29 setembro 2024

7 razões pra visitar o Peloponeso na Grécia

Nafplio no Peloponeso na Grécia
Pra mim, o Peloponeso é a síntese da Grécia, reunião de paisagens deslumbrantes, história riquíssima e praias deliciosas. Na imagem, a cidade de Nafplio, meu grande xodó grego

Atenas é imperdível, as ilhas gregas são um espetáculo, mas, se eu fosse você, dedicaria um bom pedaço de seu roteiro pela Grécia ao maravilhoso Peloponeso.

Fiz isso na minha primeira viagem, em 2012, e repeti agora, no retorno ao país, em abril/maio de 2024. E ainda pretendo voltar muito ao Peloponeso.

Monemvasia na Grécia
Monemvasia é outra paixão arrebatadora no Peloponeso

A grande península em formato de mão que a gente vê no mapa da Grécia é a síntese perfeita do que a gente espera do país: o Peloponeso tem uma história riquíssima, bem representada em sítios como Olímpia, Micenas e Epidauros. Também é cenário de uma infinidade de narrativas da mitologia, tem paisagens deslumbrantes e praias maravilhosas.

Se você está procurando um destino lindo, barato e cheio de atrações imperdíveis na Grécia, se jogue no Peloponeso. Veja alguns motivos pra se apaixonar por ele:

Mapa do Peloponeso na Grécia
Mar Egeu de um lado, Mar jônico do outro e quatro dedinhos-penínsulas na mão do Peloponeso

O Peloponeso é porção mais ao Sul na Grécia, uma península que se esparrama a Oeste da Ática (outra península, onde fica Atenas). Tem 21,5 km² de área (mais ou menos do tamanho do estado de Sergipe) e uma história que se perde lá no Neolítico.

O jeito mais frequente de se chegar ao Peloponeso é pela estrada. A região tem dois aeroportos de pequeno porte, em Kalamata e em Patras, que recebem apenas voos sazonais, na época do verão. A oferta de transporte público de Atenas à diversas localidades da península é bem sortida e viajar de carro por lá é uma grande ideia.

Canal de Corinto na Grécia
Trajeto rodoviário de Atenas ao Canal de Corinto na Grécia
De carro, um trajeto de pouco mais de uma hora liga Atenas ao Canal de Corinto (no alto), porta de entrada para o Peloponeso

Não se avexe pela falta de avião. Em pouco mais de uma hora de viagem rodoviária, partindo de Atenas (cerca de 80 km), você já estará chegando a porta de entrada mais movimentada da península (quando se trata de turismo): o Istmo de Corinto, a tripinha de terra que ligava o Peloponeso à Ática.

Digo ligava porque no Século 19 esse istmo foi rasgado pelo fotogênico Canal de Corinto — obra que começou a ser projetada no Século 6º a.C., chegou a ser iniciada no reinado do imperador romano Nero e só seria inaugurado em 1881. Desde então o Peloponeso está totalmente cercado pelas águas.

Se você vem do Norte, a ligação mais movimentada com o Peloponeso é a Ponte Rio-Antirio, sobre o Golfo de Corinto, na altura de Patras — maior cidade, 220 mil habitantes, e capital da região e dona do porto comercial mais importante da Grécia.

Ponte Rio-Atirio na Grécia
A ponte entre as localidades de Rio e Antirio, sobre o Estreito de Corinto, liga o Peloponeso à Grécia Central
  
Vindo de Atenas, atravessada a ponte sobre o Canal de Corinto, você estará na Terra dos Pelópidas, que é a origem do nome Peloponeso. 

Tecnicamente, o Peloponeso pode até ter virado uma ilha, desde a construção do Canal de Corinto. Mas o que não faltam são penínsulas na ex-península.  A mão do Peloponeso tem quatro dedos. O polegar é a Península da Argólida, o indicador é a Península do Cabo Malea, o dedo médio é a Península de Mani — onde está o ponto mais ao Sul da Grécia Continental — e o mindinho é a Península de Messena.

Filipeion de Olímpia na Grécia
O Philippieion de Olímpia foi construído por Felipe II da Macedônia em homenagem a Zeus no santuário onde nasceram os Jogos Olímpicos, em agradecimento por uma vitória militar no ano de 338 a.C.

Administrativamente, o Peloponeso se divide em sete regiões: Acaia (onde está Patras), CoríntiaArgólida, Arcadia, Lacônia (onde fica Esparta), Messênia (onde está a cidade de Kalamata) e a Élida (onde está Olímpia). 

