27 de dezembro de 2011

Castelo da Praia do Forte: a Idade Média nos Trópicos

As ruínas do Castelo da Torre de Garcia D'Ávila, 
na Praia do Forte
Quando eu comecei na militância política, no finzinho dos Anos 70, um dos debates mais encarniçados, na esquerda, era se teria havido ou não Feudalismo no Brasil. Apesar de continuar frequentando a esquerda,  confesso que até hoje não tive curiosidade de checar se os companheiros, afinal, chegaram a uma conclusão.

Talvez porque a resposta jamais tenha interferido no imenso prazer que sempre tive em contemplar as ruínas do Castelo da Torre de Garcia D'Avila, na Praia do Forte, os vestígios da casa senhorial do maior latifúndio já registrado no planeta -- 800 mil quilômetros quadrados, da Praia do Forte ao Maranhão.
A capela é a parte mais preservada do castelo, pois continuou sendo usada pelos moradores das redondezas, muito tempo depois de a Casa da Torre ter sido abandonada pelos seus senhores
Difícil é dizer o que é mais bonito no Castelo da Torre, considerado o único edifício com características medievais das Américas. Localizado sobre uma colina de onde se avista desde a Barra do Rio Pojuca até o Imbassaí, o lugar tem um visual arrebatador do mar azul e do coqueiral infinito. 

O prédio majestoso, com muitas paredes ainda de pé. A capelinha simples e comovente -- e que continuou a ser usada pelo povo do lugar, ao longo dos séculos e muito depois da decadência e abandono do castelo...
As pinturas decorativas na área do altar contrastam
 com o interior simples da capelinha 
O Castelo da Torre começou a ser construído em 1551 por Garcia D'Ávila, uma espécie de self-made-man à moda colonial, que chegou à Bahia na comitiva do governador-geral e fundador de Salvador, Tomé de Souza.

O ponto de partida da fortuna de D'Ávila foi sua nomeação para o posto de feitor e almoxarife da Cidade do Salvador e da Alfândega e seu império foi erguido na criação e transporte de gado. Olhando o mar por uma das janelas de sua casa, porém, ouso dizer que o sujeito devia ter outros prazeres na vida, além da acumulação...

460 anos depois, a Casa da Torre ainda tem muito
da sua estrutura exterior preservada

No início dos Anos 2000, o sítio histórico e arqueológico do Castelo da Torre ganhou um projeto de restauração e qualificação, com escoramento de algumas paredes, uma passarela de ferro, que permite percorrer o segundo andar do edifício, um centro de visitantes e iluminação cênica. Providências mais que bem-vindas para evitar o turismo predatório.

Passarelas e escoramentos permitem explorar
 com segurança o interior do castelo

Dicas práticas





A maquete no Centro de Visitantes dá uma ideia da aparência original da Casa da Torre. Como não restaram quaisquer registros iconográficos da construção, a reconstituição foi feita com base nos alicerces escavados e nos padrões arquitetônicos da época
O Castelo da Torre é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- Iphan, e administrado pela Fundação Garcia D'Ávila. A visitação vai até o cair da tarde -- o pôr do sol é ansiosamente aguardado-- e custa R$ 5.

Na chegada, não deixe de prestar seus respeitos à gameleira centenária no antigo terreiro do castelo. Para as religiões de matriz africana, a árvore representa a divindade do tempo
No Centro de Visitantes, uma maquete reproduz o que seria a aparência mais provável do castelo, do qual não restou sequer um registro conhecido de imagem.

Garcia D'Ávila é personagem de destaque no romance histórico O Fundador, de Aydano Roriz (Editora Europa, 384 páginas, R$ 39), que me foi recomendado como muito divertido. Ainda não li, mas já coloquei na fila.

O exterior da capela e as ruínas da Casa da Torre
O Litoral Norte na Fragata Surprise
A sossegada Barra do Itariri, presente de Oxum
O charme despojado da Vila do Diogo, um lugar pra esquecer do mundo
Imbassaí tem sossego e badalação
Mangue Seco, um paraíso resgatado

Onde comer bem
Três restaurantes que valem a viagem
Do lado da Praia do Forte, um restaurante escondido e delicioso
Banquete pé-na-areia em Mangue Seco

O cruzeiro em frente à capelinha
e o antigo terreiro da Casa da Torre
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Recôncavo Baiano



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2 comentários:

  1. E pensar q já fiquei uma semana na Praia do Forte e não conheci!!! Absurdo!! Se fosse hj não ia deixar passar!!!

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  2. O Castelo é maravilhoso, Fernanda. Pra mim, é o melhor da Praia do Forte (o "forte", no caso, é o castelo, sabia?). Taí um bom motovo pra vc voltar lá :) Bjs

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