17 de janeiro de 2023

8 museus e centros culturais de Santiago do Chile

Grafites produzidos durante a mobilização social no Chile

Exposição de fotografias de grafites feitos durante as mobilizações sociais no Chile (2019-2021) no Centro Gabriela Mistral


Minhas duas primeiras visitas à capital chilena tiveram uma lacuna imperdoável: aproveitei muito pouco os museus e centros culturais de Santiago. Falha que tratei de corrigir na viagem mais recente, agora em setembro de 2022.

Tive agora a chance de conhecer lugares "clássicos" sensacionais, como o Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana e La Chascona, a casa museu de Pablo Neruda e Matilde Urrutia. 

E enfrentei meu coração apertado durante uma visita dolorosa, mas essencial, aos registros de horror da ditadura chilena, lembradas no excelente Museu da memória e dos Direitos Humanos.

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Museu da Memória e dos Direitos Humanos: quanto mais eu envelheço, mais gratidão eu sinto pelos jovens latino-americanos que lutaram contra ditaduras e não viveram para chegar à minha idade

O Chile é muito mais conhecido por seus poetas e escritores — como Neruda e Gabriela Mistral, dois ganhadores do Prêmio Nobel de Literatura, Roberto Bolaño e Isabel Allende. Talvez por isso eu não tenha tido, nas viagens anteriores, a curiosidade de percorrer museus e centros culturais de Santiago dedicados às artes visuais.

Mas agora eu recomendo fortemente um roteiro por lugares como o Museu Nacional de Belas Artes, com seu acervo mais acadêmico, ou pelos ventos contemporâneos que sopram no Centro Gabriela Mistral e no Centro Cultural La Moneda.

Centro Cultural La Moneda, Santiago do Chile

O Centro Cultural La Moneda é bonito até dizer chega e tem sempre atrações interessantes


Quem gosta de história (o/) vai curtir o Museu Histórico Nacional do Chile e o Museu do Estallido Social, dedicado a registrar a memória das recentes mobilizações sociais que sacudiram o Chile, a partir de 2019.

Veja que bacanas os museus e centros culturais de Santiago que eu mostro neste post (e cinco deles têm entrada gratuita):

8 museus e centros culturais de Santiago

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Cartazes registram a solidariedade de gente do mundo
inteiro ao Chile ensanguentado pela ditadura de Pinochet

Museu da Memória e dos Direitos Humanos
Matucana nº 501, Metrô Quinta Normal
(Linha 5)

🕒 De terça a domingo, das 10h às 18h.
💲 Entrada gratuita
Site> Museo Nacional de la Memória y de los Derechos Humanos

Museu da Memória e dos Direitos Humanos do Chile
Museu da Memória e dos Direitos Humanos do Chile
O mapa homenageia o trabalho de comissões de memória que investigaram e denunciaram violações de direitos humanos em diversos países do mundo

Há museus que a gente visita para se divertir. A outros, a gente vai para mimar o olhar com belezas únicas. E há os museus que a gente visita para refletir e fortalecer compromissos.

O Museu da Memória e dos Direitos Humanos de Santiago do Chile não oferece uma visita lúdica, ainda que seu edifício e exposições se pautem por indiscutível qualidade estética. 

Mas seu tema é a infâmia e a a capacidade de uma sociedade de vencer a infâmia. Ao final, há uma espécie de catarse na constatação de que o horror foi afastado e não ficou impune.

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
As tabuletas lembram as centenas de antros de tortura e execuções espalhados pelo Chile

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
O compositor Victor Jara (1932-1973) foi preso e torturado no Estádio Chile (que hoje leva seu nome). Teve as mãos esmagadas por coronhadas e foi posteriormente fuzilado. Ele escrevia e cantava canções engajadas — como Chico Buarque, Bob Dylan e Fabrizio De André

No edifício moderno, com grandes vidraças, estão expostos documentos, vídeos, jornais, fotografias e objetos que lembram não apenas as práticas sanguinárias do terrorismo de estado da ditadura Pinochet. Mas o mais importante é que o museu dá rosto e identidade às mais de 35 mil pessoas vitimadas pela violência política.

A ditadura instaurada no Chile a partir do golpe de estado de 11 de setembro de 1973 foi marcada pela mais feroz e sanguinária repressão a qualquer um que parecesse dissonante ao regime.

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Imagine que vergonha figurar na lista de veículos de comunicação autorizados pela ditadura...

