Tem Art Nouveau em Bratislava, pipôl!! (mas é bom lembrar que nos antigos domínios do Império Austro-Húngaro essa escola se chama Jugendstil) |
E Bratislava também tem uns monstrinhos medievais muito fotogênicos |
A Catedral de São Martinho, com sua famosa "coroa" com 8 kg de ouro (esq) e uma torre do Castelo de Bratislava vigiando a cidade |
Bate e volta de Viena a Bratislava
Como viajei de Viena a Bratislava
“Zuviel Wasser” (“muita água”). Assim, a seco, sem espaço
para argumentação, fui informada pela funcionária da empresa de barcos que o
meu bate e volta de Viena a Bratislava teria que ser feito por via terrestre.
Não teve Danúbio Azul, mas Bratislava compensou minha frustração. Nas imagens, a fonte do pátio do Palácio dos Primados e a sala de Concertos Reduta, sede da Filarmônica da Eslováquia |
Explico: dois dias antes, eu tinha comprado uma passagem de barco, ida e volta de Viena a Bratislava, para explorar um pouquinho da capital eslovaca, a apenas 70 km de distância. Na época (2005), paguei € 20 pelo passeio.
No dia da viagem, ao chegar ao ponto de embarque, fui informada que a navegação turística no Danúbio estava suspensa no trecho Viena-Bratislava. Olhando ali, da margem, o Rio Danúbio nem parecia tão revolto, apesar da chuva forte de verão (mês de julho) que despencava sobre Viena.
Ainda tentei um debate, mas “zuviel Wasser” foi a única explicação que consegui arrancar da funcionária, que repetia a frase com indisfarçável prazer e me ofereceu a alternativa de fazer o passeio a Bratsilava de ônibus ou receber o dinheiro de volta.
Parei um tempinho pra olhar o cuidado desse restaurador trabalhando nessa fachada do Centro Histórico de Bratislava |
Então tá. Zuviel Wasser pra você também 😁 e estamos conversadas. Lá fui eu embarcar no ônibus —confortável, mas com o ar condicionado um pouquinho mais gelado do que eu gostaria — para esse bate e volta de Viena a Bratislava.
Dicas práticas: como ir de Viena a Bratislava
Bratislava fica a apenas 70 km de Viena, quase plantada
sobre a linha de fronteira entre a Áustria e a Eslováquia (a menos de 4 km). A capital eslovaca também é muito pertinho da Hungria, cuja fronteira está a cerca de 16 km.
É muito fácil circular entre Viena e Bratislava, conectadas
por trens, ônibus e barcos. A viagem fluvial é a preferida pelos turistas, pela
oportunidade de navegar o romântico Rio Danúbio.
Pelo que li depois, porém, o trecho Viena-Bratislava não é o
mais atraente. Uns dias antes de visitar a capital eslovaca, eu já tinha navegado o Danúbio na Wachau, entre Melk e Dürnstein e super
recomendo essa viagem linda, emoldurada por castelos e vinhedos.
O Mapa de Bratislava no cartaz de um Festival de Verão no Centro Histórico dá uma boa ideia de como era a cidade em tempos medievais |
Trem de Viena a Bratislava
Em 2021, a passagem de ônibus de Viena a Bratislava custa € 5 e o embarque é no Internationaler
Busterminal - Wien Hauptbahnhof, ou seja, na rodoviária anexa à Estação Central
de trens, acessível pela mesma estação de metrô Südtiroler Platz (linha 1).
A Ponte UFO sobre o Rio Danúbio é uma herança da Era Soviética em Bratislava. Para sua construção, foram demolidos alguns quarteirões medievais |
Barco de Viena para Bratislava
Atualmente (abril de 2021), os passeios estão suspensos em função da pandemia. Mas, em condições normais, duas empresas operam as linhas fluviais entre Viena
e Bratislava.
A LOD Ferry é uma empresa eslovaca e tem tarifas mais em
conta: € 24 (um trecho) ou € 39 (ida e volta). A viagem Viena-Bratislava nas
embarcações desta companhia dura 1h45.
A empresa Twin City Liner é austríaca. Cobra tarifas de € 30
(um trecho, durante a semana) e de € 35 (fins de semana e feriados). Os barcos da Twin City fazem o percurso
Viena-Bratislava em 1h30.
Ambas as empresas operam no atracadouro de Schwedenplatz, em Viena, acessível com o metrô (Estação Schwedenplatz, linhas 1 e 4).
Em Bratislava, a chegada de barcos e ônibus é praticamente de cara para o Centro Histórico.
Teatro Nacional da Eslováquia foi construída no Século 19, sob o domínio austro-húngaro. Em 1920, a instituição ganhou casa nova, mas o edifício histórico ainda é usado em apresentações |
Câmbio em Bratislava
Minha notinha de 20 coroas agora é uma relíquia: desde 2009, a Eslováquia adota o euro |
Desde 2009, porém, quem chega de Viena pode pular essa etapa,
pois desde então a Eslováquia adota o euro como moeda.
Se você estiver chegando de Budapeste (outra capital bem conectada
com Bratislava, a 180 km de distância), talvez precise trocar seus forint
(florins húngaros) por euros.
