Jacaré no Pantanal: a paisagem é linda, mas quem arrasa
mesmo é a bicharada |
É impossível ficar imune à maravilha da diversidade da fauna pantaneira. Nem urbanoides como eu resistem a tantos bichinhos fofos. Se você quer saber o que ver no Pantanal, aponte seu olhar e câmera para eles: tem biguás, capivaras, andorinhas, curicacas, jacarés, carcarás, garças, tuiuiús...
Uma verdadeira festa
Eu não fiz concurso de bicho pantaneiro favorito, não. Mas reconheço uma certa parcialidade em favor dos biguás |
Andorinhas pantaneiras ensaiando o Samba de Uma Nota Só |
Desta vez, resolvi fazer uma imersão, com o perdão do trocadilho (risos) de cinco dias por lá, sonhando com o sossego à beira da piscina, livrinhos e eventuais incursões para ver a bicharada.
Elegantíssima, esta capivara bancava a Esther Williams nas
águas do Rio Pixaim |
Mesmo quando eu guardava o equipamento, decidida a ficar na piscina só com o nariz pra fora d’água (santo remédio para calor e mosquitos), os bichos pantaneiros vinham posar pra as fotos.
Foi o caso da curicaca que pousou no coqueiro que sombreava o meu cantinho da piscina e cantou até que eu reassumisse a minha porção dominante nesses feriados de Carnaval, que era a de paparazza de bichos do Pantanal.
A curicaca não descansou enquanto não foi clicada para a
Fragata |
A única que fez forfait foi dona onça, a figurinha que ficou faltando para completar o meu álbum 😊.
Esta iguana quase escapa das lentes da Fragata, de tão
integrada ao cenário |
A paisagem alagada do Pantanal tem um efeito meio hipnótico |
Uma cobra sorrateira, mas danada de elegante |
O que ver no Pantanal
Os biguás ou mergulhões são uns bichinhos assanhados que estão por toda parte, no Pantanal. Lembram Patolino, amigo do coelho Pernalonga. Pra onde a gente olha, lá está uma biguá, nadando, mergulhando ou curtindo o solzinho para secar as penas.
O biguá precisa secar as penas ao sol para poder voar alto |
Essa espécie meio prima dos patos, mas com o bico afilado e pescoço longo, quase de cisne, é exímia pescadora e tem sempre a plumagem negra.
Quando encontrar um biguá fazendo pose ao sol, com as asas abertas, saiba que eles fazem isso pra se secar, já que não têm a glândula que secreta substâncias "impermeabilizantes", característica de outras espécies aparentadas.
Com as penas molhadas, os biguás não podem voar alto e alcançar a copa das árvores, virando presa fácil para seus predadores.
As capivaras são figurinhas fáceis de avistar no pantanal.
Andam em bandos e não fazem cerimônias para se aproximar da “civilização” |
As capivaras maiores podem passar dos 90 quilos e dos 60 centímetros de altura. Costumam ser mansas, mas ariscas.
Toda vez que eu me aproximava com a câmera do grupo de capivaras que frequentava o hotel, a "chefe" do bando fazia um som semelhante a um latido e a turma inteira se afastava alguns metros, continuando, depois, a pastar calmamente.
Carcará: ô, bicho imponente! |
Apesar da fama de "pega, mata e come", os carcarás que apareciam no terreiro do hotel pareciam quase dóceis |
Nas quadras residenciais do Plano Piloto, em Brasília, não é raro encontrar carcarás ciscando, na época das cigarras (o fim da seca). Eu mesma já cliquei alguns (estão lá no Instagram da Fragata) na minha #vidadepedestre.
Encontrar um carcará no meio do mato também não é motivo para pânico. Este até ficou quietinho para ser fotografado |
Que coisas mais fofas, esses filhotes de carcará |
Na região onde fiquei hospedada, alguns carcarás estão meio adestrados pelos guias turísticos e até fazem evoluções, na expectativa de ganhar um peixinho.
Não concordo com essa interferência, que é prejudicial aos bichos, mas a prática faz sucesso entre os turistas.
300 anos de adaptação geraram a raça dos cavalos pantaneiros |
Se for ser rigorosa, não dá para dizer que o cavalo faça parte da fauna nativa do Pantanal. Depois de quase três séculos de presença na área, porém, os descendentes dos cavalos trazidos pelos colonizadores já desenvolveram características peculiares, a ponto de serem considerados uma raça específica, fundamental na lida do gado, principal atividade econômica da região.
