10 de abril de 2018

Roteiro em Nova York – seis dias


Nova York vista do Top of the Rock no Rockefeller Center

Nova York vista do mirante Top of the Rock (Rockfeller Center). Como é que eu consegui ficar tanto tempo longe dessa cidade?


O que fazer em Nova York numa primeira visita — ou quando você está há mais de duas décadas sem aparecer por lá?

Com seis dias na cidade, fiz um pouquinho de ginástica para montar meu roteiro em Nova York. Tanto pra ver e tão pouco tempo...

Passei 23 anos sem pisar na minha outrora cidade favorita — aquela que, nos anos 80 e 90, ficava com cada moeda do meu porquinho. Sim, porque toda a grana que eu tive naquele período era pra viajar a Nova York.

Grand Central Station e Edifício da Chrysler em Nova York

Reunião de ícones: o Edifício da PanAm (hoje MetLife Building), Grand Central Station, o viaduto de ferro de Park Avenue e o lindão Chrysler Building, meu xodó art déco


O tempo passou, o mundo ficou muito maior para a minha curiosidade. Quando eu vi, já estava há quase um quarto de século sem aparecer por lá.

Amigas de verdade, porém, podem ficar décadas sem se ver, que o reencontro será como se tivessem feito uma farra na véspera. Foi assim essa minha reunião com Nova York, em seis lindos dias, aproveitando os feriados de Páscoa.

Experimente: Uma playlist pra embalar sua viagem a Nova York

Primavera em Nova York, Rua 39 Leste

A primavera se apresentando na 39th Street (Rua 39), meu pouso nessa semana nova-iorquina


A cidade mudou. Já foi uma das mais perigosas do mundo, hoje é uma das metrópoles mais seguras do planeta. O metrô, onde ratazanas do tamanho de um beagle faziam parte da paisagem, está limpinho e quase cheiroso. Os mafuás pra lá de alternativos onde eu gostava de circular foram varridos de vizinhanças gentrificadas.

Mas Nova York continua tão instigante quanto antes.

entardecer na Lexington Avenue em Nova York
Coleção Egípcia do Metropolitan Museum de Nova York

No alto, e entardecer na Lexington Avenue. Acima,
uma peça da Coleção Egípcia do Metropolitan Museum


Veja como organizei meu roteiro em Nova York. Se você está indo pela primeira vez, ou pela décima primeira, aposto que vai curtir essas dicas de passeios e atividades.

Acompanhe meus passos no mapa e bora passear 😊.

E prepare-se, porque muitas dicas vão pintar por aqui nos próximos posts.

Roteiro em Nova York


Metrô de Nova York
Metrô de Nova York

O metrô de Nova York é eficiente e também conta como atração turística



Como organizei meu roteiro em Nova York
Um bom roteiro por uma metrópole começa com a definição da hospedagem. Um lugar seguro, com fartas opções de transporte e próximo dos pontos de interesse é uma mão na roda, sempre.

Minha hospedagem em Nova York foi em Midtown, o que encurtou o caminho para as atrações ao Norte e ao Sul da ilha de Manhattan — além de ser uma área plena de pontos de interesse.

Escolhi o Hotel Pod 39 pelas referências e pelo preço — como está cara a hospedagem em Nova York 😱.

Grand Army Plaza e The Plaza Hotel em Nova York

Grand Army Plaza e The Plaza Hotel,
onde a 5ª Avenida encontra o Central Park


O hotel fica na Rua 39 Leste, entre as avenidas Lexinton e 3ª, pertinho do metrô, de bons restaurantes e de muita coisa que eu queria rever.

Esse roteiro em Nova York tinha muito mais de jornada sentimental do que de descobertas. A ideia era mesmo fazer o que o coração mandasse, ainda que alguns pontos “obrigatórios” ficassem de fora — o bom de ter intimidade com um lugar é que você não precisa fazer cerimônias e cumprir protocolos.

Mesmo assim, tentei dar um mínimo de racionalidade a essa flanagem afetiva que foi meu roteiro em Nova York.

