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Chafariz das Musas, no Jardim Botânico, para fugir do calor |
Vou sentir saudade, mas não dos grandes cartões postais. Os grandes passeios no Rio de Janeiro continuam lá, a uma hora e meia de voo da minha nova casa.
Minha saudade é mais doméstica: estou reaprendendo a voltar do trabalho sem a escolta das fragatas que tomam o céu do Rio, todo final de tarde. Compensando a falta das palmeiras imperiais da Rua Paissandu, onde eu morava, com a beleza dos ipês de Brasília.
E tentando me conformar com a mania brasiliense de colocar as melhores livrarias em shoppings que ficam lá onde Judas perdeu as botas... 😉
A parte boa de não ser mais uma local, é que meus passeios no Rio de Janeiro, a partir de agora, vão ganhar outro sabor.
E tentando me conformar com a mania brasiliense de colocar as melhores livrarias em shoppings que ficam lá onde Judas perdeu as botas... 😉
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As belezas do Rio, como o Pão de Açúcar, estão agora a uma hora e meia de voo da minha nova casa |
Sempre que deixo as minhas cidades, elas readquirem essa condição de “lugar de férias”, de playground e novidade. A intimidade não acaba, mas os sabores se reacendem na memória e temperam os reencontros.
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Escadaria do Ministério da Fazenda, no Centro do Rio |
O Corcovado continua lá, mas deixou de ser a paisagem corriqueira de quem sobe a Paissandu, voltando para casa. A cúpula do Theatro Municipal e o vão livre do Palácio Capanema não são mais os companheiros da caminhada do metrô para o trabalho.
O Pão de Açúcar deixou de ser um lugar para descansar os olhos, nos meus passeios por Botafogo.
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Eu tenho dois Corcovados: o monumento e mirante que todo visitante ama admirar (esq) e a paisagem que eu via voltando do supermercado, na Praça São Salvador, arrastando meu carrinho de feira |
O desfile da Banda de Ipanema é de novo uma efeméride, não mais o painel que adorna a estação de metrô, desembarque a caminho do sorvete de pitanga da Mil Frutas e das prateleiras da Livraria da Travessa.
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Já estava tão íntima do Jardim Botânico que o considerava o "meu jardim" |
O Rio que me faz falta não aparece nos guias de viagem. Ninguém vai à cidade para ver o saguão do Auditório da ABI, ou a escadaria do Ministério da Fazenda — que eu namorava, entre uma pauta e outra, mas nunca tive tempo de fotografar decentemente — ou o Casarão do Instituto Alves Affonso, na Rua Ipiranga — um dos meus caminhos para o supermercado...
Talvez eu mesma esqueça a alegria que sentia, num dia comum qualquer, ao olhar para cima e ver a mania iluminada dos cariocas de construir jardins suspensos nos edifícios mais insuspeitos — mas, se eu esquecer, talvez seja para resgatar a felicidade de descobrir de novo essas paisagens.
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A parte boa é que vou perder o olhar de dona do pedaço e voltar a ver as orqídeas, bromélias e palmeiras imperiais como a maravilha que elas são |
Afinal, deixar uma cidade é sempre perda e resgate. Perdi a companhia das fragatas e das palmeiras, mas também perdi aquele olhar dono do pedaço.
O que era cotidiano agora é cartão postal. O Rio que me faz falta agora é pessoal e intransferível. É memória, é afeto. É aquela saudade boa, fadada a muitos reencontros combinando surpresa e intimidade.
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