O cozido do Mini Cacique é um patrimônio de Salvador |
Atualização: infelizmente, após 46 anos de funcionamento, o velho Mini Cacique sucumbiu. O restaurante de tanta tradição e alegres almoços foi fechado no final de 2020. O post permanece aqui no blog como homenagem ao Mini Cacique e outros resistentes do Centro Antigo de Salvador.
O Centro Antigo de Salvador é um fenômeno. Negligenciado, fora de moda e maltratado, consegue preservar algumas pérolas da tradição baiana, seja em pedra e cal, personagens ou sabores. É o caso do precioso Restaurante Mini Cacique, um dos velhos resistentes da boa mesa ainda de pé na cidade.
Se você gosta de comida saborosa, farta e a preços honestíssimos, precisa colocar o Mini Cacique na sua agenda — ele combina muito bem com um passeio pelo Centro Histórico e Pelourinho. Basta uma caminhadinha de 600 metros, descendo a Rua Chile, partindo do Elevador Lacerda.
A grande estrela da casa é o cozido, servido no almoço das quintas-feiras. A Fragata foi lá conferir esse patrimônio histórico de Salvador. E quase que o post não sai, de tanto que o nosso colunista de gastronomia, Bruno Santana, se esbaldou nas delícias do Mini Cacique 😉.
Mini Cacique, um microssomo do Centro Antigo de Salvador
por Bruno Santana
Se você gosta de comida saborosa, farta e a preços honestíssimos, precisa colocar o Mini Cacique na sua agenda — ele combina muito bem com um passeio pelo Centro Histórico e Pelourinho. Basta uma caminhadinha de 600 metros, descendo a Rua Chile, partindo do Elevador Lacerda.
A grande estrela da casa é o cozido, servido no almoço das quintas-feiras. A Fragata foi lá conferir esse patrimônio histórico de Salvador. E quase que o post não sai, de tanto que o nosso colunista de gastronomia, Bruno Santana, se esbaldou nas delícias do Mini Cacique 😉.
Comer em Salvador: Mini Cacique
O restaurante fica a apenas 600 metros dessa vista maravilhosa |
por Bruno Santana
Assim, temos no antigo coração da cidade uma mera sombra da sua forma de outrora; alarmantemente suja e mal-cuidada, porém não menos fascinante. E quase sempre melancólica. Mas nem toda melancolia deve ser evitada. Especialmente quando for acompanhada de um bom prato de comida.
É aqui que entra o Mini Cacique. Localizado atrás da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, numa rua paralela à lendária Rua Chile (onde há cerca de um ano foi reinaugurado, lindo e chique, o tradicional Palace Hotel) e pertinho da Praça Castro Alves, o restaurante é uma verdadeira instituição gastronômica baiana, embora dispense toda a pompa geralmente associada ao título. O lugar é discreto, honesto e acolhedor.
Suas origens remontam ao antigo restaurante Cacique, que reinou elegante e badalado no estacionamento do antigo Cine Guarany (hoje, Espaço Itaú Glauber Rocha), ali ao lado, até o fim da década de 60. Infelizmente, dois incêndios deram cabo do Cacique e ele foi fechado.
Meu singelo pratinho de cozido |
Suas origens remontam ao antigo restaurante Cacique, que reinou elegante e badalado no estacionamento do antigo Cine Guarany (hoje, Espaço Itaú Glauber Rocha), ali ao lado, até o fim da década de 60. Infelizmente, dois incêndios deram cabo do Cacique e ele foi fechado.
Foi então que o gerente do velho restaurante, o descendente de espanhóis Luis Martinez Esteves, resolveu continuar a tradição em novo espaço — e assim o faz desde então, há 43 anos, com sua esposa Caline Sena e mais quatro mulheres, todas cozinheiras de mão cheia.
Foram Luis e Caline que transformaram a típica casa do Centro Antigo em restaurante, preservando parcialmente a separação de ambientes e criando um espaço acolhedor, decorado por uma infinidade de quadros com todas as temáticas e estilos possíveis — e na parte de trás, para coroar, a varanda oferece uma bela vista da Barroquinha.
