Esta máscara mortuária em ouro, escavada em Micenas, seria do legendário comandante da Guerra de Troia, Agamenon. Ela é um dos grandes tesouros do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas |
A capital grega tem pelo menos 70 museus e eu adoraria visitar a maioria deles. Mas a cidade tem tantas maravilhas que é preciso fazer escolhas. Os quatro museus em Atenas que trago neste post são aqueles essenciais, incontornáveis e maravilhosos.
As visitas ao Museu Nacional de Arqueologia, ao Museu da
Acrópole, ao Museu Arqueológico da Ágora Antiga e ao Museu Benaki são
experiências fundamentais pra entender melhor todas as belezas históricas que a
gente vê, não só em Atenas, mas Grécia afora.
Sala de uma família grega da virada do Século 18 para o 19, no Museu Benaki. A coleção desse museu é um escândalo de bonita |
Claro que há outros museus em Atenas que estão super na minha lista — nem preciso dizer que duas visitas à cidade foram poucas e eu pretendo voltar.
Por exemplo, fiquei doida pra conferir o Museu Maria Callas
(Rua Mitropoleos 44), inaugurado em 2023 e dedicado à maior diva da ópera de
todos os tempos.
Morri de pena que não deu pra ir ao Museu Maria Callas, inaugurado no ano passado, do ladinho da Praça Syntagma |
Também babei de vontade de ver o Museu Benaki de Arte Islâmica (Rua Agios Asomáton nº 22), um braço do sensacional Museu Benaki.
E tive muita curiosidade pra visitar o Museu Herakleidon (Rua
Iraklidon nº 16), sobre a produção científica, artística e tecnológica da
Grécia Antiga—passava na porta dele todo dia, hospedada no bairro de Thisio.
Mármores do Partenon no Museu da Acrópole de Atenas |
Mas as quatro instituições que estão neste post, na minha modesta opinião, são os museus em Atenas que você não pode perder.
Veja as dicas e as maravilhas que você vai encontrar no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu da Acrópole, no Museu Arqueológico da Ágora Antiga e no Museu Benaki.
Coleção da Grécia Clássica do Museu Benaki |
Veja essas dicas também: Cafés e restaurantes dos museus de Atenas
4 Museus em Atenas – os imperdíveis
⭐Museu Benaki
Residência grega da virada do Século 18 para o 19. A coleção do Museu Benaki é de arrepiar de linda |
Se você já foi ao Museu da Acrópole e ao Museu Nacional de Arqueologia, não há muita necessidade de ir ao Museu Benaki, certo? Errado, erradíssimo.
Claro que as coleções da Antiguidade do Museu Benaki, ainda que excelentes, não são
páreo para os acervos daqueles outros dois. Mas não é pra ver Grécia Antiga que
eu recomendo enfaticamente que você vá. Mas sim pra ver a Grécia da Acrópole
virando o país que hoje nos recebe, fora das paredes dos museus.
No primeiro plano, representação do deus Hermes, patrono das viagens e das comunicações (já repararam que não falta uma fotinha de meu padrinho nos posts da Grécia, né?) |
Sim, porque não foi estalando os dedos que a Grécia pulou do Século de Péricles (o 5º a.C., aquele do apogeu da Democracia Ateniense) para essa Atenas intensa, que trepida no ritmo do Século 21.
E eu não tinha me dado conta do quanto me faltava essa noção
de trajeto até me ver cara a cara com as belíssimas coleções do Museu Benaki — sim,
porque lições de história e antropologia à parte, o acervo é um escândalo de
bonito.
Os mosaicos e ícones bizantinos expostos no Museu são espetaculares |
A Hospitalidade de Abraão, ícone bizantino do Século 14
representa o patriarca hebreu e sua esposa Sara acolhendo desconhecidos à sua
mesa |
O Nascimento de Jesus, ícone do Século 15 |
Quando a gente fala em Museu Benaki, é importante destacar que a coleção iniciada pelo magnata Antonis Benakis, lá no início do Século 20, cresceu de tal maneira que hoje a instituição tem 10 espaços museológicos distintos, liderados pela casa-mãe Museu Benaki da Cultura Grega, instalado na sede original, a mansão doada pela família, no elegante bairro de Kolonaki.
É nesse palacete de cara para o Jardim Nacional que a gente
faz a “caminhada de um milênio”, como bem descreve o diretor do museu George Manginis.
Um trajeto que nos faz atravessar da Grécia Clássica para a Bizantina, passar
pela Otomana e encontrar a nação que resultou de tantas influências, conquistou
sua Independência e navega os dias atuais.