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Cerca de 70 criminosos da ditadura chilena ainda cumprem condenações 

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Maria Edith Vasquez é uma das 1.248 desaparecidas políticas no Chile. Não pode ser esquecida

O terrorismo de estado empreendido pela ditatura chilena torturou ao menos 28 mil pessoas, matou 2.279 e produziu 1.248 desaparecidos — além de provocar o êxodo de 200 mil exilados.

O roteiro expositivo do Museu da Memória e dos Direitos Humanos é muito bem contextualizado. Você vai conhecer um pouco mais sobre o governo de Unidade Popular de Salvador Allende — uma proposta generosa, de cunho socialista, que pretendeu enfrentar a desigualdade. 

Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile
Museu da Memória e dos Direitos Humanos, Chile

Também vai ver o processo de sabotagem desse governo, o golpe que chocou o mundo pela barbárie, a brutal repressão política e a longa luta pela retomada da democracia.

Respaldado em uma Comissão da Verdade, o Estado Chileno processou mais de 500 responsáveis pelas violações de direitos humanos no Chile e 70 deles ainda cumprem pena por seus crimes. 

La Chascona, casa-museu de Pablo Neruda em Santiago do Chile
La Chascona, o lar de Neruda e Matilde em Santiago

⭐La Chascona
Casa-Museu de Pablo Neruda e Matilde Urrutia
Fernando Márquez de la Plata nº 192, Bellavista (Metrô Baquedano)

🕒 Visitação de terça a domingo. De março a dezembro, das 10h às 18. Janeiro e fevereiro, das 10h às 19h.
💲 Entrada: $ 7 mil pesos (R$ 42).

Vocês já sabem que eu sou louca por uma casa-museu. Adoro a sensação de ter um vislumbre da vida normal de gente extraordinária. Na minha lista de museus e centros culturais de Santiago, portanto, não podia faltar La Chascona, o lar de Pablo Neruda e Matilde Urrutia.

Retrato de Matilde Urrutia pintado por Diego Rivera
Chascona/Descabelada: o célebre retrato de Matilde, pintado por Diego Rivera, está exposto na casa. Repare o perfil de Neruda surgindo,  emaranhado nos cabelos dela

A história de La Chascona é bem conhecida. A casa, no sopé do Cerro San Cristóbal, começou a ser construída por Neruda no terreno íngreme e banhado por um curso d’água em 1953, para a cantora Matilde Urrutia — na época a namorada clandestina que viria a ser sua terceira mulher.

La Chascona é uma palavra herdada do idioma Quéchua e significa algo próximo de “descabelada” — a ruiva Matilde tinha na cabeleira revolta uma marca registrada.

Matilde se mudou para a casa primeiro e Neruda iria de reunir a ela em 1955.

La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
La Chascona sobe e desce enroscada no jardim plantado por Matilde

Apesar de ter recorrido a arquitetos para o projeto original e sucessivas ampliações — o catalão Germán Rodríguez Arias e o chileno Carlos Martner— foi o poeta mesmo o grande responsável pela concepção encantadora de la Chascona. 

O resultado é uma casa que se enrosca e sobe e desce em torno de um jardim plantado por Matilde. Um caracol intimista que parece não ligar a mínima para o mundo exterior e que se diverte em traçar passagens secretas entre seus cômodos.

Não é permitido fotografar o interior da casa-museu de Neruda e Matilde — considere o lado bom disso: você vai ter que ir lá pessoalmente ver a decoração personalíssima de cada cantinho, onde o poeta celebrava sua paixão pelo mar, pelos livros e pelas montanhas que cercam Santiago e escolhia com cuidado até as cores das louças e copos que iam à mesa, sempre cercada por amigos.

La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
Neruda concebeu cada detalhe de La Chascona. Abaixo, o monograma do casal na grade de uma janela

Foram quase 20 anos de vida compartilhada pelo casal em La Chascona, até o golpe militar de Pinochet e seus asseclas. Neruda morreu 12 dias após o golpe, em 23 de setembro de 1973. Foi velado na sala de estar da casa — onde ele tinha exigido aos arquitetos que abrissem uma janela/vitrine voltada para a Cordilheira dos Andes.

Dias antes, La Chascona havia sido brutalmente vandalizada por pinochetistas. O curso d’água que passava pelo terreno foi entulhado, provocando uma inundação. La Chascona foi revirada, vidraças e móveis foram quebrados, livros foram rasgados.

La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago

Só é permitido fotografar as áreas externas de La Chascona. Acima, à esquerda, o dormitório que passou a ser usado por Matilde após a morte do poeta

Apesar do caos, Matilde continuou a viver na casa, que restaurou aos poucos, mas jamais conseguiu voltar a dormir no quarto que compartilhou com Neruda. Ela morreu em 1985. 