Cidade de Argos na Grécia
Com 6 mil anos de presença humana contínua, Argos foi uma poderosa cidade da Antiguidade grega. Hoje é uma cidadezinha pacata, onde se destaca o Castelo de Larissa, fortaleza veneziana erguida sobre a antiga acrópole local

7 razões visitar o Peloponeso 

1 – O Peloponeso é lindo

Mar Jônico na Grécia
Mar Egeu na Grécia
Qualquer lugar que tenha como molduras o Mar Jônico (no alto) e o Mar Egeu (acima) já dá a largada no concurso de beleza com muita vantagem

Com um relevo dramático e um litoral recortado e banhado pelas águas muito azuis do Mar Egeu (a Leste) e do Mar Jônico (a Oeste), o Peloponeso não teria muito como dar errado, na categoria cenário.

Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
Sítio Arqueológico de Micenas na Grécia
Mas bora combinar que o relevo também dá uma forcinha à formosura do Peloponeso, como a gente pode ver olhando a paisagem do alto da cidadela de Micenas

Viajar pelo Peloponeso é ter o prazer de olhar o mar do alto de montanhas de dar vertigem, de encontrar enseadinhas minúsculas no fim de uma estradinha íngreme e pedregosa e chegar a vales onde pastam ovelhinhas (não esqueçamos que a Arcádia, que inspirou toda uma escola artística encantada com o bucolismo rural, fica exatamente aqui no Peloponeso).

Se a natureza caprichou, os humanos também deram uma forcinha, preenchendo os 21,5 km² do Peloponeso com templos, cidades fortificadas, vilas bizantinas e povoações costeiras adornadas com barquinhos coloridos e casinhas fofas.

Teatro de Epidauros na Grécia
Nafplio na Grécia
Os humanos também souberam aproveitar a tela fornecida pela natureza pra pintar lindezas no Peloponeso. No alto, o Teatro de Epidauros. Acima, Nafplio, primeira capital da Grécia moderna

2 – O Peloponeso na mitologia


Se você se apaixonou pela Grécia por conta da mitologia, o Peloponeso é o seu destino prioritário no país. 

Lembra de Belerofonte e de Pégaso, seu cavalo alado? De Perseu, matador da Medusa, que reuniu os ciclopes pra erguer as muralhas de Micenas? E de Héracles (Hércules), semideus e maior dos heróis, condenado a executar 12 trabalhos para purgar um crime?

Paris ou Perseu no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas
Os estudiosos divergem sobre quem seria o representado na estátua do Jovem de Antikythera, resgatada de um naufrágio depois de passar 2 mil anos no fundo do mar. Ele seria Perseu, exibindo a cabeça da Medusa, ou Páris, oferecendo o pomo da discórdia a Afrodite. O certo é que a mitologia localiza os dois episódios no Peloponeso
Máscara de Agamenon no Museu Nacional de Arqueologia de Atenas
Máscara mortuária e escudo peitoral encontrados em Micenas. A crença popular é que esta seria "a máscara de Agamenon". As peças, confeccionadas em ouro, são um dos grandes destaques do acervo do Museu Nacional de Arqueologia de Atenas

Pois o Peloponeso é o cenário desses e de muitos outros mitos, que se materializam bem diante do viajante. Lá estão a Corinto de Belerofonte, a Micenas de Perseu (e de Agamenon, comandante da Guerra de Troia), a Argos de Proteu (divindade da mudança das marés), a Tirinto onde Héracles repousava entre seus trabalhos.

Na mitologia, a gênese do Peloponeso começa em Pelópidas, rei de Pisa (próxima a Olímpia), que conquistou, reinou e deu seu nome à península. 

Pelópidas foi o patriarca cuja descendência seria formada por diversos reis e fundadores legendários de diversas cidades da península. Entre esses filhos estão Atreu de Micenas (pai de Agamenon e de Menelau, rei de Esparta), Tiestes, rei de Olímpia, Argeu, rei de Argos, e Corinto, fundador e rei de Corinto. 

Escultura "Hércules e o Centauro Nesso" de Giambologna
Hércules e o Centauro Nesso (Século 16), escultura de Giambologna exibida na Piazza della Signoria em Florença. A mitologia grega atravessa o tempo fazendo parte de nosso imaginário

E já que falamos em Héracles, o Peloponeso está cheio de lembranças desse filho de Zeus. Foi lá que ele realizou os seis primeiros de seus 12 trabalhos e os cenários desses mitos desfilam pra o viajante como placas à beira da estrada — e nada nos proíbe o desvio para vê-los cara a cara.

