22 de junho de 2005

O que fazer em Berlim


Potsdamer Platz, Berlim
Rosa Luxemburgo retratada em um resto do Muro de Berlim, em Potsdamer Platz: "Eu sou uma terrorista" (Ich bin eine Terroristin)

Atualizado em março de 2019

Antes de você começar a ler este post, aviso: sou totalmente parcial e descabeladamente apaixonada por Berlim.

Desde a primeira vez que pisei na cidade, em 2003, tive a clara sensação de estar chegando em casa, assim que arriei a mochila na plataforma da Ostbanhoff (a estação de trem do lado Leste da cidade).

Em 2005, reservei uma semana para explorar os encantos de Berlim e continuo achando que a cidade ainda renderia muito mais tempo de descobertas deliciosas. 


"Boas meninas vão para o céu. Meninas más vão para Berlim"
Boas meninas vão para o céu. Meninas más vão para Berlim. 
E que sorte têm as meninas más!

Berlim tem história (das mais movimentadas da Europa), arquitetura de todas as épocas, museus arrebatadores e um astral imbatível: das cidades que eu conheço, ela está no topo do ranking da diversão, modernidade e simpatia.

Neste post eu listei algumas atrações em Berlim que viraram as minhas favoritas. Bora passear comigo?

Leia também: O que fazer em Berlim e como aproveitar a cidade

Atrações e dicas de Berlim



Alexanderplatz vista da Torre de TV de Berlim
Alexanderplatz, o coração de Berlim
(Foto: Bjarki Sigursveinsson/ Wikimedia Commons)

⭐Alexanderplatz
Chegando de trem ou de avião a Berlim, minha primeira parada será sempre Alexanderplatz. Ostbanhoff fica ali do ladinho e o ônibus que vem do Aeroporto de Tegel também tem ponto final nessa praça.

Pra mim, Alexanderplatz ainda é a cara mais explícita de Berlim, símbolo de um período criativo, boêmio e luminoso, encerrado pela ascensão do nazismo, em 1933, mas que marcou profundamente a cidade como polo inovador e transgressor.

A praça sofreu profundas modificações durante os anos da DDR — ela ficou do lado Oriental, na divisão da cidade — e ganhou aquele visual de “futurismo retrô” que é onipresente na estética da finada Alemanha comunista e que eu acho uma delícia.

Alexanderplatz não é bonita, mas é pura história.

Rotes Rathaus, sede da Prefeitura de Berlim
Rotes Rathaus, sede da Prefeitura de Berlim
(Foto de Andreas Steinhoff/ Wikimedia Commons)

⭐ Rotes Rathaus
Rathausstraße 15, Mitte

Pertinho da Alexanderplatz está a Rotes Rathaus. O apelido de Prefeitura Vermelha vem da cor dos tijolos de sua fachada, não dos comunistas.

É um edifício bonito, com traços meio góticos-fantasmagóricas que não deixa de lembrar o Edifício Dakota, onde Lennon morava, em Nova York.

A Rotes Rathaus ainda é a sede da prefeitura da cidade de Berlim e sede do Senado do Estado de Berlim. Foi construída em meados do Século 19 e teve que ser praticamente reconstruída após os bombardeios que sofreu durante a II Guerra.


Durante o período da separação da Alemanha (1945-1990), o edifício ficou do lado Oriental.

Nikolaiviertel, quarteirão medieval reconstruído no Centro de Berlim
Nikolaiviertel, o "Pelourinho" de Berlim

⭐Nikolaiviertel
Esse pedacinho da cidade que ainda é um mistério pra mim: jamais consegui decifrar se amo ou odeio Nikolaiviertel, o Pelourinho local.

Contra a área pesa sua declarada condição de cidade cenográfica — suas construções "medievais” foram erguidas a partir dos Anos 50, sobre terrenos completamente arrasados pelos bombardeios que reduziram a cidade a escombros, nos últimos momentos da Segunda Guerra.

Mas Nikolaiviertel tem torres pontudas, campanários e fachadas que lembram a casa da bruxa de Joãozinho e Maria e, aos pouquinhos, vai entrando no coração da gente, apelando para memórias e carinhos antigos.

O mais curioso é que nas minhas duas visitas a Berlim, calhou de ser lua cheia logo na primeira noite na cidade e não há quem resista àquele céu cortado pela silhueta da Igreja de São Nicolau (Nikolaikirche), que dá nome ao bairro, pacientemente reconstruída após o estrago das bombas aliadas.