Agora está mais fácil incluir La Chascona em um roteiro de passeios em Santiago, pois não é mais necessário agendar a visita — foi meio por causa disso que eu não fui à casa-museu de Neruda nas minhas duas passagens anteriores pela cidade. Basta chegar, pagar e entrar.

A visita é muito agradável. Como escolhi um dia de semana (e estive em Santiago fora da alta temporada) havia apenas mais duas pessoas além de mim percorrendo a casa.

La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
Neruda obrigou o arquiteto Germán Rodríguez Arias a virar o projeto da casa para Oeste, para poder contemplar as montanhas de suas janelas

O áudio-guia, incluído no preço do ingresso, tem um roteiro bem didático, com muitas informações interessantes sobre cada ambiente, sobre a vida do casal e o contexto histórico. Tem narração disponível em português (e também em inglês, francês, alemão e espanhol).

La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago
Homenagem a Neruda e Matilde em um muro na vizinhança de La Chascona

Terminei a visita morrendo de vontade de ter sido amiga de Neruda e Matilde para poder frequentar a casa cheia de livros, memórias e obras de arte, cantinhos acolhedores para um drinque e muito silêncio.

La Chascona é administrada pela Fundação Pablo Neruda, que também cuida das outras duas casas do poeta, La Sebastiana, em Valparaíso, e Isla Negra, cerca de 80 km ao Sul dessa cidade portuária.


Ícaro e Dédalo, unidos na glória e na morte, no Museu nacional de Belas Artes de Santiago do Chile
Ícaro e Dédalo, unidos na glória e na morte, de Rebeca Matte, no Museu Nacional de Belas Artes
Cariátides, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
Cariátides, no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
As Cariátides, de Antonio Coll y Pi, "presidem" o saguão onde está a galeria de esculturas


Museu Nacional de Belas Artes
José Miguel de la Barra nº 650, Parque Florestal, Metrô Bellas Artes
(Linha 5)

🕒 De terça a domingo, das 10h às 17:30h.
💲 Entrada gratuita

Criado em 1880, o Museu Nacional de Belas Artes de Santiago é um dos mais antigos da América Latina. Tem como ênfase de seu acervo obras de artistas plásticos chilenos (especialmente pintura e escultura, mas também gravuras e fotografias) desde a época da colônia, além de uma coleção de pinturas espanholas e flamengas, desenhos italianos e esculturas africanas.

No Banho (1929), de Marco Bontá, Museu Nacional de Belas Artes do Chile
No Banho (1929), de Marco Bontá, na pinacoteca do museu

Pinacoteca do Museu Nacional de Belas Artes do Chile
Sem título (1977), de Ricardo Yrarrázaval, Museu Nacional de Belas Artes do Chile

Sem título (1977), de Ricardo Yrarrázaval


Entre os artistas chilenos na coleção do museu, destacam-se as obras de pintores como Pedro Lira (1845 – 1912), as irmãs Magdalena (1959 – 1930) e Aurora Mira (1863 – 1939), o surrealista Roberto Matta (1911-2002), Ricardo Yrarrázaval (1931) e Marco Bontá (1899 - 1974). 

Nas esculturas, amei conhecer o trabalho da pioneira feminista Rebecca Matte (1875 – 1929), primeira mulher a ter uma obra de arte instalada em um espaço público no Chile (Ícaro e Dédalo, de 1922).

Desde 1910, o museu está instalado no belíssimo Palácio de Belas Artes, inspirado no Petit-Palais de Paris, com estruturas de ferro muito características da Belle Époque (o teto do saguão principal, em ferro e vidro, é um escândalo de fotogênico).

Museu Nacional de Belas Artes de Santiago do Chile
Museu Nacional de Belas Artes de Santiago do Chile
Inspirado no Petit-Palais de Paris, o Palácio de Belas Artes é um escândalo de fotogênico


Presidido pelas figuras das Cariátides, esculpidas pelo catalão Antonio Coll y Pi, o saguão monumental do museu funciona como galeria de esculturas. Lá estão expostas obras famosas, como A Miséria (1910), de Ernesto Concha. 

É nesse espaço que estão as obras de Rebeca Matte que tanto me encantaram (tem mulher no museu, sim senhores!). Horácio (1899) e Ulisses e Calipso (1915) são esculturas impressionantes. Nessa última, repare o olhar resignado de Ulisses, alvo da paixão arrebatada da ninfa. 

Rebeca também é a autora da escultura Ícaro e Dédalo, unidos na glória e na morte (1922) exibida do lado de fora do museu.