Na península ficam Nemeia, a 40 km de Corinto, onde Héracles deu cabo do leão endiabrado e que hoje é região produtora de vinhos bem reputados (experimentei e gostei muito), 

Escultura "Menelau e Pátroclo" na Loggia dei Lanzi em Florença
A escultura Menelau e Pátroclo, também exposta na Loggia dei Lanzi de Florença, é uma cópia romana de uma obra grega do Século 2º a.C. Ela alude a um episódio da Guerra de Troia, conflito liderado por Micenas e com participação de diversas cidades do Peloponeso

A 10 km de Nafplio, às margens do Golfo da Argólida, está Lerna, onde nosso herói exterminou a hidra, monstro com corpo de dragão e várias cabeças de serpente. Em Cerinea (a 50 km de Patras), Héracles capturou a corça com chifres de ouro. 

Em Erimanto, Héracles caçou o feroz javali. Na Élida, limpou as cavalariças do rei Áugias. No Lago Estínfalo, caçou as aves com bicos de ferro que obscureciam a luz do sol,

Voltando à Casa dos Atreus, diz a lenda que ao abandonar o marido Menelau em Esparta e fugir com Páris, a futura Helena de Troia passaria sua primeira noite com o novo amor em Githio, na Península de Mani.

Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia

O início da povoação de Corinto tem mais de 8 mil anos, ainda no Neolítico. Há 3 mil anos, ainda no Período Arcaico, a cidade era um importante centro político, militar e comercial. O sítio arqueológico fica a 15 km do Canal de Corinto e vale a visita 


3 – A História do Peloponeso

Se o Peloponeso foi tão movimentado na mitologia é porque na vida real a península trepidava desde tempos imemoriais — e aqui estou usando o sentido figurado, ainda que a Terra dos Pelópidas seja fértil em terremotos.

Sem muita forçação de barra (e pedindo uma tonelada de licenças a Atenas) dá quase pra dizer que foi o Peloponeso que inventou a Grécia.

Ver a história da Grécia no Peloponeso é um imenso prazer fácil de organizar.  

Porta dos Leões em Micenas na Grécia
Porta dos Leões em Micenas na Grécia
Gracias a la vida, que me permitiu atravessar a Porta dos Leões na cidade de Micenas não apenas uma, mas duas vezes

Na Idade do Bronze, quando a Europa ainda morava em vilinhas de meia dúzia de pessoas, a Civilização Micênica despontou como a primeira grande organização política, social e econômica do continente. Suas frotas comerciaram com todo o Mediterrâneo Oriental e levaram soldados para inúmeras conquistas além-mar (Troia que o diga).

A versão moderna da poderosíssima Micenas pode ser uma vila que mal aparece no mapa, hoje em dia. Mas 2 km ao Norte, a magnífica cidade da Antiguidade ainda nos conta em detalhes como foi o esplendor da cidade de Perseu e Agamenon. 

Micenas na Grécia
Micenas na Grécia
No topo da Cidadela de Micenas, ainda hoje alcançado por rampas, ficava o Mégaron, conjunto de templos e palácio real

Visitar Micenas foi uma das coisas mais emocionantes que já me aconteceram nessa vida. Pude fazer isso duas vezes e não garanto que não vá querer voltar lá na próxima visita à Grécia. Quando você for, não perca o sensacional museu que funciona no sítio arqueológico, nem a visita ao Tesouros dos Atreus, uma tumba real da Idade do Bronze onde foram escavadas maravilhosas peças em ouro, como a Máscara de Agamenon, hoje expostas no Museu de Nacional de Arqueologia de Atenas.

Os vestígios micênicos estão por toda parte no Peloponeso, como as muralhas de Tirinto, acrópoles, fortalezas, cemitérios e antigos assentamentos. A gente até enjoa de ver aquelas plaquinhas marrons à beira da estrada apontando sítios arqueológicos legados por essa civilização.

Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia
Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia
O Templo de Apolo é a construção mais conhecida da antiga cidade de Corinto

Outras cidades do Peloponeso, como Esparta, Corinto e Argos foram potências muito antes da Grécia Clássica que nos vem à mente, quando pensamos nessa civilização. Essas povoações ainda estão lá, orgulhosas, ainda que suas versões contemporâneas apareçam como cidadezinhas meio modorrentas. Os sítios arqueológicos das cidades antigas, porém, nos dão uma ideia do esplendor que tiveram na antiguidade. 