O que me importa, mesmo, é que os cavalos pantaneiros ficam lindos na paisagem. Esse da foto, por exemplo, fez tanta pose para as câmeras que parecia ter sido treinado para isso.
Em matéria de elegância, ninguém ganha das garças |
Como é belo o gavião-belo |
Esse bichinho não é belo só no nome, não. Bem que eu tentei, mas não consegui registrar o espetáculo do voo dos muitos gaviões-belos que apareciam diariamente nas margens do Rio Pixaim.
Pra minha sorte, eles também curtem ficar quietinhos, geralmente no topo das copas das árvores mais altas, observando a paisagem, com a majestade de quem manda no pedaço.
É sempre empolgante avistar um jacaré |
Tão pensativo, o bichinho... |
As fotos do macaquinho não ficaram legais, e nem podiam. Eu estava dormindo, de manhã cedinho, quando minha mãe veio me chamar para ver o bichinho na copa de uma das árvores do hotel.
Catei a máquina fotográfica e corri, de pijama mesmo, para registrar a ilustre presença. A lente da câmera, claro, embaçou, no choque térmico de quem sai do ar condicionado para os 30 graus do lado de fora.
Mas o olhar melancólico desse bichinho não tem nada de embaçado. Sei lá por que, me lembrou Juliette Greco, a musa existencialista...
O martim-pescador é uma ave muito arisca e foi uma canseira pra
conseguir fotografar o bichinho |
As maritacas estavam em época de acasalamento e quase sempre
estão carregando um galhinho no bico, para fazer ninho |
Eu já tinha me conformado em voltar do Pantanal sem nenhuma foto decente de um martim-pescador, quando os bichinhos resolveram desacelerar e permitir cliques que não saíssem tremidos.
Eles são tremendamente ariscos, velozes e de uma agilidade impressionante. Mal a gente os vê e eles já batem asas. Como diz o nome, são pescadores competentíssimos.
As maritacas também conspiraram para que eu não completasse o álbum, outras bichinhas ariscas. Essa estava descansando na beira da estrada e, talvez distraída, acabou permitindo a foto.
Cada canário mais lindo que aparecia |
Também apareciam grupos de cardeais |
O belo passarinho joão-pinto é está sempre ameaçado por caçadores |
Entre as dezenas de bichinhos que cruzaram o meu caminho, eu babava com a beleza dos cardeais, esses bichinhos tricolores, com a cabeça vermelha, dos muitos canarinhos e com o fantástico joão-pinto, um esplendor em laranja e preto.
Esse pássaro adorável, infelizmente, é muito cobiçado por colecionadores, que pagam altos preços por cada espécime, estimulando a captura e o tráfico.
É o cara! O Tuiuiú é a ave símbolo do Pantanal |
Eles estavam bem sumidos, mas é claro que eu não ia me conformar de ir embora sem encontrar um tuiuiú, a ave símbolo do Pantanal. Fevereiro não é uma época boa para avistá-los, mas, num esforço de reportagem, consegui encontrar quatro deles. Esse foi o mais disciplinado na hora da foto 😊.
Minha maior emoção nesta viagem foi dar de cara com um jovem veado pantaneiro. Eu estava estalqueando um bando de capivaras e servindo de banquete para os mosquitos, no meu último final de tarde no Pantanal, quando ele apareceu no visor da câmera, entre assustado e curioso.
Fiquei de lama até quase os joelhos, tentando chegar mais perto, sem sucesso. Finalmente, encontrei um sujeito com boa-vontade de posar para a Fragata, na beira da estrada, indo embora do Pantanal.
É um rapaz mais crescido, com galhada, e cheio de atitude, do tipo que faz carão para tirar foto. Quase que dou meia volta e fico para mais cinco dias por lá 😊.
Mais sobre o Pantanal
Dicas praticas para até os urbanoides curtirem esse patrimônio do Brasil
Que incrível!
ResponderExcluirEspero uma hora conhecer o pantanal tb!
bjbj
www.stheontheroad.com.br
Vale a pena. É um mundo diferente e bem especial, Stephania :)
ExcluirLegal! Eu nunca fui de achar graça em bicho nenhum até fazer um safári na África do Sul e ver aquele monte de animal "esquisito" ao vivo!!! É muito legal! http://taindopraonde.blogspot.com.br/search/label/saf%C3%A1ri
ResponderExcluirEu sou muito urbana, Fernanda, também não acho muita graça em ficar vendo bicho, mas tem lugares, tipo o Pantanal, que me deixam vidrada. Adorei e recomendo :)
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