"Horácio", escultura de Rebeca Matte, Museu Nacional de Belas Artes de Santiago do Chile
Rebeca Matte: em primeiro plano, Horácio. No centro, Eco, ou o Encantamento. Ao fundo, à esquerda, Ulisses e Calipso

Obras de Rebeca Matte no Museu Nacional de Belas Artes do Chile

Ainda Rebeca: Maternidade (esq) e a cara de resignação de Ulisses, prisioneiro da paixão de Calipso


Outro destaque da galeria de esculturas é  O jogador de Chueca (1867), bronze do italiano Nicanor Plaza retratando um jovem mapuche praticando o jogo-ritual do palin. 

No típico espírito do romantismo do Século 19 e seus “bons selvagens” (como a figura de Peri, aqui no Brasil), a escultura de Plaza — apesar da incrível beleza plástica — é hoje muito criticada, como um estereótipo da imagem do indígena.

Esculturas no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
A Miséria (esq) e O Jogador de Chueca

Em dezembro de 2022 (depois da minha visita, portanto), o Museu Nacional de Belas Artes recuperou seis importantes esculturas em mármore que haviam sido tomadas pela ditadura Pinochet, logo após o golpe militar de 11 de setembro de 1973. 

As peças integram o acervo original do museu, mas foram levadas para decorar a Escola Militar. Entre elas, estão obras dos italianos Antonio Canova e Ernesto Gazzeri.   

Obras de Petrona Viera no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
Obras de Petrona Viera no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
Obras de Petrona Viera no Museu Nacional de Belas Artes de Santiago

Obras da uruguaia Petrona Viera em uma bela exposição temporária


O Museu Nacional de Belas Artes também promove exposições temporárias com “acervos convidados”. Quando o visitei (setembro/2022), estava em cartaz uma mostra da pintora uruguaia Petrona Viera, que já tinha ganhado meu coração nas minhas andanças pelos museus de Montevidéu

Petrona foi a primeira mulher a se profissionalizar como pintora em seu país.

Ainda que o Museu Nacional de Belas Artes não tenha um acervo tão famoso e arrebatador quanto seus colegas MNVA de Montevidéu, MNBA de Buenos Aires, Palácio Nacional de Belas Artes da Cidade do México ou nosso Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, eu recomendo muito a visita.  

Museu Nacional de Belas Artes de Santiago
Gostei tanto do Museu Nacional de Belas Artes de Santiago que até cometi um autorretrato, coisa raríssima 😊

E não esqueça de dar um pulo atrás do museu para ver o Cavalo de Fernando Botero, no Parque Florestal 

O Museu Nacional de Belas Artes de Santiago é um ótimo programa na capital chilena. É bonito e oferece um bom panorama das artes plásticas chilenas. Além do mais, tem entrada gratuita e localização super central — no Parque Florestal, a dois passos do charmoso Bairro Lastarria e a apenas 200 metros da Estação Bellas Artes do Metrô). 

Museu do Estallido Social, Santiago do Chile

A fachada do Museu do Estallido Social exibe Chile, outubro de 2019, mural do artista Miguel Ángel Kastro que faz uma reinterpretação da Guernica de Picasso incorporando símbolos das manifestações que mudaram a cara do país


Espaço Memória, Praça Baquedano, Santiago do Chile
Espaço da Memória na Estação Baquedano do Metrô, principal ponto de encontro dos manifestantes

Museu do Estallido Social
Dardignac nº 106, esquina com Constitución, Bellavista. Metrô Baquedano (linhas 1 e 5)

🕒 De terça a sexta das 16h às 20h e sábados das 12h às 20h.
💲 Entrada: sem preço fixo, pede-se uma contribuição voluntária.

Nem bem saiu do noticiário e já ganhou um museu. O Estallido (“estouro”, “explosão”) Social é como ficou conhecido o massivo processo de mobilização política que sacudiu e começou a mudar a cara do Chile, a partir de outubro de 2019.

Monumento ao General Baquedano, Santiago do Chile

Santiago inteira caberia no Museu do Estallido Social. A estátua do General Baquedano foi apeada — com cavalo e tudo — do pedestal que ocupava, na praça que leva seu nome. Ele foi o comandante militar da ocupação da Araucanía (1861-1863), o território Mapuche. Cliquei a imagem acima em 2012. A foto abaixo é de setembro de 2022


Monumento ao General Baquedano, Santiago do Chile

Deflagrado inicialmente por um aumento de tarifas no transporte público na capital chilena, o movimento cresceu para abarcar as mais diversas reivindicações, reunindo a juventude, trabalhadores, feministas, população LGBTQIA+, indígenas e muitos outros segmentos.