Peça de altar bizantina |
Ícone da Pietà (Século 15) do artista Nikolaos Zafouris |
As sessões dedicadas à Grécia dos Séculos 18 e 19 são especialmente encantadora, por apresentarem não só as maravilhas, mas o cotidiano daquele tempo.
Além de deixar meus olhos completamente bêbados de beleza, a
visita ao Museu Benaki me confrontou com uma obviedade desconcertante (e muito instigante): ainda que
a gente aprenda a pensar na Grécia como o grande cânone da ideia de Ocidente,
há uma vasta, bela e profunda carga de Oriente naquela cultura.
A coleção de trajes e joias de diversas partes da Grécia, dos Séculos 18 e 19, é um dos grandes motivos pra você visitar o Museu Benaki |
Trajes femininos da Ilha de Chipre |
Leito nupcial típico da Ilha de Rodes, chamado speveri (Século 17) |
Diálogo, troca, encontro, estranhamento, síntese. É história humana, enfim — onde conflito é só um dos elementos —, descrita nesse percurso museológico. Saí do museu completamente feliz por lembrar desses traços tão característicos dessa espécie de bicho à qual pertenço.
Além dessa caminhada grega, o Museu Benaki ainda exibe peças de arte chinesa, coreana e copta (cristãos egípcios). Também guarda uma pequena sessão de arte islâmica, mas a maior parte dessa elogiadíssima coleção tem casa própria no Museu Benaki de Arte Islâmica, pertinho do Sítio Arqueológico de Kerameikos.
A cidade de Smyrna (Turquia) em 1845, em uma gravura de Konstantinos P. Kaldis |
Constantinopla (Istambul) em 1841, em gravura do mesmo autor |
Duas pinturas de autor anônimo retratando a Cefalônia no final do Século 18. No alto, Argostoli, atual capital da ilha. Acima, Lixouri |
Para enriquecer sua visita ao Museu Benaki, use o audioguia baixado gratuitamente no seu celular por meio de um QRcode. Está disponível em grego, inglês, francês, espanhol, russo, chinês e ucraniano.
Museu Benaki | Odos Koumpari, nº 1 (a rua que passa à
direita do Parlamento Grego). A melhor estação de Metrô é Syntagma (Linhas 2 e
3), a 650 metros.
A casa-mãe do Museu Benaki está instalada no palacete neoclássico doado à Nação Grega pela família do fundador da institiuição |
No terraço do Museu Benaki funciona um café/restaurante muito agradável, com vista para o Jardim Nacional |
Horários: segundas, quartas, sextas e sábados das 10h às 18h. Domingos, das 10h às 16h. Fecha às terças-feiras.
O Museu Arqueológico da Ágora Antiga funciona na Estoa de
Átalo, estrutura do Século 2 a.C. fielmente reconstruída nos anos 50 do Século
20.
A Estoa de Átalo foi fielmente reconstruída para abrigar o Museu Arqueológico da Ágora Antiga |
Só por isso já vale se programar para visitar o Museu Arqueológico da Ágora Antiga: você vai conhecer por dentro uma estoa e entender direitinho como funcionavam essas construções.
A palavra grega stoa significa algo como colunatas e é usada
para designar edifícios públicos destinados ao comércio e aos negócios.
A Estoa de Átalo foi um espaço importantíssimo em Atenas,
cheia de “escritórios”, lojas e oficinas. E devia chamar a atenção, com seus 115
metros de frente e dois pavimentos arrematados por colunas muito elegantes.
Os achados arqueológicos da Ágora Antiga de Atenas estão
reunidos em um museu muito bacana |
Na colunata do museu estão expostas estátuas encontradas no sítio arqueológico. No canto direito, uma imagem de Afrodite, deusa do amor |
É interessante visitar primeiro o Museu da Ágora e depois percorrer o sítio arqueológico |
O acervo do Museu Arqueológico da Ágora Antiga é composto por peças escavadas na área, como elementos decorativos, oferendas aos templos, estátuas e até parte das estruturas de outras construções.
Já falei aqui na Fragata sobre o significado das ágoras
gregas, centro das relações sociais, políticas e econômicas das cidades de
então.
A Ágora Ateniense estava estrategicamente localizada numa
baixada entre três elevações fundamentais para a cidade: a Acrópole (centro da
vida espiritual), o Areópago (onde funcionava o tribunal supremo da
cidade-Estado) e o Pnyx (onde se reuniam as assembleias de cidadãos da
democracia ateniense).
Esta cabeça de Tritão adornava a entrada do Odeon de Agripa,
um importante teatro que funcionava na Ágora |
Uma sessão especial do Museu Arqueológico da Ágora Antiga é dedicada ao período áureo da Democracia Ateniense (Século 5º a.C.).
