24 de abril de 2012

3 dicas para curtir Recife

Considerada a primeira das Américas, a Sinagoga do Bairro do Recife lembra a tolerância religiosa durante a colonização holandesa
Adoro Recife desde criancinha. É terra de tios e primos queridos e de ótimas lembranças, que sempre me parece mais bonita a cada visita. No bate e volta do último fim de semana, o mar de Boa Viagem estava mais verde, a Orla mais cuidada e o casario do Bairro do Recife Antigo ainda mais colorido e exuberante.

Desta vez, só deu tempo de matar a saudade da família e e ver o Show de Paul McCartney. Mas tem três programas imperdíveis no Recife que faço questão de recomendar:

O mar de Boa Viagem: cada vez mais verde
Comer uma peixada na Casa de Banhos
(Infelizmente, esse tradicional restaurante fechou)
O restaurante funciona sobre os arrecifes, na antiga “casa de banhos” do porto do Recife, do tempo em que a elite precisava de todo um aparato para dar um mergulhinho no mar. Mas o espetáculo, hoje, está no cardápio — um dos melhores peixes que já provei na vida, por exemplo— e na vista espetacular da região do Marco Zero, de onde partem barquinhos para o restaurante (melhor jeito de chegar, mas dá para ir de carro, também). Lugar perfeito para um almoço comprido, com direito ao cair da tarde e a silhueta da cidade recortada no contraluz. (Arrecifes do Porto do Recife, Km 1- Brasília Teimosa)

Dançar Ciranda no Pátio de São Pedro
Estátua do jornalista 
Antonio Maria, 
na Rua do Bom Jesus
(foto de fevereiro de 2007)
Parece brincadeira de roda, mas a Ciranda pernambucana é dança de todas as idades. De mãos dadas, com passos para dentro e para fora do círculo — dizem que a inspiração é o movimento das ondas do mar — na roda da ciranda só não cai quem já morreu. No Pátio de São Pedro, no Bairro do São José, ela fica ainda mais especial, cercada pela beleza desse conjunto arquitetônico do Século XVIII, dominado pela Igreja de São Pedro dos Clérigos. Diversão típica das festas juninas, a ciranda do Pátio é democrática: basta chegar, entrar na dança e se deixar levar. Vai por mim: é uma alegria inesquecível.

Admirar o casario da Rua da Aurora e da Rua do Bom Jesus
"Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido"

(Manoel Bandeira)
Comece fuçando as prateleiras da Livraria Cultura, no Bairro do Recife. Atravesse para o Paço da Alfândega e prepare-se para ficar de queixo caído: do outro lado do rio  está uma das visões mais lindas da cidade, o casario da Rua da Aurora. O colorido exuberante, as fachadas harmoniosas, linhas e cores refletidas nas águas do Capibaribe formam um dos cartões postais mais famosos (merecidamente) da capital pernambucana. Com a luz "certa", banhada pelo sol da manhã, é de rasgar a roupa.

Bairro do Recife
Depois, uma curta caminhada, na direção do mar, leva à Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus, coração do Bairro do Recife. No Século XVII, durante a colonização holandesa, funcionou aqui a primeira sinagoga das Américas. Passear por aqui, admirando o colorido esfuziante das belas fachadas, é tiro e queda para deixar qualquer um apaixonado pela cidade.

Dicas práticas
Como circular
Quando você for a Recife, faça o possível para não chegar na hora do rush. O trânsito da cidade está simplesmente impossível, páreo para São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Cheguei às 17:30h e paguei todos os meus pecados: quase uma hora presa no engarrafamento entre o Aeroporto dos Guararapes e o hotel, em Boa Viagem, a 6,6 quilômetros de distância — o googlemaps.com prometia um percurso de 13 minutos. Bem se vê que que essas engenhocas entendem pouco de metrópoles brasileiras...

Apesar do trânsito, pode valer a pena alugar um carro, pois a cidade é grande, os pontos de interesse ficam distantes uns dos outros — sem falar em Olinda, que fica ao lado e merece muitas visitas — e as tarifas de táxi são salgadas, comparadas com as de Brasília e do Rio de Janeiro, por exemplo. O transporte coletivo não entusiasma.

O Arraial do Bom Jesus, no bairro de Casa Amarela. No local, onde existiu uma fortificação de resistência à invasão holandesa, hoje funciona um centro cultural
No fim de semana de 21 e 22 de abril, o sistema de táxis de Recife estava à beira do colapso. A cidade recebeu cerca de 150 mil visitantes, atraídos pelos shows de Paul McCartney, Chico Buarque, Abril Pró-Rock e as apresentações do Cirque du Soleil. As frotas de Jaboatão, Olinda e Paulista, municípios vizinhos, foram convocadas para reforçar o serviço, mas nem isso deu conta da demanda. Resultado: desde a sexta-feira, 20/04, já era um sufoco conseguir táxi no Aeroporto dos Guararapes -- eu esperei cerca de 40 minutos na fila. Na saída do show de Macca, a coisa ganhou contornos de filme de terror, piorada pela interdição do trânsito, que não deixava os táxis se aproximarem da região do Estádio do Arruda. Mesmo com a dificuldade de encontrar estacionamento, lamentei muito não ter alugado um carro.

Onde fiquei
A maioria das opções fica em Boa Viagem. Pelo booking.com, escolhi o Hotel Jangadeiro (Avenida Boa Viagem n° 3114), meio antigão, mas o único que ainda tinha um apartamento duplo e um apartamento triplo disponíveis para o fim de semana de 21 e 22 de abril. Os quartos são bem grandes, com varanda e banheiros espaçosos. O atendimento não chega a encantar, mas é profissional e não compromete. Os apartamentos, porém, precisam de uma reciclada, pois deixam a desejar no quesito conforto: travesseiros magérrimos, sequer uma mesa de cabeceira ou bancadinha para apoiar o notebook. Diária no duplo na casa dos R$ 300 e no triplo em torno dos R$ 400.




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2 comentários:

  1. Cyntia, estou querendo ir a Recife tirar o visto para os EUA e de quebra ver o show de Aznavour no Chevrolet Hall em Olinda. Acha que vale a pena ficar os dois dias em Recife (necessários para o visto) e os outros dois dias em Olinda ou ficar em Recife e fazer Bate e Volta até Olinda só para o show? Não tenho muito interesse em praia, mas estes centros históricos me encantam!!

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    Respostas
    1. Nivia, sou louca por Olinda, tenho as melhores memórias de lá, mas faz muito tempo que não visito a cidade (ando doidinha pra voltar...).
      Pelo que tenho lido e conversado com amigos já tem bastante opção de hospedagem por lá, mas é tão pertinho de Recife que não sei se compensa trocar de hotel no meio da viagem. Desde criança, quando passava férias lá, Olinda era como um bairro da cidade, ir a Olinda era como ir tomar sorvete na Ribeira, ir ao Bonfim ou ir ver o por do sol no Humaitá.
      O que eu recomendo é que vc alugue um carro (embora o trânsito em Recife esteja um inferno, igual ao de Salvador), pois achei a tarifa de táxi muito cara, na última vez que estive lá e o transporte coletivo é maio complicado. E tome todos os cuidados que você tomaria em Salvador, porque os problemas de segurança, lá, são bem similares aos da nossa cidade.
      Esse show de Aznavour pareceu interessante. Pena que é logo depois da minha viagem pro Equador...

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