6 de dezembro de 2018

Passeio de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans


Passeio de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans

Passeio no pântano: os bichos estavam tímidos, mas a paisagem é igualzinha à descrita nos livros


Música deste post: Jambalaya, John Fogherty

Depois de tanto ver os alagados e bayous (braços de rio) da Luisiana no cinema, ler sobre eles nos livros e ouvir centenas de canções a respeito — “We’ll have a big fun on the bayou” promete a letra de Jambalaya, a mais famosa dessas músicas — é claro que eu não ia perder a oportunidade de fazer um passeio de barco nos pântanos próximos a Nova Orleans, né?

O principal interesse dos turistas nos passeios pelos pântanos da Luisiana é ver a fauna local. Eu avistei jacarés (aligátores, pra ser tecnicamente precisa), garças, guaxinins,  porcos do mato e alguns pássaros, mas aviso a quem já esteve no Pantanal do Mato Grosso que vai ser difícil ficar muito impressionado com a bicharada gringa.

Ainda mais que o período da minha viagem, novembro, não é muito propício para avistar a fauna dos pântanos. Eu já fui sabendo disso: a agência avisa que jacarés, cobras e outros répteis hibernam nas épocas mais frias.

Guaxinins em um pântano próximo a Nova Orleans
Guaxinins em um pântano próximo a Nova Orleans
Os guaxinins foram os bichos mais desinibidos que encontrei no pântano da Luisiana. Apareciam toda hora, posavam para as fotos — mas parecem mais comportados que os primos, aqueles quatis endiabrados das Cataratas do Iguaçu 😁


O cenário dos pântanos, porém, é um espetáculo: ciprestes centenários cobertos por longas barba de velho — que na Louisiana se chama spanish moss, ou musgo espanhol —, a bruma permanente sobre as águas e um ar de mistério e perigo (só o ar, o passeio é bem seguro 😉), igualzinho ao que mostram filmes e livros.

Outra vantagem de visitar os pântanos próximos a Nova Orleans é aprender um pouco mais sobre os cajuns — os bayous e os pântanos são o lar dessa cultura.

Musgo barba de velho típico dos pântanos da Luisiana
Musgo barba de velho típico dos pântanos da Luisiana

O musgo barba de velho tem diversas utilidades e sua exploração é uma das atividades econômicas dos cajuns. A fibra é usada, por exemplo, como enchimento de colchões


Os barqueiros que conduzem os turistas pelos pântanos, em geral, são cajuns da gema e gostam de enriquecer o passeio contando muitas histórias e explicando os costumes de sua gente.

Os passeios de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans podem ser feitos todos os dias da semana, geralmente no turno da manhã, e são fáceis de contratar nas agências da cidade.

Veja como foi minha experiência:

Cabana cajun em um pântano da Luisiana

Uma cabana cajun bem camuflada na mata


Passeio de barco em um pântano da Luisiana


Quem são os cajuns, o povo que mora nos bayous

Os cajuns descendem dos colonos franceses que originalmente povoaram a Acádia (hoje, Nova Escócia, no Canadá) e foram expulsos de lá pelos ingleses, entre 1755 e 1763 — fala-se em cerca de 11 mil deportados.

A palavra cajun deriva de acadien (leia acadiân), que no falar acelerado dos creoles soava como cadiân — e os ouvidos monoglotas dos yankees entendiam como cadjân.

Ao serem expulsos da Acádia, os colonos bem que tentaram se estabelecer em Nova Orleans. Os “aristocráticos” creole, porém, os viam com desconfiança.

Bayou na Luisiana
Bayou na Luisiana

Os bayous são o lar dos cajuns


Os colonos franceses e espanhóis estabelecidos em Nova Orleans, chamados creole, eram, em geral, oriundos se setores mais abastados e urbanos ou mesmo da aristocracia.

Já os migrantes que povoaram a Acádia eram majoritariamente camponeses pobres ou mesmo desterrados como pena por algum tipo de delito.

O encontro desses dois grupos sociais não foi dos mais harmônicos — pra vocês verem que luta de classes não foi invenção de Karl Marx, que nasceu quase mais de meio século depois dessa história 😀😀😀.