Em uma estela de mármore está a inscrição de uma lei anti-tirania aprovada em 336 a.C.
A visita ao Museu da Ágora também é a oportunidade de compreender como era um edifício da Grécia Clássica |
No alto e acima, Nike, deusa da Vitória |
Além da importância histórica, o acervo do Museu Arqueológico da Ágora Antiga reúne peças de grande belezas, como as estátuas em mármore, cerâmicas sofisticadas (ânforas e vasos ilustrados com cenas mitológicas ou mesmo da vida cotidiana), joias, objetos de culto e imagens de divindades.
A Ágora Antiga é um lugar mágico. Vá com bastante tempo pra ver tudo com calma |
Ingresso: o ticket válido para ver o museu é o bilhete de acesso à Ágora (€ 10) ou o ticket geral da Acrópole e mais seis sítios arqueológicos (€ 30)
O Museu da Acrópole de Atenas tem um acervo magnífico e
precioso. Só isso bastaria, mas ele faz mais do que encantar os olhos. O museu transporta
o visitante para a experiência que tinham os atenienses da antiguidade, fazendo
a subida ritual de sua colina sagrada.
A sensação de estar repetindo o ritual de oferendas e purificação nas
encostas da Acrópole, de atravessar o Propileu (portão cerimonial) e percorrer
a Via Panatenaica até os templos principais chega a ser física, porque a
arquitetura do museu foi toda pensada pra isso.
Objetos escavados nas encostas da Acrópole — elementos decorativos ou oferendas levados aos pequenos templos que margeavam o caminho ao topo da colina sagrada dos gregos |
Inaugurado em 2009, o Museu da Acrópole de Atenas funciona em um edifício que não poderia ser mais contemporâneo — e que, no entanto, incorpora em seus traços a essência da arquitetura clássica da Grécia, na sua pureza de linhas. Esse edifício, plantado bem diante da Acrópole, dialoga com ela e a traz para dentro das galerias, através de suas vastas vidraças.
No térreo do museu, o visitante está nas encostas da
Acrópole, contemplando os achados arqueológicos de oferendas, pequenos templos
e outras construções que havia ali, na Antiguidade.
A sensação de quem visita o museu é de realmente estar subindo a Acrópole |
A decoração típica das fachadas na Antiguidade (no alto) ainda é muito popular nas casas dos bairros mais antigos de Atenas, como essa (acima) no bairro de Thisio |
Subindo as rampas e escadas rolantes para os andares superiores, vamos chegando ao Propileu, ao Templos das Cariátides, até chegar ao Partenon.
O famoso templo dedicado à deusa Atena está
representado em uma galeria com suas exatas dimensões e número de colunas. É lá
que está exposta a rica decoração do Partenon — peças originais e reproduções
em gesso de fragmentos pilhados e levados para outros países.
Se você conseguir resistir à tentação de ir correndo para a
Acrópole assim que pisar em Atenas, visite primeiro (e com toda a calma do
mundo) o Museu da Acrópole. Aposto que isso vai enriquecer demais seu encontro
com a colina sagrada dos atenienses.
O edifício do Museu da Acrópole repete as linhas retas da Grécia Clássica em um tom totalmente contemporâneo |
Aproveite a visita para percorrer um pedaço da Atenas da Antiguidade, escavada sob o museu. É bem bacana passear por lá.
Leia mais e veja muitas outras imagens do Museu da Acrópole de Atenas
Museu da Acrópole de Atenas | Dionysiou Areopagitou nº 15,
Makrigianni, em frente à portaria principal da Acrópole. A estação de metrô
mais próxima é Acropoli (linha 2). As linhas 1, 5 e 15 do tram (bonde) têm
paradas quase em frente ao museu.
A galeria do Partenon é o grande fecho da visita ao Museu da Acrópole |
Horários: de abril a outubro, o Museu da Acrópole funciona às segundas, das 9h às 17h. De terça a domingo, das 9h às 20 (às sextas, até as 22h). De novembro a março, de segunda a quinta das 9h às 17h, sextas das 9h às 22h e aos sábados e domingos das 9h às 20h.
Ingresso para o Museu da Acrópole: € 10, de novembro a março, e € 15 de abril a outubro. Crianças até 5 anos não pagam e visitantes entre 6 e
25 anos pagam entrada reduzida de € 5 de novembro a março e de € 10 de abril a
outubro.