Desses três, o sítio arqueológico mais vistoso é o de Corinto, que foi uma potência já no Período Arcaico. Ela soube muito bem se aproveitar de sua localização privilegiada e operar dois portos, um de cada lado do Istmo de Corinto, o que facilitava o comércio a Leste e a Oeste e permitiu o estabelecimento de diversas colônias. 

No alto da montanha estão as ruínas da Acrocoríntia, a Acrópole de Corinto

No seu apogeu, Corinto pode ter chegado a reunir uma população de 250 mil pessoas. Hoje, os vestígios dos templos de Afrodite e de Apolo são as principais testemunhas desse esplendor.

Em Esparta, as ruínas são bem mais modestas. Talvez porque os espartanos se ocupassem mais de sair pelo mundo, vestidos de elmos, escudos, espadas e lanças e nada mais (eles lutavam nus) do que de construir maravilhas.

Castelo de Larissa em Argos na Grécia
Uma estradinha malvadíssima liga o centrinho de Argos ao Castelo de Larissa. São 5 km de subida íngreme, cheios de curvas à beira do precipício. Mas eu gostei de ter ido lá

Em Argos resta pouco da cidade antiga — muito provavelmente, porque essa localidade tem uma das ocupações contínuas mais persistentes do Ocidente: há 6 mil anos, o bicho-humano não arreda pé daquele pedacinho de mundo e vai mudando tudo enquanto o tempo passa. 

Mas o Castelo de Larissa, pairando mais 200 metros acima de Argos, testemunha que ali houve uma acrópole, posteriormente fortificada pelos venezianos, que ocuparam várias localidades. 

Monumento a Leônidas de Esparta nas Termópilas
Monumento a Leônidas nas Termópilas: a batalha foi travada na Ática, mas está profundamente ligada à memória do Peloponeso pela heroica resistência dos guerreiros de Esparta frente aos persas

As cidades do Peloponeso foram decisivas no enfrentamento às invasões persas, no Século 5º a.C, como na heroica e decisiva Batalha de Termópilas (que não fica na península), liderada por Leônidas de Esparta. 

Mas não esqueçamos a participação dessa cidade, ao lado de Atenas, na Batalha de Salamina, ou da resistência feroz de espartanos e coríntios no Istmo de Corinto, impedindo o avanço de Xerxes sobre a península.

Sítio Arqueológico de Olímpia na Grécia
Sítio Arqueológico de Olímpia na Grécia
Esta pista do estádio do Santuário de Zeus, em Olímpia, viu as primeiras corridas dos Jogos Olímpicos. A cada dois anos, a chama olímpica é acesa aqui para alimentar as piras dos jogos de inverno e de verão

O Peloponeso também é o berço dos Jogos Olímpicos, inaugurados no ano 776 a.C., em Olímpia, onde o sítio arqueológico do Santuário de Zeus e um Museu Arqueológico de primeiríssima linha proporcionam visita de arrepiar.  

A cada dois anos, a chama olímpica volta a ser acesa no estádio de Olímpia, por Apolo em pessoa. Quer dizer, um jogo de espelhos usa a luz do sol para acender a chama, em uma cerimônia que recria rituais da Antiguidade.

Depois disso, a tocha olímpica acessa nessa fonte será carregada por atletas até a cidade que sedia os Jogos Olímpicos de Verão ou de Inverno.

Museu Arqueológico de Olímpia na Grécia
Museu Arqueológico de Olímpia na Grécia
Museu Arqueológico de Olímpia na Grécia
O Museu Arqueológico de Olímpia é uma absurdo de lindo

Olímpia fica a 300 km de Atenas, na Élida, mais próxima da Costa do Mar Jônico. Como fica a apenas 70 km do Porto de Kyllini, que conecta o Peloponeso às Ilhas Jônicas, faz todo o sentido combinar uma escapada a Cefalônia, Zaquintos ou Ítaca depois de ver o magnífico conjunto arqueológico olímpico.

A cidade moderna é minúscula, com cerca de 1.000 moradores (pra confundir o juízo da gente, é chamada de Archaia Olympia, ou "Antiga Olímpia") e é o centro de um município com população de apenas 11 mil habitantes. Mas não se assuste: a estrutura turística dá conta dos muitos visitantes que passam por lá, ainda que eu não tenha visto hotéis ou restaurantes na categoria luxo na vila.