Portão de Brandemburgo, Berlim
A Brandenburger Tor acabou virando símbolo da reunificação alemã

⭐Unter den Linden e a Brandemburger Tor (Porta de Brandemburgo)
Devem ser raras as ruas do mundo que tenham nomes mais poéticos que Unter den Linden (“Sob as Tílias). Essa alameda de Berlim é quase um resumo da história da cidade. Desde a pujança da capital no esplendor do Império Prussiano até a euforia da Reunificação Alemã, os grandes acontecimentos da vida do país passaram por lá.

Ao longo de apenas 1 quilômetro — do antigo Palácio Real (Stadtschloss) até a Brandemburger Tor— Unter den Linden desfila para o visitante ícones das artes, como a Staatsoper (o teatro de ópera), símbolos do poder prussiano, como a Zeughaus (antigo arsenal), embaixadas onde era urdida a Guerra Fria, como a da antiga União Soviética, e célebres pontos de encontro dos comandantes nazistas, como o Hotel Adlon.

Unter den Linden
Unter den Linden retratada em 1853 pelo berlinense Eduard Gaertner. A obra atualmente está no acervo do Museu de Arte de Winterthur, Suíça
O ponto culminante de uma rua tão simbólica como Unter den Linden não poderia ser outro que não a Porta de Bandemburgo, um arco do triunfo do Século 18.

Antes de ganhar as feições grandiosas que a celebrizaram como cartão postal, o que havia no local da Porta de Brandemburgo era um prosaico portão de acesso à cidade.

A construção monumental, decidida no bojo de um projeto de modernização de Berlim, foi inaugurada em 1791 como uma passagem chique para o rei da Prússia ir passear no Tiergarten, que fica do outro lado da porta. 

Apesar desse início de vida tão bucólico, a história da Porta de Brandemburgo está profundamente ligada a momentos dramáticos da vida alemã, como a entrada das tropas de Napoleão em Berlim, em 1806, ou a divisão da cidade, após a II Guerra (a porta ficou ensanduichada pelo Muro de Berlim).

Até por tudo isso, hoje a Porta de Brandemburgo, restaurada e sem cercas, é o símbolo maior da Reunificação da Alemanha.

Ícones da Ostalgie
Eu sou daquelas que sofre de Ostalgie — trocadilho com as palavras Ost (“Leste”) e nostalgie, para descrever a saudade da Alemanha Oriental.

Adoro ver os monstrengos arquitetônicos traçados durante o regime comunista — são feios, mas têm charme.

Um desses monstrengos era o Palast der Republik (Palácio da República), na antiga Marx-Engels-Platz (que retomou seu nome original de Schloßplatz, ou "Praça do Palácio).

O Palast der Republik edifício foi a sede do Volkskammer, o Parlamento da DDR (a Alemanha Oriental). Foi demolido em 2006, depois de passar muito tempo interditado por conta das quantidades absurdas de amianto, substância cancerígena, usada em sua construção.

Era um prédio tão horroroso que, pra mim, virou cult (comigo, funciona com filmes também: Rambo 2- A Missão, é tão ruim que eu acho uma obra prima).

Monumento a Marx e Engels em Mitte, Berlim
Marx e Engels, com o monstrengo do Palast der Republik ao fundo

Onde se hospedar em Berlim

➡️Hospedagem em Lichtenberg
Gosto de me hospedar do Lado Leste de Berlim. Na viagem de 2005, fiquei em Lichtenberg, um bairro muito antigo (sua origem é uma vila do Século 13), a cerca de 6 km de Alexanderplatz.

Lichtenberg virou bairro de Berlim no Século 19 e ainda mantém a pegada de área bem residencial, com edifícios antigos, daqueles que ainda têm pátio interno para a parada das carruagens e uma tremenda cara de cidade do interior. É uma ótima opção de hospedagem barata.

No bairro fica a estação de Schnellbahn (S-Bahn) Nöldnerplatz, a quatro paradas de Alexanderplatz.

Hospedagem em Berlim, Pension zum Lichtenberger, bairro de Lichtenberg
Pension zum Lichtenberger: a pechincha da viagem

Além da tranquilidade (acordava todo dia com o canto dos passarinhos), adorei a sensação de rotina familiar que é tomar café da manhã na padaria (no caso, o Cafe-Backerei Caramel, do ladinho da pousada). Nada como começar o dia com uma xícara de chocolate e uma fatia de cuca, cercada por  moradores do bairro que leem o jornal, antes de pegar o S-Bahnn para o Centro.

Fiquei hospedada na Pension zum Lichtenberger (Emanuelstraße 4, Lichtenberg). Essa pousada foi a pechincha dos meus quse 50 dias de viagem pela Europa: diárias de € 25 para um quarto gigantesco, com uma adorável "varanda"-- na verdade, a larga e espaçosa plataforma da escada de incêndio--, debruçada sobre um pátio interno arborizado, banheiro privativo, TV e muito silêncio.