Atendimento acolhedor e cara de casa de amigos |
O atendimento acolhedor do Mini Cacique faz com que você se sinta um velho amigo de todos no ambiente. A atmosfera relaxada, frequentada basicamente por trabalhadores da região e pessoas que parecem estar chegando em casa, após um longo dia de serviço, só contribui para essa reconfortante impressão.
O cardápio do Mini Cacique tem alguns itens servidos todos os dias, mas as especialidades da casa são servidas especificamente em diferentes dias da semana — na sexta-feira, por exemplo, temos vários exemplares da comida baiana, como moquecas de peixe e camarão ou xinxim de galinha.
O cardápio do Mini Cacique tem alguns itens servidos todos os dias, mas as especialidades da casa são servidas especificamente em diferentes dias da semana — na sexta-feira, por exemplo, temos vários exemplares da comida baiana, como moquecas de peixe e camarão ou xinxim de galinha.
A varanda do Mini Cacique tem vista para o histórico bairro da Barroquinha |
Vejam bem: eu não sou especialista em muitas coisas nessa vida, mas creio ser qualificado o suficiente para apresentar-me como um entusiasta de (provar) cozidos. E este servido no Mini Cacique está, sem dúvida, entre os melhores que já comi.
O pirão perfeitamente temperado e na concentração certa de sabor, a seleção exata de vegetais (batata, abóbora, jiló, maxixe, chuchu, aipim e quiabo) e a quantidade certa de carnes, com partes do boi e do porco, tudo saborosíssimo e (coisa difícil em se tratando de cozidos) no ponto exato do sal. Meu pai, Marcelo, que me acompanhava — e outro grande especialista em cozidos —, compartilhou da mesma opinião.
Apesar de satisfeitos com o prato principal, ainda arranjamos espaço para provar uma das minhas sobremesas preferidas na vida: o doce de banana, na sua versão tipicamente baiana — com rodelas inteiras e macias, num tom sensual de roxo após horas de cozimento com o açúcar, e um leve sabor de cravo e canela. Veredito: absolutamente fenomenal.
No fim, pagamos, na refeição para duas pessoas com uma Coca-Cola, R$52 (o cozido, que serve dois, custa honestos R$40).
Doce de banana de rodinha: como disse o poeta, "a Bahia tem um jeito..." |
No fim, pagamos, na refeição para duas pessoas com uma Coca-Cola, R$52 (o cozido, que serve dois, custa honestos R$40).
Já valeria a pena uma visita se o restaurante consistisse apenas nessa excelente comida por um ótimo preço, mas uma ida ao Mini Cacique envolve muito mais que isso.
É uma forma de sentir, ainda que brevemente, um clima que não existe mais em Salvador e, principalmente, no antigo Centro; como se assumisse o papel de uma câmara hermética e capturasse os ares de um tempo perdido, a casa é um convite à nostalgia — até mesmo daqueles que, como eu, não viveram aqueles tempos. Neste sentido, o Mini Cacique é quase mágica.
Restaurante Mini Cacique
Rua Ruy Barbosa, 29, Centro. De segunda a sexta, das 11h30 às 15h30.
(Dica importante: se puder, evite ir de carro. Estacionar nas redondezas está se provando uma tarefa cada vez mais difícil e/ou cara.)
É uma forma de sentir, ainda que brevemente, um clima que não existe mais em Salvador e, principalmente, no antigo Centro; como se assumisse o papel de uma câmara hermética e capturasse os ares de um tempo perdido, a casa é um convite à nostalgia — até mesmo daqueles que, como eu, não viveram aqueles tempos. Neste sentido, o Mini Cacique é quase mágica.
Restaurante Mini Cacique
Rua Ruy Barbosa, 29, Centro. De segunda a sexta, das 11h30 às 15h30.
(Dica importante: se puder, evite ir de carro. Estacionar nas redondezas está se provando uma tarefa cada vez mais difícil e/ou cara.)
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O último do centro história.
ResponderExcluirExcelente comida, atendimento, ambiente... O senhor deveria voltar para provar o pão da padaria do Elevador ,Lacerda, a cachaça, de Ubaíra com limao e a Paella.