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Uma fachada na Calle Pureza, no bairro de Triana, Sevilha |
Segundo uma frase atribuída a Cristóvão Colombo, “riquezas não fazem um homem rico, apenas o tornam mais ocupado”. A afirmação parece mais discurso de banqueiro negando aumento de salário a seus empregados, pois a história está é cheia de gente que ficou muito ocupada para que outros ficassem muito ricos.
Um exemplo é o povo do bairro de Triana, nos tempos dourados de Sevilha. Enquanto a cidade florescia, seu pedaço pobre, apartado do esplendor pelas águas do Guadalquivir, trabalhava febrilmente nas olarias, carpintarias, fábricas de azulejos e oficinas para assegurar o crescente fausto da outra margem do rio.
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No Século 17, Triana era o arrabalde separado do esplendor de Sevilha pelo Rio Guadalquivir. Abaixo, a Capela dos Marinheiros e um dos encantadores balcões do bairro |
Berço do Flamenco, morada de marujos e artesãos, refúgio de ciganos e dos pobres da cidade, Triana forjou muito da alma de Sevilha. O bairro mudou, mas essa história ainda está lá e pode ser reencontrada neste roteiro que montei. Vamos?
Berço do Flamenco, morada de marujos e artesãos, refúgio de ciganos e dos pobres da cidade, Triana forjou muito da alma de Sevilha. O bairro mudou, mas essa história ainda está lá e pode ser reencontrada neste roteiro que montei. Vamos?
Triana, Sevilha
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O bairro visto da Ponte de Triana |
O povo de Triana era gente que se amontoava em cortiços (os corrales) e se divertia nos tablaos, tabernas e prostíbulos que abundavam na área. Quem vê, hoje, nem acredita...
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Uma homenagem à tradição flamenca na cabeceira da Ponte de Triana. Ao fundo, a Plaza del Altozano, porta de entrada do bairro |
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Os oratórios em azulejos são presença constante nas ruas de Triana |
A Triana do Século 21 é um bairro gostoso e bem cuidado, onde predominam casarões do Século 19. Gostei muito de passear por lá, boa alternativa à muvuca na área da Catedral de La Giralda e do bairro de Santa Cruz.
A boemia e os tablados de Flamenco permanecem em Triana, mas a renda per capita da área subiu um bocado.
Os ciganos, decisivos para a formação da identidade trianera, também mudaram para outras paragens.
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Decoração natalina em uma fachada de Triana. Abaixo, o Museu da Cerâmica de Triana, inaugurado no final de 2013 |
A tradição da cerâmica também persiste e o bairro acabou de ganhar um museu dedicado a essa arte, na antiga Fábrica de Cerâmicas Santa Ana.
O azulejo de Triana tem séculos de renome, com desenhos e técnica muito característicos.
Para ter uma ideia da importância e da excelência das peças produzidas pelos artesãos ceramistas de Triana, vale conferir a bela exposição permanente que está montada ao lado dos Apartamentos Reais, no Alcázar de Sevilha, onde há vários exemplares antigos, produzidos no bairro para adornar o palácio.
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Paseo de Nuestra Señora de la Ó, às margens do Guadalquivir, à sombra do antigo castelo que serviu à Inquisição |
Os Reis Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão eram jovens, acossados por potências estrangeiras e questionados no direito ao trono do país que tentavam unificar.
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A Capela del Cármen (esq) e o Beco da Inquisição |
O local escolhido como quartel general da Inquisição foi o Castelo de São Jorge, na margem trianera do Guadalquivir.
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Street art em Triana. Abaixo, o Mercado de Triana, instalado no Castelo de São Jorge, antiga sede da Inquisição |
O Callejón de la Inquisición ("Beco da Inquisição"), por onde circulavam soldados e prisioneiros, hoje parece apenas uma ruazinha sossegada e sem nada de notável.
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Triana convida a um passeio sem pressa, com pausas para bebericar e provar comida de rua |
A Igreja de Santa Ana, a mais antiga de Sevilha, talvez seja o único monumento do Século de Ouro ainda de pé em Triana, onde a maioria das construções da época eram muito mais precárias.
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A Igreja de Santa Ana, em puro Barroco Sevilhano |
Se é verdade — e eu acredito — que a essência de um lugar é o seu povo, Triana é a essência sevilhana, porque o povo pode ter sido deixado de fora do banquete permanente na capital do Atlântico, mas fez a sua própria festa no velho arrabal.
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A Espanha na Fragata Surprise - post-índice
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Oi, Cyntia. Tudo bem? :)
ResponderExcluirSeu post foi selecionado para a #Viajosfera, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Natalie - Boia
Oi, Cyntia adorei o seu blog, muito bom. Queria muito conhecer o bairro Triana e passar bastante tempo por lá. Mas não tinha encontrado nada com essa riqueza de detalhes. Só que estou um pouco perdida por onde começar, vou ficar hospedada ao lado da Catedral, tenho que atravessar a ponte e também queria primeiro ir na Torre del Oro e depois ajustar as informações que vc colocou. Pretendo almoçar por lá. Se voce puder me ajudar fico agradecida, eu e minha amiga temos mais de setenta anos ai gostamos de ir com tudo anotado pra ficar mais fácil. Abraços
ResponderExcluirLea, saindo da Catedral, atravesse a Plaza del Cabildo (que é linda, mais parece o pátio de um palácio e tem uma loja famosa que vende doces conventuais). Depois disso, desça a Calle 2 de Mayo até o Paseo de Colón; Chegando lá, a Torre do Ouro estará cerca de 300 metros à sua esquerda. Depois da visita, é só retornar ao paseo Colón e caminhar no sentido contrário.
ExcluirVc vai passar pela porta da Praça de Touros de La Maestranza (vale muito a visita). Logo a seguir está a Ponte de Triana (ou Ponte de Isabel II, que é o nome oficial). Aí, é só atravessar a ponte e vc estará no bairro.
Aproveite Sevilha por mim.
abs
Oi,Cyntia.Estou indo para Sevilha em dezembro e me programei para um passeio rápido por Triana.Depois de ler esse seu belíssimo relato apaixonado resolvi me perder pela região. Muitíssimo obrigada.
ResponderExcluirIzabel, vc vai adorar Triana e Sevilha. Abraço
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