4 – a diversidade do Peloponeso

Praia no Peloponeso na Grécia
Micenas na Grécia
Você prefere praia ou montanha? No Peloponeso tem muito dos dois

Senta, que o tópico aí de cima acabou, mas a história da Grécia ainda vai longe — não é incomum a gente esquecer que o país não ficou dormindo mais de 2 mil anos, do Período Clássico até o Século 21, feito uma Bela Adormecida.

Não acabou a história nem acabaram os encantos. Não bastasse aquela outra mistura de paisagens que já citei mais acima, uma viagem pelo Peloponeso é transitar entre tempos históricos e culturas o tempo todo. A história da Grécia dotou o Peloponeso de uma diversidade fascinante.

Monemvasia na Grécia
Monemvasia na Gécia
Protegida por um gigantesco rochedo que emerge do mar e alcançável por terra apenas por um estreito istmo, Monemvasia foi uma vila bizantina fortificada pelos venezianos
Sítio Arqueológico de Corinto na Grécia
Vestígios gregos, romanos e bizantinos convivem no Sítio Arqueológico de Corinto

Com a decadência da civilização helênica, muitos povos andaram pela península. Romanos, bizantinos, eslavos, árabes, francos, venezianos, albaneses e otomanos deixaram suas marcas em todo o Peloponeso, que a lá pela Idade Média passou a ser conhecido como “Península de Moreia”.

Cúpulas de mesquitas, ruínas romanas, fortalezas venezianas e cidades bizantinas (como Mistras, centro administrativo de Moreia a partir do Século 11) convivem pacificamente com as colunas elegantes dos templos gregos no Peloponeso.

Vestígios arqueológicos romanos em Nafplio na Grécia
Igreja em Nafplio na Grécia
Fonte otomana em Nafplio na Grécia
Mesquita em Nafplio na Grécia
Desde o alto: vestígios romanos, igreja bizantina, fonte otomana e mesquita. Essas quatro fotos foram feitas em Nafplio, a poucos passos de distância umas das outras

Na diversidade da península, Bastam 20 km pra separar uma vila montanhesa toda construída em pedra, como Areópolis, de uma vila pesqueira cheia de luz e cores como Githio.

Por falar em Areópolis, a vila de 900 habitantes — uma das maiores povoações da Península de Mani — ganhou este nome (“Cidade de Ares”, o deus da guerra, Marte, para os romanos) por ter parido a fagulha que acendeu a Guerra de Independência da Grécia contra os otomanos.

Monumento a Kolokothronis em Nafplio na Grécia
Monumento a Kolokothronis em Nafplio na Grécia
Monumento a Staikos Staikopolous em Nafplio. Na guerra de Independência, ele comandou a tomada da Fortaleza de Palamidi, que tinha fama de inexpugnável 
Bandeira da Grécia em Areópolis
Foi na fofa Areópolis que a bandeira da Grécia Independente foi hasteada pela primeira vez, senha para o início da revolução contra o domínio otomanos 

Em 17 de março de 1821, foi na minúscula praça Taxiarches de Areópolis que Petros Mavromichalis, um líder local, hasteou pela primeira vez a bandeira da Grécia Independente, dando início a uma longa e sangrenta revolução contra o domínio turco.

O Peloponeso foi um campo de batalha fundamental e o povo da península foi decisivo nessa luta. A primeira capital da Grécia Independente foi estabelecida lá, em Nafplio, a partir de 1822.

Peloponeso na Grécia

Cabem todos os tempos históricos no Peloponeso — inclusive meu celular, que fez esta foto

5 – As praias do Peloponeso

Um pedaço de terra banhado pelo Mar Egeu, a Leste, e pelo Mar Jônico, a Oeste, já promete, né? O Peloponeso tem uma miríade de praias deliciosas, aconchegadas em enseadas muito azuis. 

Praia de Arvanitia em Nafplio na Grécia
Não é ilha. É Nafplio

Já experimentei algumas ilhas gregas (Ítaca, Hidra, SpétsesSymiRodes e Cefalônia) e acho que as praias do Peloponeso (especialmente em Nafplio e Monemvasia), não ficam devendo nadinha. 

As praias do Peloponeso ganharam um post exclusivo. Siga o link pra ver.

6 – O Peloponeso é mais barato

Se a Grécia (tirando as ilhas da moda) já é muito mais barata que os países mais badalados da Europa Ocidental, o Peloponeso consegue ser ainda mais camarada com o bolso dos viajantes.