A extrema violência da repressão do governo do Chile — à época sob a presidência do conservador Sebastián Piñera — às manifestações do estallido resultou em 32 mortes, mais de 12 mil feridos (347 deles atingidos nos olhos por balas de borracha) e quase 9 mil presos, com muitos registros de torturas e estupros praticados pelas forças policiais.
 
Mural lembra feridos nos protestos do Chile
"Olhos para o povo". O mural no Barrio Itália lembra os mais de 300 manifestantes que perderam total ou parcialmente a visão, atingidos por balas de borracha disparadas pelos Carabineiros
Grafite de protesto em Santiago do Chile
"Onde não há acesso à cultura, a violência é o espetáculo", alerta a pichação em Providencia

As marcas dos protestos e dos confrontos com a repressão, a cargo principalmente dos Carabineiros, ainda estavam muito visíveis em Santiago, em setembro de 2022, mais de dois anos após o auge das manifestações. 

Curiosamente, no Centro da Capital, municipalidade de Santiago, que tem uma prefeita comunista, a maioria dos estragos já foi reparada. Em Providência, que tem uma prefeita conservadora, o rastro da quebradeira ainda salta aos olhos — até os vidros dos abrigos de ônibus permanecem estilhaçados.

A verdade é que Santiago inteira parece caber no Museu do Estallido Social, instalado a poucos passos da Estação Baquedano do Metrô, palco de um dos maiores levantes ocorridos durante as mobilizações.

Café Literário do Parque Bustamante, Santiago do Chile
De cortar o coração: o querido Café Literário do Parque Bustamante foi vandalizado e incendiado. Agora está fechado (foto abaixo), aguardando uma reforma
 
Café Literário do Parque Bustamante, Santiago do Chile

Gerido de forma coletiva e autônoma por cidadãos e organizações, o Museu do Estallido Social busca manter viva a memória dessa mobilização não apenas colecionando objetos, mas também ideias, relatos, reflexões e debates. Seu acervo físico ainda está em formação, com a recepção de doações, registro de depoimentos e catalogação de imagens e vídeos.

Uma peça interessante do acervo do Museu do Estallido Social é a estátua de Negro Matapacos ("Negro Mata-tiras"), cão de rua que se celebrizou em atacar as forças de repressão nas manifestações estudantis de 2011. 

Negro Matapacos, cão de rua de Santiago do chile
Negro Matapacos usando uma bandana feminista. Sua estátua costumava ser exibida em espaços públicos, mas foi vandalizada várias vezes por grupos de direita. Agora está no museu

Santiago tem uma longa tradição de tratar muito bem seus cães de rua que, sempre gordinhos e limpos, parecem levar um vidão nos parques e praças da cidade.

Negro Matapacos era um deles (ainda que tivesse uma cuidadora que o hospedava com frequência e era quem amarrava em seu pescoço as bandanas engajadas que o celebrizaram). 

Cães de rua de Santiago do Chile
Eles são mansinhos, fofinhos e dorminhocos. Mas não se atreva a bater na estudantada, que eles viram bicho

Cães de rua de Santiago do Chile

Negro Matapacos virou lenda pela combatividade com que acompanhava a estudantada em suas manifestações. Morreu velhinho, em 2017, e deixou herdeiros: durante o Estallido Social, era comum ver cães de rua defendendo manifestantes da violência policial.

Pichação no canal do Rio Mapocho, Santiago do Chile
Pichação no canal do Rio Mapocho

Cartaz de protesto no Centro de Santiago do Chile
Cartaz no Centro de Santiago

Eu já visitei museus militantes antes — como o impactante Museu Nacional dos Direitos Civis, em Memphis, EUA. Mas o Museu do Estallido Social tem uma pulsação única. 

É um monumento ao esforço dos chilenos para exorcizar definitivamente o modelo econômico escorchante e o ranço autoritário deixados pela ditadura Pinochet e que ainda assombram a vida nacional.

Você vai ver mais registros do Estallido Social nas ruas de Santiago do que no museu. Mas essa é uma visita que precisa ser feita, como um tributo a uma das maiores mobilizações políticas progressistas dos últimos tempos na América Latina.   

Centro Cultural La Moneda, Santiago do Chile
Bem atrás do palácio presidencial, o CCLM pode ser uma ótima escala em um roteiro pelo Centro de Santiago

Centro Cultural La Moneda, Santiago do Chile

 Centro Cultural La Moneda
Plaza de la Ciudadania nº 26, atrás do Palácio de La Moneda, Centro, Metrô La Moneda (Linha 1)

🕒 De terça a domingo das 10h às 19h. As lojas e restaurantes abrem também às segundas feiras.
💲 O centro cultural tem diversas atividades com entradas gratuitas e algumas com ingresso pago. Confira no site Centro Cultural La Moneda

Se você estiver procurando algo interessante pra fazer em Santiago, experimente dar uma passada pelo Centro Cultural La Moneda (CCLM), instalado no subsolo da Plaza de la Ciudadania (atrás do palácio presidencial).

