Apresentação de tambores Taiko. Não é o Olodum é o
nipo-baianíssmo Grupo Cultral Wadō |
Tambores, muita dança, comilança e misticismo. Se alguém pensou numa festa na Bahia, acertou: é a celebração do Bon Odori em Salvador, festival que os japoneses e seus descendentes realizam todos os verões (do Hemisfério Norte) para celebrar a prosperidade, a boa colheita e, principalmente, a memória dos antepassados.
Faz tempo que a comemoração do Bon Odori em Salvador deixou de ser restrita à colônia nipônica. Em sua vigésima edição, no fim de semana de 25 e 26 de agosto, a festa estava lotada, com um público pra lá de interessante.
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Tinha a garotada apaixonada por Mangá, as versões baianas das Mori (garotas que se vestem de boneca) e os fãs de RPG (role playing games). E todo mundo dançou na Roda do Odori ao lado de alternativos quarentões que curtem aquele Japão da macrô e do shiatsu e de senhoras de quimono que pouco falam português.
Veja como é essa festa japonesa em Salvador:
A comida, vendida em algumas dezenas de barraquinhas, estava deliciosa. Tempurá — fazia tempo que eu não comia um tão gostoso! — temaky, yakissoba, todos os tipos de sushi... A concessão ao paladar baiano era a carne de sol com farofa e a caipirinha de saquê (mas o brinde, naturalmente, é em japonês: "Kampai!").
Bon Odori - Festival Japonês em Salvador
Dragões e figuras mitológicas do Teatro Kagurá evocam as divindades ancestrais |
O Bon Odori começou a ser celebrado em Salvador em 1991 e, há seis anos, ganhou uma dimensão maior, transformado em Festival da Cultura Japonesa. A festa pode ter crescido, mas o super bom astral de que me falavam os velhos frequentadores estava todo lá.
A comida, vendida em algumas dezenas de barraquinhas, estava deliciosa. Tempurá — fazia tempo que eu não comia um tão gostoso! — temaky, yakissoba, todos os tipos de sushi... A concessão ao paladar baiano era a carne de sol com farofa e a caipirinha de saquê (mas o brinde, naturalmente, é em japonês: "Kampai!").
A Bahia faz sincretismo de tudo, tipo oferecer yakisoba e
carne de sol no mesmo balcão |
A festa começa no sábado pela manhã — apesar da tradição mandar celebrar os ancestrais apenas depois do por do sol — e tem uma programação intensa, com oficinas de ikebana e de origami, tendas de massagem, exposição e venda de bonsai, competição de sumô e concurso de beleza.
Mas bacana, mesmo, são as apresentações dos tambores Taikô (acredite, o Grupo Cultural Wadō é genuinamente baiano) e de teatro Kagurá, uma representação de tradição xintoísta que tem muito de ritual de evocação dos deuses e é de uma beleza arrepiante.
Mas bacana, mesmo, são as apresentações dos tambores Taikô (acredite, o Grupo Cultural Wadō é genuinamente baiano) e de teatro Kagurá, uma representação de tradição xintoísta que tem muito de ritual de evocação dos deuses e é de uma beleza arrepiante.
A Roda do Odori e a apresentação de um coral |
Ao cair da tarde, começam as homenagens aos ancestrais: somos todos convidados a acender incenso diante de um altar e tocar um sininho. Depois, todo mundo cai da dança, na imensa roda do Odori, seguindo o ritmo marcado pelos taikôs.
A coreografia é ensinada por dançarinas que ficam na tenda central, junto com os tambores. Dizem que os ancestrais se alegram. O que eu sei é que a alma sai levinha e com saudade da Ciranda do Pátio de São Pedro, em Recife.
A coreografia é ensinada por dançarinas que ficam na tenda central, junto com os tambores. Dizem que os ancestrais se alegram. O que eu sei é que a alma sai levinha e com saudade da Ciranda do Pátio de São Pedro, em Recife.
Sempre morri de vontade de assistir a uma cerimônia para os Eguns, uma das manifestações mais fascinantes de matriz africana que há na Bahia. Os Eguns (os ancestrais), porém, são muito reservados. Seus rituais são acessíveis apenas aos iniciados e raríssimos privilegiados. Quem diria que a minha homenagem aos antepassados seria feita à moda japonesa.
De volta a Brasília, quando comento que fui a uma festa japonesa em Salvador ("Em Salvador???!!!") as pessoas acham a coisa mais exótica do mundo. Eu, porém, me senti em casa — será a velha curiosidade antropológica dos baianos, que nos faz abraçar a diversidade com a maior naturalidade?
No fundo, não precisa de dicionário para entender a alegria. Não importa o sotaque do tambor, o compasso da dança, o tempero da comilança, ou o nome do ancestral. Kampai, Planeta Terra!
No fundo, não precisa de dicionário para entender a alegria. Não importa o sotaque do tambor, o compasso da dança, o tempero da comilança, ou o nome do ancestral. Kampai, Planeta Terra!
Sobre o Bon Odori
O Bon Odori é organizado pela Associação Cultural Nipo-Brasileira de Salvador, sempre no mês de agosto, na sede da Associação Atlética Banco do Brasil, no bairro de Piatã.
Atualização: Em 2015, o Bon Odori será celebrado nos dias 29 e 30 de agosto, no Parque de Exposições de Salvador.
Todas as dicas de Salvador - post índice
Atualização: Em 2015, o Bon Odori será celebrado nos dias 29 e 30 de agosto, no Parque de Exposições de Salvador.
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Cyntia, por aqui a colônia japonesa é minima, não há praticamente interação cultural. Mas descobri que curto muito, sempre que vou a Sampa e consigo, dou uma passadinha na Liberdade, entro nas lojinhas e nos mercados, garimpo coisas diferentes. Achei maravilhosa a idéia dessa festa em Salvador, desconhecia. Há uns dois anos estive em Brasilia na época das Festas Juninas (escolho bem, adoro festas juninas e por aqui estão em desuso) e fomos na Nipônica - uma noite cheia de histórias para contar, e como tenho contado sobre ela. Curto saber dessas coisas diferentes, tão perto de nós.... BjO!
ResponderExcluirPaula, aqui em Brasília tem festas bem legais da colônia japonesa. O Templo Budista, no finalzinho da Asa Sul (entre a 315 e 316) celebra o Bon Odori, geralmente ao longo de todo o mês de agosto, com uma quermesse bem concorrida.
ResponderExcluirA festa de Salvador surpreende, porque é muito concorrida, também. É tão legal! Recomendo demais!