9 de julho de 2015

Colônia Witmarsum, um Brasil diferente no interior do Paraná

Casa típica da Colônia Witmarsum, comunidade amish no Paraná
Casa típica da Colônia Witmarsum, comunidade amish no Paraná
Sou completamente apaixonada por telhados adornados com lambrequins. Esta é a sede do Museu Histórico da Colônia Witmarsum, no Paraná


Se você curte lugares aconchegantes, com um astral mais rural e sossegado, vai adorar a Colônia Witmarsum, no Paraná.

Um passeio à vila, a 64 km de Curitiba, é uma boa pedida para aproveitar o charme do inverno do Sul do Brasil. A escapada, com sotaque alemão  — idioma "oficial" do lugar  — é uma ótima oportunidade de provar gostosuras germânicas que combinam tão bem com as temperaturas amenas.


Paisagem rural da Colônia Witmarsum, Paraná
70 anos após a fundação da Colônia Witmarsum, a comunidade continua vivendo em pequenas propriedades rurais


A Colônia Witmarsum é uma comunidade menonita fundada por alemães, nos anos 50, na antiga Fazenda Canela, município de Palmeira (PR). Basta uma horinha de viagem, a partir de Curitiba, para o visitante mergulhar nesse Brasil bem diferente.

Além do contato com um modo de vida desacelerado e ligado à terra, garanto que você vai adorar a pantagruélica celebração que é o café colonial servido na Colônia Witmarsum — e que é a grande atração para quem faz o bate e volta a partir da capital.

Veja as dicas desse ótimo passeio:

Visita à Colônia Witmarsum


Museu Histórico da Colônia Witmarsum, antiga sede da Fazenda Canela
Museu Histórico da Colônia Witmarsum, antiga sede da Fazenda Canela

A casa que abriga o museu de Witmarsum era a sede da Fazenda Canela, origem da colônia


Os menonitas no Paraná

Para saber quem são os menonitas, lembre-se de A Testemunha, filme de Peter Wier lançado com muito sucesso na década de 80. Na trama, um detetive da Filadélfia (Harrison Ford, lindo de morrer!) precisava se esconder em uma colônia amish e aprender a viver uma vida simples e sem muitos dos confortos da tecnologia.

Os menonitas de Witmarsum não são tão ortodoxos quanto os amish — há telefones, luz elétrica e internet na comunidade — mas eles preservam o preceito da simplicidade em seu dia a dia.

Paisagem rural da Colônia Witmarsum, Paraná

A comunidade menonita chegou ao Brasil nos anos 30, para se estabelecer originalmente em Santa Catarina.

Na década de 50, cerca de 1.500 colonos se estabeleceram na Fazenda Canela, onde vivem principalmente da pecuária leiteira — aliás, a Colônia Witmarsum é famosa pela sua produção de queijos finos, como o brie e o camembert, que fizeram o maior sucesso aqui em casa. 😊

Museu Histórico da Colônia Witmarsum, Paraná
Museu Histórico da Colônia Witmarsum, Paraná
Os ambientes do Museu Histórico reproduzem a vida cotidiana no início da Colônia Witmarsum, com móveis, objetos decorativos e utensílios doados pelos moradores


No dia da nossa visita, fomos recebidos pelo historiador Heinz Egon Philippsen, nascido na comunidade, que traçou um panorama bem interessante sobre os menonitas, sua chegada ao Brasil e a criação da Colônia Witmarsum. Há uma cidade com o mesmo nome em Santa Catarina, sede do assentamento original do grupo em nosso País.

Para compreender melhor a trajetória e o astral de Witmarsum, não deixe de visitar o Museu Histórico, instalado na bela casa de madeira (e com aqueles lambrequins que eu amo adornando o telhado) que era a sede da Fazenda Canela, origem da colônia.

Os ambientes do Museu Histórico da Colônia Witmarsum estão organizados nos cômodos da casa, reproduzindo aspectos da vida cotidiana da comunidade por meio de móveis, utensílios e documentos doados pelos moradores.

Hospedagem na Colônia Witmarsum, Pousada Campos Gerais
Hospedagem na Colônia Witmarsum, Pousada Campos Gerais
Hospedagem na Colônia Witmarsum, Pousada Campos Gerais

A vista da Suíte Ipê, na Pousada Campos Gerais


Como chegar à Colônia Witmarsum

Pela BR-277, a partir de Curitiba, siga na direção de Palmeira.

A entrada para a Colônia Witmarsum fica antes da cidade de Palmeira, a cerca de 64 km de distância da Capital, na altura do trevo da BR-376.

Para achar no GoogleMaps, procure pela Avenida Ernesto Geisel, que é o endereço oficial da Colônia Witmarsum.

Quando ir à Colônia Witmarsum

A Colônia Witmarsum é programa para qualquer época do ano.

Lembre-se que no inverno faz bastante frio nos Campos Gerais, região do Paraná onde fica a Colônia Witmarsum — mas a ideia é essa mesmo.