Lago do Central Park em Nova York
"Pra onde vão os patos do lago do Central Park no inverno?", perguntava Holden Caulfield, protagonista de O Apanhador no Campo de Centeio. Se alguém souber, me conte 


Agrupei as atividades por áreas geográficas para favorecer os trajetos a pé entre as atrações. Nem sempre consegui ser cartesiana — que dia eu fui, mesmo? — mas organização é fundamental para poupar tempo, especialmente numa cidade com tanto pra ver.

Nos momentos em que batia a vontade de ver algo lá do outro lado da cidade, era socorrida pelo transporte coletivo de Nova York, que é eficiente e fácil de usar.

Veja todas as dicas de Nova York clicando nos ícones do mapa:




Roteiro de 6 dias em Nova York


1º dia em Nova York (terça-feira): os ícones de Midtown, Central Park e Frick Gallery

Pra começar a matar as saudades de Nova York, nada melhor do que a caminha de quase 4 km que eu fiz, do meu hotel até Strawberry Fields. 

Nesse cantinho do Central Park, na altura da Rua 72 Oeste, Yoko Ono construiu um singelo memorial para John Lennon.

O caminho da Rua 39 até Strawberry Fields foi como um longo traveling cinematográfico.

Passei por um monte de ícones de Nova York localizados em Midtown: o Chrysler Building (o vizinho mais bonito que eu já tive na vida), a Grand Central Station, o Bryant Park, a Biblioteca Pública, o Rockefeller Center e o Plaza Hotel, só para citar alguns.

Strawberry Fields memorial de John Lennon no Central Park de Nova York
Strawberry Fields, o memorial que Yoko construiu pra John Lennon no Central Park. Todas as minhas visitas a Nova York começam lá


Atravessei a paisagem ainda meio invernal do Central Park (o comecinho de primavera em Nova York  estava geladinho que só) pela trilha da Rua 72 até Strawberry Fields — boa hora pra matar a saudade de outro ícone da cidade, o hot dog de carrocinha, pois sempre há muitas delas nesse ponto do parque.

Mais sobre esse passeio: Central Park - Nova York ao ar livre

Depois, fiz o caminho inverso para chegar à Frick Collection, um dos museus mais importantes da cidade.

Frick Collection em Nova York
Frick Collection em Nova York

A Frick Collection tem um acervo bárbaro e faz excelentes mostras temporárias, também. Fica na 5ª Avenida


A Frick Collection tem um belo acervo de mestres da pintura, mobiliário e esculturas. Um motivo a mais para a visita: a exposição temporária "Jacó e seus filhos", com a série de telas pintadas pelo espanhol Franscisco de Zurbarán (Século 17), que fica em cartaz até 22 de abril.

Quer saber mais sobre a Frick Collection e os outros museus que visitei nesta viagem (Metropolitan, Guggenheim, Neue Galerie e MoMA)? Dá uma olhada neste post:
5 museus imperdíveis em Nova York

Times Square em Nova York

A rigor, Times Square seria apenas uma esquina 😊 


Pra encerrar o dia de reencontros em Nova York, nada melhor que esperar o acender das luzes de Times Square, no finalzinho do dia.

Mergulhar no burburinho de uma das esquinas mais famosas do planeta, coração do bairro dos teatros de Nova York, foi como receber um abraço da cidade.

2º dia em Nova York (quarta-feira): Ponte do Brooklyn, pizza histórica o Museu Guggenheim

Depois de andar tanto por Nova York na véspera, eu bem que pretendia limitar minha aventura caminhante aos 486 metros da Brooklyn Bridge, que já tinha namorado de diversos ângulos, mas ainda não tinha atravessado a pé.

Ponte do Brooklyn em Nova York

A Ponte do Brooklyn é um mirante espetacular para o horizonte mais famoso do mundo


É bem fácil chegar até à cabeceira da Ponte do Brooklyn de metrô (tanto em Manhattan quanto do outro lado, no Distrito do Brooklyn).

