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A vida em Paraty anda no passo das charretes pelo calçamento irregular |
Os ataques de piratas e o embarque do ouro ficaram para trás. Hoje, o frisson em Paraty fica por conta da Flip — badalada feira literária, realizada em agosto, quando a cidade é sitiada por milhares de turistas — e dos festivais de cinema e da cachaça, que também atraem muita gente. Fora desses eventos e da muvuca de fim de ano, o lugar é só sossego.
Estive em Paraty no fim de semana das eleições e me esbaldei na placidez da cidade. Imagine um lugar onde você escolhe um banquinho na Praça da Matriz e pode ler sossegada. Os únicos ruídos que embalavam minha paz vinham das patas de três cavalinhos que puxavam charretes, fazendo o passeio turístico em torno do Centro Histórico.
A Igreja de Santa Rita, do Século 18, pertencia à Irmandade dos Pardos Libertos. Hoje é sede do Museu de Arte Sacra de Paraty |
A ausência de automóveis não explica tudo. Paraty parece estar toda contagiada por essa falta de espalhafato, tão bem vinda e cada vez mais difícil de encontrar. Anda-se devagar, conversa-se a meia voz. Os bares e restaurantes, mesmo quando oferecem música ao vivo, destoam da maioria dos estabelecimentos do tipo em lugares turísticos: nada de caixas de som voltadas para a rua, estrondando o sucesso azucrinante da hora.
É um alívio descobrir uma cidade onde se pode caminhar à toa, embevecida, sem ser perturbada por vendedores de suvenir, "guias turísticos" e similares.
Igreja de Nossa Senhora das Dores, de 1800. A irmandade só admitia mulheres |
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Em vez de brigar com as marés, as ruas de Paraty foram pensadas para lidar com elas. À direita, a Igreja do Rosário |
Até isso contribui para a sensação de imenso sossego. É preciso caminhar devagar sobre essas pedras irregulares e inclinadas: o meio da rua é mais fundo para canalizar as águas que as marés trazem todos os dias e impedir que as casas sejam alagadas. Não há calçadas, só os batentes nas soleiras das portas, sempre mais de um palmo acima do chão, também por causa das marés.
O Centro Histórico de Paraty é reconhecido como o conjunto colonial mais harmônico do Brasil. São 33 quarteirões de casas brancas. Mas não há monotonia: as janelas e portas formam um arco-íris generoso, onde predominam o azul e o amarelo — e nos lembram que as duas cores podem ter centenas de tons.
Essa harmonia vai embalando a gente, junto com o silêncio e com o passo pausado. Sem perceber, fui desacelerando, deixando o estresse para trás até ficar completamente zen — acho que só não levitei porque estou meio acima do peso, 😎.
Como chegar
Do Rio de Janeiro a Paraty são 250 km, quase todos pela belíssima estrada Rio-Santos, à beira-mar.
A viagem de ônibus, leva 4h20, por conta das muitas paradas. De carro é possível chegar lá em cerca de três horas.
(Atualizado em dezembro de 2016)
A Costa Verde Transportes tem ônibus saindo em vários horários e a passagem custa R$ 89,13, já com as taxas (ida) e R$ 83,38 na volta. Os ônibus são do tipo executivo, novos e bem limpos. De brinde, o belo visual da Rio Santos, a partir de Itaguai. Dá para comprar a passagem pela internet.
Onde ficar
O hotel onde me hospedei em Paraty não existe mais. O tradicional Hotel Coxixo, que pertencia à atriz Maria Della Costa, foi vendido e completamente reformado.
O site Viaje na Viagem na um post atualizado e completão com dicas de hospedagem na cidade. E as dicas de Riq Freire eu recomendo. Passa lá: Paraty no Viaje na Viagem
Passeios de barco
Com mais tempo na cidade e contando com o sol, é possível alugar uma traineira, embarcação de pesca típica da região. Em outubro de 2100, fora de temporada e sem feriadão, as traineiras eram oferecidas por R$ 50 a hora. Acredito que os preços tenham subido, mas o segredo é ir até o cais e negociar.
Os condutores garantem que cinco horas de passeio são suficientes "para ver umas quatro ilhas".
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Cyntia, AMEI seu blog!!!!
ResponderExcluirParaty é uma das minhas cidades preferidas no mundo. Penso em viver lá, quando não mais quiser viver no resto do mundo! rs
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