Navegação em um pântano da Luisiana próximo a Nova Orleans

Mais rústicos e afeitos à vida rural, os cajuns ocuparam as áreas alagadas da Luisiana, onde o relativo isolamento favoreceu a preservação de seus costumes, como o idioma (dialeto derivado do francês ainda falado nos bayous), a religião (católica), a música e a hoje famosa culinária (que vai ser assunto de outro post).

Os cajuns são reconhecidos oficialmente como um grupo étnico pelo Estado Norte-Americano.

Como é passeio de barco pelos pântanos próximos a Nova Orleans

Como eu disse, essa é uma atração turística bem popular entre os turistas que visitam Nova Orleans e é oferecida pela maioria das agências da cidade.

Porcos do mato em um pântano da Luisiana

Alguns porcos do mato resolveram dar o ar da graça, mas sem muito exibicionismo


Fiz o passeio de barco pelo pântano com a empresa Cajun Pride Swamp Tours, que mantém uma reserva particular no Pântano Manchac, nos arredores da cidade de Frenier, a pouco mais de 40 km a Leste de Nova Orleans.

➡️O passeio, com transporte incluído (uma van busca os passageiros nos hotéis e os traz de volta) custa US$ 49.

Garça em um pântano da Luisiana

As garças são bem comuns nos pântanos da Luisiana


➡️Quem quiser ir à reserva da Cajun Pride por conta própria paga quase a metade desse preço: US$ 27 pelo passeio — mas essa opção só é interessante para quem está de carro, pois o transporte público chega no máximo à cidade de Laplace, a cerca de 2km da reserva.

Na chegada à reserva, os grupos (com cerca de 20 pessoas) recebem breves instruções de segurança e sobem à bordo das embarcações. O capitão do barco se encarrega da “narração” e de apontar os bichos que vão surgindo pelo caminho.

Placa alerta para a presença de crocodilos em um pântano da Luisiana
Segundo o jacaré engraçadinho, humanos "têm gosto de frango". Segundo a administração da reserva, "ainda não foram servidos pedaços de gente como refeição aos aligátores" naquelas bandas


Dizem que no verão a população de jacarés chega perto do que se pode chamar de “multidão”. No frio, apareceu uma meia dúzia de aligátores, para alegria dos passageiros — todos gringos, exceto eu, o que explica o nível de alvoroço diante de um prosaico jacaré.

Como se trata de uma reserva particular, apenas os barcos da Cajun Pride navegam aquele trecho de pântano. A empresa organiza os horários de partida dos grupos de modo a evitar engarrafamentos. Na maior parte do tempo, a sensação é de estarmos sozinhos no meio do bayou.

Bayou na Luisiana

Quanto tempo reservar para o passeio no pântano

Reserve uma manhã ou uma tarde. Para o tour das 9:30h, as vans começam a recolher os passageiros nos hotéis em Nova Orleans a partir das 8 horas. Por volta do meio-dia, no máximo 12:30h, os grupos já estão de volta à cidade.

➡️A navegação pelo pântano dura entre 1 hora e 1h20, tempo suficiente para se ver bem a paisagem e avistar alguns bichos.

Atracadouro em um pântano da Luisiana

O cartaz pede para que não sejam atiradas pedras na água. Os aligátores pensam que é comida


Como contratar o passeio de barco pelos pântanos

Eu comprei o passeio em uma agência de Nova Orleans, onde paguei apenas um depósito de US$ 20. Os restantes US$ 29 eu quitei ao chegar à reserva da Cajun Pride, em Frenier.

Esses US$ 49 são o preço do passeio com transporte incluído, como já expliquei. Essa modalidade fica mais barata, quando comprada online (US$ 42).

Se quiser comprar apenas a navegação no pântano, sem transporte entre Nova Orleans e a reserva da Cajun Pride, o preço é de US$ 27 (US$ 20, para quem compra online.

➡️ Os tours são oferecidos em quatro horários: 9:30h, 12h, 14:15h e 16:15.

Tour pelos pântanos da Luisiana

Os barcos onde são feitos os passeios são bem simples





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