Mal escolhi e paguei um reloginho simpático (um Swatch, a 60 Euros), lá estava eu, diante de um balcão de ostras vivas, experimentando as diversas variedades (irlandesas, do Báltico, da Bretanha...). Tudo com muito champanhe, cujas borbulhas desinibiram meu consumismo.
Dei até sorte: naquele assanhamento, era capaz de tentar comprar um Porsche, mas contentei-me em fazer a feira no setor de chocolates (Godiva em promoção: € 0,75 as barrinhas de 50 gramas. Mais de um mês depois, o estoque ainda existia).
⭐KaDeWe
Tauentzienstrasse nº 21. A estação de metrô Wittenbergplatz fica quase em frente.
Horários: segundas, terças e quintas, das 10h às 20h. Sextas, das 10h às 21h, sábados das 9h30 às 21h. Fecha às quartas e aos domingos.
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Olà Cyntia!
ResponderExcluirObrigada por compartilhar essas dicas sobre Berlim. Estou indo para là na pròxima sexta-feira e vou passar 4 dias, um fim de semana prolongado. Adoro seu blog e para mim essas dicas sao preciosas!
Um abraço,
Patricia
Obrigada, Patrícia
ExcluirCyntia, torço e rezo para pegar dias com este céu que vc pegou! Lindas fotos e ótimas dicas como sempre! Beijinhos
ResponderExcluirTambém estou na torcida, Nivia: que vc encontre um céu bem azul em Berlim. Beijo e aproveite muito essa cidade querida!
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