O prédio é antigo, do Século 19, pelo menos, e não tem elevador. Dei uma olhada no Booking (em fevereiro de 2019) e verifiquei que a Pension zum Lichtenberger ainda existe e está cobrando diárias na casa dos € 40 para ocupação single.

Meu apartamento ficava no 4º andar e o edifício não tem elevador.

Oberbaumbrücke (Ponte Oberbaum), Berlim
A Oberbaumbrücke, cartão postal do lado Leste de Berlim
(Foto: Sarah Le Clerc/ Wikimedia Commons)

➡️Hospedagem em Friedrichshain
Outro lugar bacana onde me hospedei em Berlim foi o East-Side Hotel (Mühlenstrasse 6), em Friedrichshain.

O hotel fica a três quadras da estação de S-Bahnn de Warschauerstraße e da bela Oberbaumbrücke (Ponte Oberbaum), uma das imagens mais famosas do lado Leste de Berlim.

East Side Gallery, Berlim
A vista do East Side Hotel: a Oberbaumbrücke e o trecho preservado do Muro de Berlim chamado East Side Gallery. À direita, um quarto do hotel
Quando fiquei lá, em 2003, as diárias do East Side Hotel eram de € 50 no single para quartos bem espaçoso, com banheiro privativo.

No térreo do hotel, o bar era uma farra: trilha sonora maneiríssima e um balcão onde, certa noite, tive a impressão de que todos os roqueiros meio velhos e bem malucos de Berlin estavam debruçados e eu tomei as sete doses de Metaxa (meu brandy grego preferido) mais baratas da minha vida.

O hotel fica bem em frente a um trecho preservado do Muro de Berlim, com grafites bem bacaninhas.

Comer em Berlim, restaurante Zum Nußbaum, em Nikolaiviertel
Zum Nußbaum: estalagem com 500 anos de história e ótima comida
(Foto de Leif Jørgensen/ Wikimedia Commons)

Onde comer em Berlim

⭐Zum Nußbaum
Am Nußbaum nº 3, Nikolaiviertel, nos fundos da Nikolaikirche

O restaurante pertence a uma estalagem com 500 anos de idade e é um dos melhores lugares para experimentar comida caseira alemã, por preços pra lá de baratos.

O atendimento é simpático e informal (informalidade germânica, bem entendido) e as porções são pantagruélicas.

Jantei muitíssimo bem no Zum Nußbaum por inacreditáveis € 12. Descobri porque a personagem de Adeus Lenin gosta tanto de pepinos Spreewald (não, os pepinos não eram desta marca, mas era no mesmo estilo). Meu Kassler (porco defumado) veio acompanhado de batatas, chucrute e deliciosos pepinos em conserva, coisa que jamais imaginei provar, mas amei de paixão.

De sobremesa, uma cuca de ameixa simplesmente inesquecível.

Igreja de São Nicolau (Nikolaikirche), a mais antiga de Berlim
Campanário da Nikolaikirche, com a Torre de TV ao fundo. A igreja, do Século 13, é a mais antiga de Berlim

No verão berlinense, foi delicioso sentar ao ar livre, sob a lua cheia, ao lado da famosa nogueira que dá nome ao lugar (Zum Nußbaum, significa "diante" ou "ao lado da nogueira"), olhando a torre da velha Igreja de São Nicolau (Nikolaikirche).

A única coisa que perturbou minha refeição no Zum Nußbaum foi a derrota da Seleção Brasileira, por 1 x 0 para o México, pela Copa das Confederações (de 2005), que estava acontecendo na Alemanha. Pior que o placar foi a explícita felicidade do garçom, ao me dar a notícia.

Comer em Berlim, restaurante Bocca di Bacco, Mitte
Bocca di Bacco: jantei como uma princesa

⭐Bocca di Baco
Friedrichstraße 167, Mitte

Descobri esse restaurante por acaso, saindo da Staatsoper, em Unter den Linden. O lugar é tão bomito (e eu estava com a alma no 20º andar, depois da ópera), que resolvi experimentar.

O resultado foi que comi como uma princesa: carpaccio de polvo de entrada, pasta à carbonara e crème brûlée de limão, na sobremesa. Com vinho, limoncello e tudo a que eu tinha direito. A conta deu cerca de € 35.

Para saber mais
Passeios bacanas em Berlim
Os museus mais legais de Berlim



A Alemanha na Fragata Surprise
Dresden
Lübeck

A Europa na Fragata Surprise


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