Reserve um tempinho pra uma pausa no terraço do museu. A vista é linda e o café/restaurante tem comidinhas e bebidinhas legais |
O Museu da Acrópole tem entrada gratuita para todo o público nos dias 25 de Março (Independência da Grécia), 18 de maio (Dia Internacional dos Museus) e 28 de Outubro (Dia do Não, feriado nacional que celebra a recusa do governo grego a permitir que as tropas do ditador fascista Benito Mussolini usassem o território da Grécia como passagem ou base para atacar outros países durante a II Guerra Mundial).
⭐Museu Nacional de Arqueologia de Atenas
O Museu Nacional de Arqueologia me dá vontade de sair dançando de felicidade |
Peças do Tesouro de Atreu e a Máscara de Agamenon |
Até hoje eu fico caçando palavras pra descrever o terremoto de sensações que eu tive ao entrar pela primeira vez no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas. Enquanto eu continuo a escavar o dicionário, deixa só eu contar que, na minha segunda visita a esse colosso, continuou sendo foi difícil controlar a taquicardia e a vontade de sair dançando.
Os arqueólogos divergem: esta estátua seria de Zeus ou de seu irmão Poseidon. O que todo mundo concorda é que ela é maravilhosa |
Gente, que maravilha é o Museu Nacional de Arqueologia de Atenas! É como se tudo que eu sempre sonhei sobre a Grécia tivesse se reunido naquelas salas pra me pegar pelas mão e me levar por uma história fascinante e por muita, muita, muita beleza, espalhada por 8 mil metros quadrados de museu.
O Hermes de Atalante é a representação póstuma de um jovem.
A estátua que está no Museu Nacional de Arqueologia é uma cópia feita no Século
2º a.C. de uma escultura do Século 4º a.C. |
Você vai dar de cara, logo no comecinho da visita, com a impressionante estátua em bronze de Zeus (ou seria Poseidon? Os arqueólogos divergem). Logo depois está o Tesouro de Atreu, magníficas peças em ouro escavadas em uma tumba da Idade do Bronze em Micenas (será que Agamenon estava enterrado lá?).
O acervo do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas abarca o
período que vai da pré-história (mais de 6 mil anos atrás) até a Antiguidade
Tardia, tempo do declínio da cultura greco-romana.
No jardim interno do museu funciona uma cafeteria. O espaço é um refúgio adorável, adornado por achados arqueológicos como o mosaico e este sarcófago |
A seção mais concorrida do museu é a Coleção de Esculturas — né por nada, mas os gregos se superaram nessa arte — abarcando um período de 1.200 anos (do Século 7 a.C. ao Século 5 d.C.).
Mas respire fundo e guarde um pouquinho de olhar para as
joias, mosaicos, cerâmicas, objetos votivos e tudo mais que você vai encontrar
nesse museu essencial, síntese do fascínio que a Grécia exerce sobre as nossas
imaginações.
O Kouros (figura masculina) e a Koré (figura feminina) são representações da juventude e do cânone de beleza, características do Período Arcaico da arte grega (Século 6º a.C.) |
Saiba mais sobre o Museu Nacional de Arqueologia de Atenas e veja muitas outras imagens
Museu Nacional de Arqueologia de Atenas | 28 Oktovriou-Patission. As duas estações de metrô mais próximas são Omonia (linhas 1 e 2), a 750 metros, e Victoria (Linha 1). Prefira a segunda, pois o entorno da Praça Victoria é muito mais seguro que a área da Praça Omonia.
Poseidon de Livadostra. Esta estátua de bronze do deus dos
oceanos data do ano 480 a.C. e foi encontrada no Golfo de Livadostra, na Beócia |
Horários: de novembro a março, o museu abre às terças, das 12:30h às 20:30h e nos demais dias da semana das 08:30h às 16h. De abril a outubro, as visitas podem ser feitas diariamente, das 8h às 20h, exceto às terças, quando a abertura é somente às 12:30h.
Consulte o site para ver os feriados em que o museu não
funciona.
Fragmento de uma estátua equestre, em tamanho natural, do imperador
romano Augusto. Este bronze foi resgatado de um naufrágio ao largo da Ilha de
Eubeia |
Ingresso: €12 (de novembro a março, o preço é de €6). Entrada gratuita em algumas datas comemorativas: 6 de Março (Dia da Memória de Melina Mercouri), 18 de Abril (Dia Internacional dos Monumentos, 18 de Maio (Dia Internacional dos Museus), último final de semana de setembro e 28 de Outubro, data da Independência da Grécia.
Algumas coisinhas que aprendi sobre a Grécia
Roteiro na Europa - Espanha, Portugal e Grécia
Dicas para organizar uma viagem à Grécia
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