Veja como foi esse passeio: Como atravessar a ponte do Brooklyn, em Nova York

Minha intenção, ao chegar à outra margem do East River pela Ponte do Brooklyn, era explorar a região de Brooklyn Heights, uma novidade pra mim — a vizinhança é uma das muitas a virar moda nesses 23 anos em que fiquei sem ir à cidade.

Lombardi's, a pizzaria mais antiga de Nova York

Almocei muito bem e pagando pouco na Lombardi's, a pizzaria mais antiga de Nova York


O tempo enfarruscado, porém, não estimulava descobertas. Nessas horas, melhor o aconchego de velhos conhecidos.

Voltei a Manhattan de metrô para uma sessão de comfort food na pizzaria mais antiga de Nova York, a Lombardi's, aberta em Little Italy em 1905.

Memorial ao 11 de setembro em Nova York
Estação Oculus em Nova York
O WTC Memorial (no alto) e a Estação Oculus,
assinada por Santiago Calatrava

No caminho até Little Italy (de metrô do Brooklyn até Fulton Street e depois a pé), ainda parei um tempinho pra ver o novo World Trade Center.

O Novo WTC tem arquitetura ousada, onde se destacam as linhas de Santiago Calatrava na Estação Oculus, ou World Trade Hub Transportation Center, uma estação intermodal de transporte (tem metrô) que faz parte do complexo que substitui as torres gêmeas.

Museu Guggenheim de Nova York
Museu Guggenheim de Nova York
Museu Guggenheim de Nova York
Museu Guggenheim de Nova York

Ah, que essas curvas do Museu Guggenheim me entortam de paixão


Depois do almoço, o metrô me deixou no Upper East Side, a três quadras do Museu Guggenheim, outra das minhas paixões na cidade — nem tanto pelo acervo (que é maravilhoso), mas especialmente pela magnífica arquitetura curvilínea de Frank Lloyd Wright, autor do projeto do edifício.

3º dia em Nova York (quinta-feira): MoMA, Neue Galerie e o sanduba da Katz's Deli

Poucas cidades no mundo são capazes de me deixar tão feliz quando sou confrontada com um toró insistente.

Em Nova York, chuva significa que você pode se enfurnar o dia em inteiro em um museu (no caso, em dois) sem medo de ser chamada de esquisita.

Tarsila do Amaral no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York)
MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York)
MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York)

O MoMA é um refinadíssimo banquete visual. No alto, Operários, de Tarsila do Amaral, na mostra especial dedicada a essa gênia da raça brasileira. No centro, as Senhoritas de Avignon, de Picasso. Acima, One: Number 31, de Jackson Pollock


Comecei o dia no MoMA (Museum of Modern Art/ Museu de Arte Moderna), que é pra mim um dos mais espetaculares do planeta.

O que a gente diz de um acervo que tem Les Demoiselles d'Avignon (As Senhoritas de Avignon), de Picasso, considerado o marco inaugural da Arte Moderna, Starry Night (Noite Estrelada), de Van Gogh, e La Danse (A Dança), de Matisse?

Como nada é tão bom que não possa melhorar, o MoMA está com uma exposição da brasileira Tarsila do Amaral que quase me leva às lágrimas. Ficou em cartaz até 3 de junho de 2018.

Sanduíche de pastrami da Katz's Delicatessen em Nova York

Atração turística com (muito!) sabor: sanduíche de pastrami da Katz's Deli


Coração saciado? Coisa nenhuma. Minha tarde foi também especialíssima na fantástica Neue Galerie, dedicada à arte alemã e austríaca das primeiras décadas do Século 20.

O quadro mais famoso da Neue Galerie deNova York é O Retrato de Adele Bloch-Bauer, de Klimt, mas tudo naquele acervo é de enlouquecer.

O museu abriu em 2001 e eu ainda não o conhecia — como é que eu pude passar tanto tempo sem ir a Nova York?

Depois de tanta beleza, a parte profana do dia foi o jantar na mega-blaster famosa Katz's Delicatessen — sim, aquela da cena do orgasmo fake de Meg Ryan em Harry e Sally.

A memória do sanduíche de pastrami da Katz's foi um dos motivos para eu retornar à cidade. E continua batendo um bolão.