Prefira os finais de semana, para aproveitar a Feira do Produtor, o Museu Histórico e outras atrações.

Hospedagem na Colônia Witmarsum, Pousada Campos Gerais
A Pousada Campos Gerais tem parque infantil e cavalinhos


O que fazer na Colônia Witmarsum


⭐Feira do Produtor
Realizada aos sábados, das 8h ao meio-dia. A Feira do Produtor da Colônia Witmarsum é armada em frente ao Mercado Central. Grande oportunidade para comprar frios, embutidos, biscoitos, queijos e geleias diretamente de quem faz as gostosuras.

⭐Museu Histórico da Colônia Witmarsum
Visitas aos sábados, domingos e feriados, das 14h às 17h.

É possível agendar visitas fora desses dias e horários ligando para (42) 8411-2895.

O ingresso custa R$ 5.

café colonial na Colônia Witmarsum
café colonial na Colônia Witmarsum
Sabores da Colônia, um senhor café colonial


⭐Passeio de trator

Um jeito bem simpático de explorar o campo em volta da Colônia Witmarsum, passando por plantações e pinheirais e com parada para piquenique e banho de rio.

O chamado Tracktour custa R$ 25 por pessoa e pode ser agendado na Pousada Campos Gerais ou pelo telefone (42) 3254-1152.

⭐Passeio a cavalo

A Pousada Campos Gerais tem um plantel de cavalinhos e leva os visitantes para cavalgadas na área da colônia.

⭐Passeio guiado pela Colônia Witmarsum

Se quiser fazer um passeio guiado, entre em contato com Maria Luiza Wiens, a guia que nos recebeu em Witmarsum. Os telefones dela são 42-3254-1152, 42-9966-6244 e 42-8407-6805. O email é : maluviens@hotmail.com.

Onde comer na Colônia Witmarsum

Eu experimentei dois estabelecimentos de Witmarsum e recomendo vivamente a ambos.

⭐Sabores da Colônia
Ao lado do Museu Histórico. Abre aos sábados, domingos e feriados. O café colonial custa R$ 24.

Essa confeitaria serve o famoso café colonial de Witmasum, todinho à base de produtos feitos lá mesmo, com gosto de fazenda. Fomos recebidos por uma mesa de bolos, tortas, frios, queijos e salsichas de cair o queixo.

Confeitaria Kliewer na Colônia Witmarsum, Paraná

Além de me esbaldar na Confeitaria Kliewer, ainda comprei várias delícias produzidas em Witmarsum pra trazer pra casa


⭐Confeitaria Kliewer
Avenida Presidente Ernesto Geisel nº 2817, fone (42) 3254-1278. De terça a domingo, das 8h às 18h.

Mais afastada do núcleo da colônia, a Confeitaria Kliewer tem um jardim bem agradável e área para crianças.

Lá, provamos uma série de produtos artesanais locais (embutidos, frios, queijos, biscoitos) e, claro, fizemos a feira para trazer para casa.

Pousada Campos Gerais na Colônia Witmarsum
Pousada Campos Gerais


Hospedagem na Colônia Witmarsum

⭐Pousada Campos Gerais 
telefones (42) 3254-1508 e (41) 8873 3016

Não fiquei hospedada na Pousada Campos Gerais, mas visitei todas as instalações, que são simples, mas confortáveis.

A pousada Fica afastada do núcleo da colônia, com vista para o campo e o pinheiral.

Quando reservar, peça o quarto da frente, com uma varanda grande e bonita vista (acordar para ver as vaquinhas pastando ajuda a entrar no clima, né?).

A diária nesse apartamento custa R$ 280, para ocupação dupla, com café da manhã – um atrativo a mais é que todos os produtos servidos nessa refeição são feitos na colônia.

*Estive na Colônia Witmarsum em outubro de 2013, a convite da Cooperativa de Turismo do Paraná-Cooptur, que tem roteiros para a cidade. O conteúdo do post, porém, reflete a minha opinião, formada a partir da experiência com o roteiro e os serviços testados ao longo da viagem. Veja mais detalhes desse Roteiro pelas colônias do Paraná.




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22 comentários:

  1. Adorei ver a colônia recomendada no seu incrível blog. É um cantinho do meu Paraná que eu amo. :)
    Excelente post!
    Beijão

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    1. Obrigada, Nah! Esse seu Paraná é cheio de surpresas interessantes...
      Beijo

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  2. Que beleza e tam,bém adoro telhados cm esse lindo acabamento! Beleza de lugar! beijos,chica

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    1. Chica, não sei se vc já conhece Pirenópolis, aqui pertinho de Brasília. O casario colonial é todo adornado por lambrequins. Fico completamente apaixonada :).

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  3. Só queria fazer uma ressalva: os amishs são uma vertente mais severa dos menonitas e a comunidade descrita acima não é amish mas sim menonitas apenas. Por isso são mais liberais. Os amishs existem nos EUA e Canadá em sua grande maioria é são contra qualquer uso de tecnologias eletrônicas, carros, eletricidade e afins. Evitam contato com o mundo externo na maioria dos casos.

