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Os Cliffs of Moher valem mais do que uma viagem: vale a pena
estar viva só pra olhar esses penhascos |
Minha primeira lembrança dos Cliffs of Moher vem do belo filme A Filha de Ryan (1970), de David Lean, franco favorito ao título de cineasta mais citado neste blog.
Desde uma remota noite dos anos 80, quando vi a beleza daquelas escarpas na tela de um cineclube universitário, a Irlanda passou a ocupar um lugar muito especial na minha lista de desejos.
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Antes de chegar às falésias, nosso passeio fez uma parada no vilarejo de Doolin para uma contemplação à distância da paisagem |
Veja como foi meu encontro cara a cara com os Cliffs of Moher:
Vista aos Cliffs of Moher, Irlanda
Os Cliffs of Moher são possivelmente a paisagem mais famosa da Irlanda. E não é pra menos: as falésias formam uma daquelas paisagens que justificam muito mais que uma viagem, mas talvez a vida inteira.
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Sei lá qual é a mágica, mas parece a coisa mais natural do
mundo sentar na beirinha do abismo para ver a paisagem |
Como não estava disposta a dirigir na Irlanda, por causa da mão inglesa, fui aos Cliffs of Moher com um tour da Irish Rail, a companhia ferroviária irlandesa.
A viagem combina deslocamentos de trem e de ônibus e, além das falésias, leva os visitantes ao Castelo de Bunratty, pertinho de Limerick, e para uma também hipnótica travessia do Burren, com seu fantástico solo de rocha calcária que sugere uma paisagem lunar, só que com uma flora extremamente rica.
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Nosso passeio aos Cliffs of Moher também teve paradas no Castelo de Bunratty, em Limerick (no alto) e no peculiaríssimo Burren (acima) |
Na entrada do parque dos Cliffs of Moher há um centro de visitantes com a infraestrutura básica, tipo banheiros, lanchonete e um auditório que exibe um audiovisual sobre o lugar.
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Quando a gente consegue dar as costas para os Cliffs of
Moher, dá de cara com vaquinhas fofas e a paisagem típica da Irlanda rural |
Caminhando para o Norte do centro de visitantes, uma trilha leva até à Torre O’Brien, estrutura construída no Século 19 para que os turistas de então tivessem algum conforto na contemplação da paisagem.
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Essa agulha de pedra que emerge das águas chama-se Branaunmore e serve de berçário a várias espécies de aves |
Demos uma sorte incrível na visita aos Cliffs of Moher, pois pegamos um dia de sol intenso, céu azul imaculado, sem chuviscos, sem bruma e com vento moderado.
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O grande barato da visita aos Cliffs of Moher é caminhar na
beira do abismo. Vá preparada, portanto |
Graças à colaboração de São Pedro, pude parar na beira do abismo das Falésias de Moher e contemplar a silhueta da Baía de Galway, do outro lado do mar, um encanto a mais em uma paisagem que não precisa de retoques.
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No Centro de Visitantes dos Cliffs of Moher há lanchonete,
banheiros e outros equipamentos |
Mas quem vai aos Cliffs precisa estar preparado para as variações de humor do temperamental clima irlandês.
Também é importante levar um bom agasalho (clima da Irlanda, sabe como é...) e calçados com solado antiderrapante. Nunca é demais lembrar que o grande barato, nos Cliffs of Moher é caminhar na beira do abismo. Todo cuidado é pouco, portanto.
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O Burren é um "deserto fértil" |
À primeira vista, o Burren parece um deserto de calcário, uma paisagem quase surreal em sua falsa aridez.
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A paisagem lunar do Burren é bem fotogênica |
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O Burren se estende até à beira-mar e o contraste da aridez
com as águas azuis é muito bonito |
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Repare como o céu da Irlanda muda de humor rapidamente:
ficamos no Burren cerca de uma hora e ele foi do azulzão ao cinza chumbo em
minutos |
Túmulos, como o famoso Dólmen Poulnabrone, fortes e muros de pedra estão entre as principais atrações arqueológicas do Burren.
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Nas rachaduras nas rochas do Burren vivem diversas espécies de plantas |
O Burren é belíssimo e vale muito a visita. E pensar que os soldados ingleses que invadiram e dominaram a Irlanda diziam que o Burren "não servia para nada", já que não havia árvores para enforcar rebeldes nem terra para enterrá-los...
Para mais informações, consulte a página do The Burren Center, que traz uma boa lista do patrimônio histórico local.
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Bunratty: isso é um castelo raiz, não aquele bolo confeitado
de Neuschwanstein 😁😁 |
A primeira parada do nosso passeio, antes da visita aos Cliffs of Moher, foi no Castelo de Bunratty, construído no Século 15 para servir de moradia e de casa senhorial ao clã MacNamara.
Essa é a quarta fortificação erguida na área, ocupada desde o Século 10. Vikings, irlandeses e britânicos se revezaram no controle do lugar, o que comprova sua importância estratégica na linha de defesa de Limerick contra invasores que tentassem subir o Estuário do Rio Shannon.
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Ainda restam algumas muralhas e outras estruturas defensivas
o Castelo de Bunratty, mas parte do que se vê na foto é reconstrução |
A edificação é basicamente uma torre, com um grande salão cerimonial (great hall) no primeiro andar, alguns cômodos quase claustrofóbicos, que serviam de aposentos à família, e um terraço de observação.