Para mais cenários de filmes na cidade, leia: Nova York no cinema - e o cinema em Nova York

Parque Highline em Nova York

Como é bacana o High Line Park 🧡


4º dia em Nova York (sexta-feira): High Line Park, Chelsea e Lower Manhattan

No dia do meu aniversário, quis me dar de presente uma Nova York novinha em folha. Fui conhecer o badalado High Line, parque do descolado Meatpacking District instalado em uma antiga linha férrea elevada que ia ser demolida. 

São 2,3 km de passarela arborizada e dotada de banquinhos e outros equipamentos, com vistas para o Rio Hudson, para a cidade e para a vida cotidiana das janelas e sacadas do entorno.

Veja como foi o passeio: High Line, Nova York: o parque-mirante

Na vizinhança do High Line, aproveitei para conhecer os descoladinhos Gansevoort Market, onde parei para um café, e o Chelsea Market, onde há várias boas opções para o almoço.

Flatiron Building em Nova York
Flatiron Building em Nova York

O Flatiron Building,
no cruzamento da 5ª Avenida com a Broadway


Do High Line Park, não resisti e fui dar uma olhada no Chelsea Hotel, um mito nova-iorquino onde Jack Keruak escreveu On the Road e que teve moradores como Bob Dylan, Jim Morrison, Leonard Cohen e Janis Joplin — um dos maiores templos da boemia de todos os tempos.

O Chelsea Hotel fica na Rua 23 Oeste, está em reformas, mas continua me provocando friozinho na barriga por sua história.

Veja o post: Chelsea Hotel, Nova York - templo da boemia

Caminhando mais algumas quadras está outro ícone da cidade, o Flatiron Building — com a Eataly New York bem em frente.

5º dia em Nova York (sábado):  Soho, Chinatown e  Riverside Park

No primeiro dia de sol de verdade que tive em Nova York, eu só queria andar à toa. Pra isso, nada melhor do que voltar a Lower Manhattan, mas para as vizinhanças velhas conhecidas do East Village, SoHo e Chinatown.

Fachada do SoHo em Nova York
Chinatown em Nova York

Garimpar fachadas lindas no SoHo (no alto) é uma das minhas paixões em Nova York. Mas a arquitetura de Chinatown também merece uns cliques

Era por esses bairros que eu flanava um bocado nas visitas de antanho a Nova York e era desse pedacinho de mundo que eu andava com mais saudade.

Está tudo muito mais chique por lá, mas as fachadas antigas, as escadas de incêndio e as lojas moderninhas ainda tornam tudo muito atraente e fotogênico.

Riverside Park em Nova York

O sossegado Riverside Park tem vista para Rio Hudson


No meio da tarde, dei uma virada no mapa e fui eu ver outros ângulos do Rio Hudson no Riverside Park, láaaa na altura da Rua 90, no Upper West Side.

Voltei caminhando para Midtown, a tempo de pegar a happy hour em um dos bares mais históricos do planeta, no Algonquin Hotel.

Bar do Hotel Algonquin em Nova York
Uma visita a Nova York sem o dry martini
do bar do Algonquin? Nunquinha 🥂

6º dia em Nova York (domingo): Metropolitan Museum, Top of the Rock e despedida da cidade

Deixei os dois maiores blockbusters deste roteiro para a despedida de Nova York. Comecei o domingo no Metropolitan Museum, um dos museus mais espetaculares do planeta, onde passei quase o dia todo.

Quase todo, porque às 5h da tarde eu tinha um compromisso com o skyline  de Nova York no mirante Top of the Rock, no Rockefeller Center.

Templo de Dendur no Metropolitan Museum de Nova York
O templo egípcio de Dendur, no Metropolitan Museum

Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Navegue com a Fragata Surprise 
Twitter     Instagram    Facebook 

2 comentários:

  1. Seja qual for a estação do ano, sempre se encontra um bom motivo para passear no Central Parque e ver como Nova York é gostosa ao ar livre.
    CONCORDO PLENAMENTE. É A CIDADE QUE SEM DÚVIDA ESCOLHERIA MORARRRRRR

    ResponderExcluir