De carro, eu nunca veria a Paulista assim (São Paulo, setembro de 2012) |
O prazer de ver as cidades cara a cara foi uma das melhores coisas que aprendi viajando. Andando a pé e de transporte público, acabava sabendo muito mais sobre as cercanias de um hotel onde me hospedasse por alguns dias — aquela lojinha fofa, a padaria simpática ou o buraco na calçada — do que sobre a minha própria vizinhança. E via as pessoas, a expressão que traziam nos olhos, ouvia seus sotaques, bisbilhotava suas leituras no metrô. Não é estranho que passasse a querer isso na vida, não só nas férias.
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Meu caminho para o trabalho (Brasília, 410 Norte) |
Viver leve é um perigo. Como diz aquela vizinha coroca, começa com uma droguinha inofensiva, tipo malinha de mão. Quando a gente vê, o vício já tomou conta dos armários, detonou os baús e passou um super filtro nas relações sociais — essa regra só não vale para os livros, tá?
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Balu: "Eu uso o necessário" |
Como nada é pra ontem, viajar também me ensinou a deixar coisas para amanhã. Descobri como é bom descumprir as tarefas da gincana e fazer o que contenta meu coração, mesmo que eu não suba a Torre Eiffel, passe longe de um museu "obrigatório" e belisque bobagem em vez de ir a um restaurante "para o currículo". Se nenhuma dessas coisas vai sair correndo, muito menos eu vou me despencar atrás delas. Que fiquem como uma razão para eu voltar.
Antigamente, acreditava-se que “pessoas viajadas” eram mais “cultas”. Tenho a maior birra desta palavra, que associo àquele conhecimento ornamental e enciclopédico destinado a preencher conversa pedante. As coisas que aprendi viajando não me qualificaram para entreter ninguém, mas algumas delas mudaram minha vida — e têm me feito um bem danado.
Atualização (em 30/09/2013): se você curtiu essa postagem, acompanhe o registro fotográfico das minhas andanças cotidianas no Facebook e no Instagram, pela hashtag #vidadepedestre
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Ótimo texto, parabéns! Também sou adepto dos sem carro e adoro!!!
ResponderExcluirObrigada, Rafael.
ExcluirFico surpresa com a quantidade de gente que está fazendo a mesma opção que a gente. Quem sabe nossas cidades ainda podem ter salvação. #torcendo :)
Cyntia, você tem um dos melhores textos da internet brasileira, falando de viagem, então, é insuperável! Parabéns!
ResponderExcluirPô, Vitor, não exagera que eu fico sem graça xD
ResponderExcluirOlá Cyntia
ResponderExcluirAcabo de conhecer teu blog por conta do nosso grupo no Facebook. Voltarei para ver suas outras viagens. Me identifiquei totalmente com o penúltimo parágafo deste post, penso da mesma forma. Chego a ficar cansado quando escuto relatos de algumas pessoas que num único dia estiveram em 50 lugares, como se fosse uma gincana "quem conhece mais".
Grande abraço e prazer ter conhecer.
Pior que fazer gincana em viagem Jorge, é fazer gincana na vida. Fruir é tão melhor que acumular, né?
ExcluirObrigada por navegar na Fragata Surprise :)
Cyntia, tb tenho descoberto essas coisas. Fui agora pro Peru com Ciro. Vish, foi tão bom ....
ResponderExcluirO Peru é um barato, né, Mary? Já fui três vezes e quero voltar muitas outras. Tem tanto pra ver...
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