Teatro de Epidauros na Grécia
Museu de Epidauros na Grécia
Pimentões recheados típicos da Grécia
Depois de deliciar os olhos e o coração no Teatro e no Museu de Epidauros, meu paladar ganhou muitos carinhos desses pimentões recheados um restaurante familiar de uma estradinha próxima ao sítio arqueológico

Na primeira visita, em 2012, fiquei mal acostumada a pagar diárias de € 50 em pousadas fofas e muito confortáveis, em Nafplio e Monemvasia, e a gastar € 10 em pequenos banquetes de delicadezas das delícias locais.

Nesta viagem de abril/maio de 2024, deu pra ver que os preços da Grécia, em geral, deram uma inflacionadinha, mas continuam muito gentis, especialmente no Peloponeso.

Eu e minha amiga Rose ficamos hospedadas em quatro localidades do Peloponeso: 4 noites em Tirinto (Nafplio), uma noite na Praia de Mavravouni (Githio), uma noite em Areópolis e duas noites em Olímpia. Sempre em hotéis/pousadas bem localizados, em quartos com varandas e banheiro privativo e com estacionamento gratuito.

Hotel Dimani em Mavravouni na Grécia
O hotel mais caro desse giro pelo Peloponeso foi o de Mavravouni, com piscina e estacionamento gratuito. A diária no apartamento com dois quartos, varanda com vista pra o mar e super confortável custou € 84 no total

Nossa média de gastos com hospedagem no Peloponeso foi de € 65 a diária (€ 32,50 por cabeça). Foi perto da metade do que gastamos em Madri e Lisboa e o equivalente a 60% das despesas médias com alojamento em Atenas.

Nossas refeições no Peloponeso também ficaram muito em conta. Fizemos refeições deliciosas em lugares simples e simpáticos gastando o máximo de € 15 pra cada. E mesmo quando experimentamos restaurantes mais chiques, na elegante Promenade (calçadão à beira-mar de Nafplio) a conta não passou de € 25 por pessoa, com direito ao bom vinho da Argólida.

Calma, que vai ter post com hotéis e restaurantes do Pleoponeso, viu?

7 – É fácil viajar pelo Peloponeso

Como falei lá no começo, esse pedaço de mundo tão especial que é o Peloponeso tem apenas 21,5 km². Isso significa que dá pra ver muitas maravilhas sem levar muito tempo na estrada, entre uma e outra.

A proximidade com Atenas e a facilidade de chegar e circular pelo Peloponeso faz da região uma grande opção para quem quer diversificar seu roteiro na Grécia.

Em 2012 eu cheguei à península de transporte público, fiz base em Nafplio por 5 noites e usei o busão pra visitar Micenas, Epidauros e Argos na maior facilidade.

Também não foi nada complicado seguir viagem para Monemvasia e, de lá, retornar a Atenas, com baldeação em Esparta.

Estrada no Peloponeso na Grécia
As estradas do Peloponeso conduzem o viajante a muitas maravilhas

De Atenas, os ônibus para o Peloponeso partem da Estação Kifissos (a estação de metrô mais próxima é Eleonas, da Linha 3, a cerca de 2 km). Duas horas de viagem a partir daí deixam você em Nafplio.

´Muita gente que visita Atenas vai ao Peloponeso em pequenas escapadas bate e volta, por conta própria ou excursão, pra visitar Micenas, Epidauros e Olímpia (a essa última, acho uma maluquice ir nesse esquema, porque fica a 300 km).

Areópolis na Grécia
Viajando de carro pelo Peloponeso você consegue chegar a vilarejos como Areópolis
Olímpia na Grécia
Olímpia é linda demais pra você ir até lá num bate e volta esbaforido

Mesmo o site da empresa grega de ônibus KTEL sendo um inferno, posso assegurar por experiência própria que as rotas existem. Procure um posto de informações turísticas, que costuma ter um folheto com horários.

Se a sua viagem é de carro, melhorou. O Peloponeso, apesar do relevo acidentadíssimo, tem estradas muito bem cuidadas (as principais são tapetes), sinalizadas e seguras. As estradinhas de cabrito já não são tão suaves, mas fazem parte da experiência.





Grécia na Fragata Surprise

Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.

Navegue com a Fragata Surprise 
X (ex-Twitter) | Instagram | Facebook | Bluesky | Threads

Nenhum comentário:

Postar um comentário