Centro Cultural La Moneda, Santiago do Chile

"E se fosse você?": desenhos retratam a discriminação a imigrantes

 
Centro Cultural La Moneda, Santiago do Chile
"Nenhuma a menos": bordados denunciam a violência contra a mulher e lembram vítimas do feminicídio 

O Centro Cultural La Moneda já realizou exposições memoráveis, como retrospectivas dos pintores mexicanos Frida Kahlo e Diego Rivera, de Pablo Picasso, Andy Warhol e Joaquín Torres García.

Também foi lá que os chilenos viram o Exército de Terracota (os Guerreiros de Xian), esculturas chinesas do Século 3 a.C. descobertas em 1974.

Praça da Cidadania e acesso ao centro Cultural La Moneda
Praça da Cidadania e rampa de acesso
ao centro Cultural La Moneda
 
Além de ser muito bonito, do ponto de vista arquitetônico, o CCLM tem uma programação super variada, espalhada por seus 72 mil m². Foi inaugurado em 2006 e desde então mantém uma extensa pauta de exposições audiovisuais, cursos, oficinas, palestras, debates e sessões de cinema — o centro cultural é a casa da Cinemateca Nacional do Chile.

O Centro Cultural La Moneda tem ainda uma galeria de Design, uma galeria de Fotografia, espaço para exposições voltadas para o público infantil. Tem também lojas de artesanato e de produtos da agricultura familiar.

Exposição "Trabalhos de Campo", Centro Cultural La Moneda
Exposição Trabalhos de Campo
 
Exposição "Trabalhos de Campo", Centro Cultural La Moneda

O café e o restaurante do CCLM são uma boa pedida para quem quer beliscar ou mesmo almoçar no meio de um passeio pelo Centro de Santiago.

Passei algumas horinhas muito agradáveis no Centro Cultural La Moneda vendo a exposição Trabalhos de Campo (que ainda está em cartaz em janeiro/23), montada a partir de uma expedição de investigação ambiental.

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Como é bonito o Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana!

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
No alto, cerâmicas incas encontradas na parte central do atual território do Chile. Acima, ao fundo, figuras funerárias esculpidas em madeira pelo povo Mapuche
  
Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Bandera nº 361, Centro, Metrô Santa Ana
(linhas 2 e 5)

🕒 De terça a domingo, das 10h às 18h.
💲 Entrada para estrangeiros; $ 5 mil pesos (R$ 30)

Eu vinha me devendo a visita ao Museu de Arte Pré-Colombiana desde minha primeira visita à capital chilena, há 20 anos. Primeiro, porque — vocês estão carecas de saber — tenho esse xodó pelo tema. Segundo, porque essa é uma das instituições mais elogiadas entre os museus e centros culturais de Santiago.

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Cerâmicas mapuches
 
Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
À esquerda, representações femininas encontradas do Sul do Chile, provavelmente utilizadas em rituais de fertilidade. À direita, escultura mapuche em madeira

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Sou fascinada pelos qipus, um sistema de anotação numérica usada pelos incas, que não tinham escrita. Os estudiosos ainda tentam decifrar os códigos dos nós

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana

Pois saibam que o bichinho correspondeu bem demais à minha expectativa: que acervo lindo, gente!

Aliás, não só o acervo, mas também o edifício onde está instalado o museu — o Palácio da Real Aduana de Santiago, do comecinho do Século 19 — e a ambientação do espaço expositivo.

Uma pena é que que apenas o primeiro pavimento do museu está aberto à visitação, devido a dificuldades econômicas. Mas, mesmo assim, essa vista foi um deleite. 

A parte da coleção que está exposta é um belo mergulho em algumas das culturas que habitaram — e ainda habitam — o território do Chile, como os povos Mapuche e Rapa Nui (da Ilha de Páscoa) e outros povos ancestrais, como os Quéchua (Incas), Aymaras, Astecas e Maias. Algumas peças têm mais de 3 mil anos de idade.

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Os espíritos de madeira do povo Rapa Nui representam forças do bem e do mal

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
Cerâmicas encontradas em Arica (Chile), Tiwanaku (Bolívia)
 e no Caribe
 
O acervo do Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana reúne esculturas, cerâmicas, têxteis, adornos e um lindo conjunto de Qipus, chamados de “a escrita dos Incas”— que não tinham uma escrita. 