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Great Hall do Castelo de Bunratty |
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Apesar da rusticidade da construção, os moradores do Castelo de Bunratty tinham o luxo das tapeçarias, peças decorativas e até uma baita cama com dossel |
No térreo do castelo, concentravam-se as atividades domésticas. Subir e descer aquelas escadinhas irregulares devia ser uma aventura bem mais arriscada que sair de armadura para matar dragões 😉.
Folk Park do Castelo de Bunratty
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O Folk Park reproduz um antigo vilarejo |
O centro do Folk Park é a Bunratty House, bem mais chique do que o castelo. Em estilo georgiano, é uma típica mannor house onde os senhores daquelas terras passaram a viver, em busca de mais conforto do que o disponível no velho castelo.
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O terraço de observação do Castelo de Bunratty tem vista
para os campos e o Rio Ralty |
A tradição dos thatched roofs
Todas essas dependências estão instaladas em reproduções das cabanas de pedra e tijolos, com seus típicos tetos cobertos de palha, os thatched roofs, uma tradição das Ilhas Britânicas trazida da Idade Média, hoje em franco risco de extinção.
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Casinhas com o típico thatched roof no Folk Park do
Castelo de Bunratty |
Dois fatores ameaçam a tradição dos thatched roofs. O primeiro é que são cada vez mais raros os artesãos especializados em executar o elaborado serviço. O segundo é que o risco de incêndio nos telhados de palha torna o preço do seguro das casas com esse tipo de cobertura completamente proibitivo.
O resultado é que, hoje em dia, ter um singelo telhado de palha, típico das casinhas populares britânicas, virou um luxo acessível apenas aos muito ricos podem se dar...
Como é a visita ao Folk Park do Castelo de Bunratty
O parque realiza uma série de atividades, como banquetes, torneios de cavaleiros e coisas do gênero, que eu sempre acho Disney demais pro meu gosto.
Prefiro ver lugares originais, onde eu possa imaginar a história, do que visitar espaços cenográficos onde ela é “representada”...
Como chegar ao Castelo de Bunratty
O Castelo de Bunratty e o Folk Park podem ser visitados diariamente (só fecham no Natal), das 9h às 17:30h.
A entrada custa €10, se comprada pela internet. Se você pretende visitar o castelo e o parque junto com os Cliffs of Moher, o site do Bunratty Castle vende um ingresso casado para todas as atrações por €12.
Índice de museus e sítios arqueológicos da Fragata
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O relógio (esq) não mente. Madrugamos para chegar a Connoly
Station, em Dublin, a tempo de embarcar no tour da Irish Rail |
Tour da Irish Rail aos Cliffs of Moher
A excursão custa €109, preço que inclui os bilhetes de trem, o ônibus que faz o uma parte do percurso e as entradas nas atrações.
As refeições não estão incluídas no preço. O passeio é oferecido diariamente, exceto aos domingos.
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Pela janelinha do trem a gente vê um pouquinho da
história da Irlanda. No alto, a chegada a Limerick |
Em Limerick, trocamos o trem por um ônibus, que leva o grupo ao Bunratty Castle e ao Folk Park, onde a visita dura cerca de uma hora e meia.
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O perigo de passear pelos campos da Irlanda é querer se
mudar pra lá de vez |
Na sequência, há uma parada em Doolin, uma vilarejo bem próximo aos Cliffs of Moher, para o almoço.
De lá, seguimos para os Cliffs of Moher, onde tivemos cerca de duas hora para explorar a área. Sinceramente, achei pouco tempo.
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A chegada ao Burren |
De lá, o ônibus nos leva para a travessia do Burren, com duas paradas para fotos, e segue pela estrada costeira, pela Baía de Galway (paisagem indescritível!) até a cidade de Galway, onde ficamos cerca de uma hora, antes de pegar o trem para Dublin, às 19h.
Os dois trajetos de trem (Dublin-Limerick e Galway-Dublin) ajudam a amenizar o cansaço de 14 horas de tour, já que os vagões são mais confortáveis que ônibus - e sempre dá para caminhar um pouquinho e esticar as pernas.
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Os campos verdes encontram a aridez do Burren: a
paisagem do interior da Irlanda é um sonho |
Para chegar de maneira independente aos Cliffs of Moher, considere um pernoite em Galway que está a uma hora e meia de distância dos penhascos e tem uma linha de ônibus que faz o percurso direto até lá. Para ver os horários, consulte o site da empresa Bus Eireann.
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De repente, aparecem castelinhos lindos na janelinha do
ônibus |
De transporte público, um bate e volta independente de Dublin até os Cliffs of Moher é possível, mas é pesado: é preciso chegar até Galway (209 km) ou a Ennis (240 km) e tomar um ônibus até os penhascos. Se quiser encarar, consulte a companhia irlandesa de trens, a Irishrail, para checar os horários.
Se você for de carro, o ingresso já dá direito a usar o estacionamento. Para vistar a Torre O’Brien’s, é preciso pagar €2.
Paris
Bruxelas
Bruges
Dublin
A Europa na Fragata Surprise
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Uau! Que lindo! Pena que não rolou de eu ir.
ResponderExcluirFicou com um grande motivo pra voltar à Irlanda, né, Cris?? Vale muito a pena.
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