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    1. Vc tem razão e acho que não fui clara no texto. Aliás, uma das primeiras coisas que o historiador Heinz Philippsen explicou, quando chegamos ao museu, foi exatamente isso: os amish são menonitas, mas nem todos os menonitas são amish :)

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  4. A alguns anos conheci esse lugar maravilhoso, algumas casas lembram também uma cidade charmosa no Rio Grande do Sul, Picada Café, é tão maravilhosa que eu queria continuar por lá. Abraço a todos.

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  5. A matéria matou um pouco a grande saudade que tenho desse lugar, onde passei muitos finais de semana e férias da minha infancia, em visita ao meu irmão, que foi morar e estudar lá para ver se "tomava jeito" na vida. Morava com uma família que até hoje é nossa amiga. Comidinhas alemãs deliciosas, pães fresquinhos, e, o que atiça meu paladar, deliciosas tortas de ruibarbo(não sei se alguém ainda faz por lá). Rios com cachoeiras comendo melancia que gelava dentro do rio , passeios a cavalo, de carroça, ordenhar vacas as 5h da manhã. O Sr. Kliever, da família proprietária da confeitaria, era o Diretor da escola e um dos líderes da comunidade. Bons tempos, boas lembranças.

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  6. JÁ PASSEI VÁRIAS PELA 277 EM FRENTE A COLÔNIA,SEMPRE TIVE VONTADE DE CONHECER.

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  7. Eu seria uma Menonita ou Amish fácil. Queria ter nascido em uma família assim.

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  8. Como fazer parte desta comunidade. Desejo muito um modo de vida novo. Obrigado?

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  9. Belo Post Cynthia, parabéns.

    O Curioso disso tudo é que sempre vemos comentários como: "Como faço pra ir morar num lugar desses?" , "Quero fugir da cidade", etc.
    Mas ninguém pára pra analisar o choque de culturas que terá que enfrentar.
    Ir morar numa Ecovilla/ fazenda/ cooperativa, parece tentador nas fotos, mas é trabalho duro 16h por dia.
    Pra quem está acostumado a fazer 30 min de academia e depois ficar o dia inteiro sentado trabalhando e depois vendo tv, provavelmente não irá aguentar o tranco.
    Acordar 5h, num frio de 5graus ou menos, ter que ir tocar o gado, alimentar as galinhas, porcos, cabritos, depois ir serrar madeira por horas (vida do campo é 30% do tempo fazendo algo com madeira), depois ir arar a terra, roçar o mato, semear, colher, resolver pepino no1, 2, 3, 4, 5 e assim vai. Até a hora do almoço, depois começa tudo de novo.
    Nada de pausa para o café, para ligar pra amiga, pra ir na padaria ou pedir o jantar no I-food. Aliás, se imagine sem endereço, sem conseguir comprar tranqueirinhas no Amazon ou Shopee.
    Hehe, a não ser que você já seja muito rico, bom, aí é ouuutra história...

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    1. A vida nas cidades está complicada. Acho que o que desperta esse desejo de viver em lugares como Witmarsum é a busca de um "aconchego comunitário". Talvez esteja na hora de pensarmos seriamente em restaurar as relações de vizinhança nos nossos bairros e cidades, né?

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  10. Como nasci no meio rural, amei ler tudo relativo à comunidade menonita! Morando nos Estados Unidos, há anos atrás fui até a Pensilvânia visitar a comunidade amish, onde tive a oportunidade de apreciar aquela vida simples e bem comunitária, tudo que faz falta no mundo da tecnologia que faz paralisar o espiritual! Obrigada pela publicação sobre os menonitas, no Paraná. Pretendo visita-lós, quando puder!

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  11. Boa tarde, por gentileza, como entro em contato com a comunidade?

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    1. Acredito que um bom caminho seria fazer contato com o Museu Histórico de Witmarsum

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  12. Sou uma menonita de origem... 100% Meus pais pais vieram com os navios dos imigrantes provenientes da China. A família de meu Pai se estabeleceu em Curitiba e de minha mãe no Chaco. Ambos acabaram se conhecendo... E eu sou a caçula de cinco filhos.
    Levei um tempo até entender o que era e me perceber como "menonita"... Foi preciso muito tempo. Hoje amo esse jeito diferente de ser. Autêntico. Só quem é vai entender o que estou falando. Principalmente sendo criada num país totalmente diferente de sua cultura. Aprendi muito com a cultura brasileira e atualmente sou professora na rede municipal de ensino de ensino de SP e perto de minha aposentadoria.
    Sempre com muita DETERMINAÇÃO... Como uma boa Menonita deve ser.

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  13. Ninguém vai comentar o fato de que uma comunidade tradicional como essa significa também forçar valores muito conservadores a seus pertencentes? Incluindo as coitadas das meninas e mulheres? Nem tudo é só turismo e alegria...

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