Na verdade, os qipus funcionavam como um instrumento de contabilidade, onde os nós aplicados a um grupo de cordas permitiam registrar quantidades de víveres, animais, soldados e tudo mais que se precisasse quantificar.

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
A coleção de têxteis do museu é um escândalo de bonita. A maior parte das peças é inca

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana

Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana
À esquerda, objetos usados em rituais de cura encontrados no Sul do Chile. À direita, as esculturas mapuche. Chamadas de chemamülles, elas eram colocadas sobre as tumbas de chefes e guerreiros, representando o espírito do morto

O núcleo do acervo do Museu Chileno de Arte Pré-Colombiana foi a coleção reunida ao longo da vida pelo arquiteto Sergio Larraín García-Moreno. 

Com uma ênfase muito mais na beleza plástica das peças do que no seu significado funcional ou antropológico, Larraín acabou organizando um fartíssimo banquete para os olhos de quem visita o museu. Simplesmente imperdível — e tente resistir à loja de artesanato que funciona no pátio central do museu... 😉

Museu Histórico Nacional do Chile
O Museu Histórico, bom complemento para uma visita à Plaza de Armas

Museu Histórico Nacional do Chile
Plaza de Armas nº 953, Centro, Metrô Plaza de Armas
(linhas 3 e 5)

🕒 De terça a domingo, das 10h às 17:45h.
💲 Entrada gratuita.

Aposto que a Plaza de Armas estará no seu roteiro pelo Centro Histórico de Santiago. Então, aproveite e dê uma passadinha pelo Museu Histórico Nacional do Chile pra conhecer mais sobre a formação do país e sobre o contexto que cerca a praça, centro do poder colonial.

Museu Histórico Nacional do Chile
Caleche usada pelo último governador espanhol no Chile, Casimiro Marcó del Pont, deposto em 1817
 
Museu Histórico Nacional do Chile
Quadros históricos, mobiliário e maquetes ajudam a contar a história do Chile

O museu está instalado em um dos edifícios mais importantes da praça, a antiga sede da Real Audiência (o tribunal máximo no tempo do domínio espanhol), construído no Século 19 no mesmo terreno onde Pedro de Valdívia (o “conquistador do Chile”) havia plantado seu palácio, quase 300 anos antes.

Museu Histórico Nacional do Chile
Pátio central do antigo Palácio da Real Audiência, rebatizado de Palácio da Independência por Bernardo O'Higgins após a vitória definitiva sobre os espanhóis
 
Museu Histórico Nacional do Chile
O museu tem uma coleção de vestuário e adereços. À direita, um pouco do cotidiano dos camponeses, com ferramentas usadas na lavoura e os instrumentos musicais para as horas de descanso

Museu Histórico Nacional do Chile
A maquete reproduz a aparência da Plaza de Armas no tempo da colônia

O acervo do Museu Histórico Nacional é bem variado — das ferramentas para a lavoura ao vestuário das elites, passando por instrumentos de navegação da Era da Vela e chegando aos cartazes políticos do governo socialista de Salvador Allende, sem esquecer da memória da resistência à ditadura e da luta pela redemocratização do Chile.

Com um roteiro muito bem explicadinho, a visita ao museu nos permite conhecer a trajetória de formação do Chile como país a partir da chegada dos europeus.

Museu Histórico Nacional do Chile

Entre 1937 e 1973, o Chile avança na democracia e no combate à desigualdade, com governos da Frente Popular, liderado por Pedro Aguirre Cerda, chegando ao governo da Unidade Popular de Salvador Allende. Eses cartazes recordam programas e ações desenvolvidos nesse período


Museu Histórico Nacional do Chile

Arpillera de la Memória ("serapilheira da memória"): usando a técnica tradicional (arpillera/serapilheira) que reúne o bordado, colagem e retalhos, artesãs chilenas executaram este painel relembrando o golpe militar, a repressão política e as violações aos direitos humanos durante a ditadura

 
Museu Histórico Nacional do Chile
A Batalha de Chacabuco, pintado por José Tomás Vandorse em 1863 registra a participação de soldados negros (no detalhe, à direita) na luta pela Independência do Chile. Liderada por San Martín e O'Higgins, a batalha decisiva foi travada em 1817, nos arredores de Santiago

A Sala dos Primeiros Habitantes do Chile, com registros das culturas Inca, Arica, Aymara, Atacamenha, Rapa Nui e outros povos, está fechada ao público, atualmente. Apesar da presença de exemplares de arte popular, arqueologia e etnografia, achei que a perspectiva da exposição ficou muito eurocêntrica com essa lacuna. 