O que ver em Bratislava
Um detalhe da Catedral de São Martinho. À direita, a torre do edifício da antiga Prefeitura de Bratislava e a Fonte Roland, na Hlavné námestie |
Com apenas algumas horas para explorar Bratislava, como o foi o caso desse meu bate e volta, concentrei minhas atenções ao belo Centro Histórico da cidade, que fica a alguns metros do atracadouro turístico e do ponto do desembarque dos ônibus que chegavam de Viena.
O coração do Centro Histórico de Bratislava é a Hlavné námestie ("Praça Principal"), onde estão o antigo edifício da Prefeitura (Stará radnica), uma construção do Século 14, e a Fonte Roland, construída no Século 16 para garantir o abastecimento de água da população.
O cavaleiro em sua armadura no topo da Fonte Roland e o Paparazzo, mais uma das famosas estátuas de Bratislava, montando sua tocaia . Abaixo, Cumil ("O Observador") a grande estrela da coleção |
Debruçado em um dos bancos da praça, um soldado de Napoleão observa o movimento e atrai muitos cliques dos turistas — ele é uma das famosas estátuas bem humoradas distribuídas entre os monumentos históricos da cidade velha de Bratislava.
O soldado contemplativo é uma imagem divertida, mas improvável: Napoleão atacou e sitiou a então Preßburg em 1809, mas sua tropas não conseguiram atravessar as muralhas da cidade 😊.
Para ver outras estátuas famosas de Bratislava, tome a rua Radničná, no canto Leste da Hlavné námestie. Na quadra seguinte, equina com a rua Laurinská, você vai encontrar o Paparazzo montando sua tocaia.
Depois, siga essa rua por uma quadra, no sentido Oeste, onde Čumil (pronuncie chumil, "Observador", também conhecido como "Homem Trabalhando") vê o vai e vem de transeuntes de dentro de seu bueiro — que devia estar bem desconfortável, no dia em que estive em Bratislava, porque chovia cântaros 😁.
O conjunto barroco do Centro Histórico de Bratislava é encantador |
Construído para os arcebispos, o Palácio dos Primados agora abriga o gabinete do prefeito de Bratislava |
A estátua de São João Nepomuceno sobre a "sala de leitura de verão". À direita, a Porta de São Miguel |
O belo Edifício Reduta, sede da Filarmônica |
Duas construções de Bratislava cativaram meu coração: a sede
antiga do Teatro Nacional da Eslováquia (na Hviezdoslavovo námestie, ou “Praça Hviezdoslav)
e o Edifício Reduta, sede da Filarmônica da Eslováquia, na Rua Mostová, quase
na margem do Rio Danúbio.
A antiga sede do Teatro Nacional da Eslováquia é um edifício
da Belle Époque (como geralmente são as belas casas de ópera, né?), inaugurado
em 1886. Ele, porém, destoa de muitos de seus contemporâneos — que, geralmente,
assumem um sotaque Art Nouveau em seus traços —, com suas feições clássicas.
Em frente ao teatro está a Fonte Ganymede, obra do escultor austríaco Viktor Oskar Tilgner, que também assina o monumento aMozart que está no Burggarten de Viena (jardim do Palácio Real).
O Edifício Reduta é um pouquinho mais do que um século mais
velho e tem uma origem bem mais humilde. Ele veio ao mundo como um celeiro destinado
a armazenar alimentos para a população de Bratislava e apenas no começo do
Século 20 passaria por uma reforma que o converteu na sala de concertos mais
querida da cidade.
Mesclando traços barrocos, rococó e Art Nouveau, adornado
por vitrais e relevos em estuque, o Reduta abrigou a Escola Municipal de Música,
restaurantes, lojas, bailes de carnaval e um cinema, o que o tornou o ponto cultural
mais efervescente de Bratislava no início do Século 20.
Desde1950, o Reduta é a casa da Filarmônica da Eslováquia.
O Castelo de Bratislava (no alto) é do Século 10 |
Castelo da Bratislava
Desde o Século 10, o Castelo de Bratislava ocupa um pico dos Pequenos Cárpatos, às margens do Rio Danúbio, vigiando o tráfego fluvial e a povoação a seus pés.Vestígios arqueológicos comprovam que a área onde se assenta o Castelo de Bratislava abrigou assentamentos humanos desde a pré-história, e que celtas e romanos andaram fortificando o local. Assim como povos eslavos e germânicos.
Mas o castelo que vemos hoje é uma herança medieval que passou por reformas e aperfeiçoamentos ao longo dos séculos.
Lamentei muito não ter visitado o Castelo de Bratislava, por falta de tempo — em 2005, era um perrengue chegar lá. Quem já foi, diz que a paisagem lá do alto é espetacular, com vista para três países (Eslováquia, Áustria e Hungria). Atualmente, a fortaleza sedia o Museu Nacional da Eslováquia.
Catedral de São Martinho
O campanário da catedral, com 85 metros de altura, foi uma imagem que acompanhou quase todo o tempo no passeio pelo Centro Histórico de Bratislava, pairando acima dos telhados das demais construções.
O topo do campanário de São Martinho é decorado com uma réplica da Coroa de Santo Estevão, usada pelos monarcas húngaros que, entre os séculos 16 e 19, eram coroados na Catedral de Bratislava.
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