O espaço dedicado aos povos originários não é o único que está fechado. Todas as salas do térreo do museu — Descobrimento e ConquistaA Cidade Indígena, Igreja e Estado Sociedade Colonial também estão indisponíveis ao público. Com isso, o passeio pela história do Chile começa no Século 18.

Mas esse percurso abreviado é bem legal de se ver. As salas dedicadas ao Chile mais recente, aos governos populares, ao enfrentamento da ditadura e a reconquista da democracia, compensam muito a visita.

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile

Além de tudo, o Centro Gabriela Mistral é muito bonito. A escultura giratória Terceiro Mundo, de Sergio Castillo, foi realizada em 1972, para a Conferência sobre Comércio e Desenvolvimento da ONU. Hoje ela ocupa o saguão do subsolo do GAM, onde estão salas de espetáculo e de cinema


Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile
À direita, o célebre Peixe de Vime uma recriação do artesão Júlio Rodriguéz da obra original de Alfredo Manzano (Manzanito) para decorar a conferência das Nações Unidas

Centro Cultural Gabriela Mistral (GAM)
Avenida Libertador Bernardo O'Higgins nº 227, Metrô Universidad Católica (Linha 1)

🕒 O Edifício GAM e suas cinco praças estão abertos ao público diariamente, das 9h às 23h. O funcionamento de cada espaço, porém, varia. Consulte todos os horários no site do Centro Cultural Gabriela Mistral.

💲 O preço dos ingressos para as apresentações do GAM variam. Há muitas atividades gratuitas, também. Antes de ir, consulte o site do centro cultural para se planejar e reservar.  

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile
Memórias do estallido social em exposição no GAM

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile

Já falei sobre o Centro Cultural Gabriela Mistral no post sobre as atrações do Bairro Lastarria, mas não custa repetir — porque o lugar é realmente muito bacana, com uma programação fervilhante de teatro, cinema, dança, artes visuais, cursos, oficinas e muito mais.

Pode ter certeza: você sempre vai encontrar alguma coisa interessante rolando no Centro Gabriela Mistral—a poeta, primeira mulher a receber o Nobel de Literatura, certamente ficaria orgulhosa de emprestar o nome para esse centro cultural.

Só o edifício do GAM já é um show. Foi construído durante o governo de Salvador Allende para abrigar uma importante conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, realizada em 1972, a UNCTAD III, que debateu a superação da pobreza.

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile
Se você curte cinema (ou dança, ou teatro), fique de olho na programação do GAM

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile

Logo após o evento internacional, o espaço começou a receber atividades culturais, mas a ditadura Pinochet não só fechou o centro como o converteu no QG da junta militar que passou a governar o Chile.

Resgatado para a cultura com o retorno da democracia, o GAM tem uma pulsação muito animada, de manhã à noite. Em seus 22 mil metros quadrados, você vai encontrar salas de exposição e de apresentação, café, restaurante, biblioteca, livraria e nada menos do que cinco espaços abertos, verdadeiras praças, que funcionam como pontos de encontro e contribuem para a efervescência do centro cultural.

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile
A Estação de Metrô Universidad Católica tem uma saída de cara para uma das entradas do GAM, espaço agora chamado de "Praça de Todas"

Centro Cultural Gabriela Mistral, Santiago do Chile

Na minha passagem por Santiago, fui ver uma exposição interessantíssima no Centro Gabriela Mistral, com fotos dos muitos grafites e pichações produzidos durante as mobilizações de rua (o estallido social).

Com uma estação de metrô (Universidad católica) literalmente na porta, além de dezenas de linhas de ônibus passando pela Alameda (a Avenida Libertador Bernardo O'Higgins), você vai ficar sem desculpas para ir ao GAM. Nem que seja para respirar a animação do lugar.

O Chile na Fragata Surprise


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4 comentários:

  1. Como sempre, um ótimo panorama da nossa museóloga viajante. Os relatos me fazem pensar - novamente - em 2 questões : a uma, caminharam bem os chilenos ao julgar e punir os golpistas ditadores, ao contrário de nós brasileiros, que inventamos a tal da Anistia para livrar da prisão milhares de assassinos e não punimos ninguém. A duas, na mansidão do povo brasileiro.

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    1. Varrer a História pra debaixo do tapete é sempre uma péssima escolham, né, Kenneth?

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  2. Tô louca pra voltar pra Santiago principalmente pra visitar o Museu da Memória e dos Direitos Humanos!!

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    1. É um museu essencial, Fer. É uma visita bem dolorosa, mas necessária

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