31 de julho de 2013

Museu Tula de Curaçao - memória da luta contra a escravidão


Monumento lembra a rebelião de escravos em Curaçao

Nesta senzala da fazenda Knip irrompeu a rebelião de escravos de 1795, liderada por Tula


Pertinho da fantástica praia de Kanepa Grandi (Grote Knip), a mais famosa de Curaçao, funciona o Museu Tula, mais uma visita obrigatória na ilha.

Instalado em um casarão colonial, a Knip Landhuis (casa-grande da Fazenda Knip), o lugar preserva a memória de uma rebelião de escravos que sacudiu Curaçao no Século 18.

A Landhuis Knip (casa-grande da Fazenda Knip), sede do museu dedicado a Tula e à luta contra a escravidão em Curaçao
A Landhuis Knip (casa-grande da Fazenda Knip), hoje sede do museu dedicado a Tula e à luta contra a escravidão em Curaçao

Foi nas terras da Fazenda Knip, em 17 de agosto de 1795, que homens e mulheres exaustos com condições de trabalho extremas até para a realidade escravagista — supressão da folga dominical, redução drástica da alimentação — comunicaram ao fazendeiro Van Uytrecht que não iriam mais trabalhar nos campos.

Era o começo da luta contra a escravidão na ilha caribenha. Essa história é lembrada no Museu Tula de Curaçao. Eu fiz a visita e recomendo muito. Veja os detalhes:

Museu Tula de Curaçao



Monumento lembra a revolta de escravos de 1795 em Curaçao

“Komienso di Lucha pa Libertad, 17 - 8 – 1795” (Começo da luta pela liberdade). A placa na base do monumento recorda a eclosão da revolta


A rebelião de escravos em Curaçao
O que começou como uma greve e tentativa de negociar um dia a dia menos desumano — com inspiração nas vagas notícias sobre a Revolução Francesa que chegaram às plantações — acabaria como um banho de sangue.

O dono da Fazenda Knip não quis conversa com os escravos e mandou punir os rebeldes. Foi o suficiente para a rebelião se espalhar.

A fagulha chegou a outras fazendas de Banda Abou, o lado Oeste da Ilha de Curaçao, com diversas escaramuças entre escravos precariamente armados e os soldados enviados de Willemstad pelo governo colonial para reprimi-los. 

Landhuis Knip, sede do Museu Tula de Curaçao


Seis semanas depois, o a rebelião de escravos de Curaçao estava derrotado, os rebeldes estavam de volta à vida penosa nas plantações e seis de seus líderes, entre eles, Tula, seriam executados, com requintes de crueldade.

Foram necessários mais 68 anos até a abolição da escravatura em Curaçao, em 1863. Mas a ilha nunca mais seria a mesma após o levante de Tula e seus companheiros.

Se quiser saber mais sobre a história de Tula e da revolta dos escravos, o site Papiamentu.net traz uma biografia (em inglês e em papiamento, a língua de Curaçao).

O que ver no Museu Tula de Curaçao
O acervo do Museu Tula é simples: objetos da vida cotidiana de uma casa de fazenda dos séculos 18 e 19, alguns mapas, imagens e documentos que evocam a revolta dos escravos e o processo que levou à abolição da escravatura em Curaçao.

Museu Tula de Curaçao

O térreo do Museu Tula preserva objetos cotidianos de uma casa de fazenda do Século 18


Acervo do Museu Tula de Curaçao

A visita vale muito pela homenagem à rebelião e também pela oportunidade de percorrer a casa-grande da Fazenda Knip.

O edifício tem uma arquitetura simples, mas muito engenhosa: cercado de varandas fechadas que parecem sugar a brisa que vem do mar, o que deixa o interior da casa muito fresquinho, mesmo sob os inclementes 30 graus que torram o lado de fora.

Tula, o filme
A revolta dos escravos de Curaçao é contada num filme recém lançado (Tula: The Revolt, 2013), uma produção holandesa, falada em inglês e com Danny Glover no elenco.

Eu assisti o filme em Willemstad (dei sorte, pois a produção tinha acabado de estrear nos cinemas locias). Eu encontrei um link para o filme no site Vimeo.

Acervo do Museu Tula, que lembra a revolta de escravos de Curaçao

No primeiro andar, onde ficavam os dormitórios da Landhuis, mapas e documentos contam um pouco da história da revolta liderada por Tula


Museu Tula, que lembra a revolta de escravos de Curaçao

Como chegar ao Museu Tula de Curaçao
Quando você for mergulhar nas águas inacreditáveis de Kanepa Grandi, saia de Willemstad uma horinha mais cedo e pare na Landhuis Knip para visitar o museu.

Na estrada para Kanepa Grande, siga as placas para Knip e Landhuis Knip, conforme indicações no post sobre as praias de Curaçao. É um desvio à esquerda, logo antes de começar a descida para a praia.

O Museu Tula funciona de terça a domingo, das 8h às 17h. O ingresso custa US$ 4.

Homenagem à revolta de escravos de Curaçao em placa no Centro de Willemstad

Placa em homenagem a Tula, herói nacional de Curaçao, no Forte Amsterdam, sede do governo do país, em Willemstad


Além do acervo, o Museu Tula tem um restaurante de comida típica bem reputado e uma loja de lembrancinhas (bem fraquinha).

Depois de ver o acervo, experimente a brisa no terraço da casa grande, que oferece uma bela vista para o mar azul de Curaçao.

O Museu Tula também oferece visitas guiadas pela área da antiga fazenda (ótimas para quem quiser ver a interessante vegetação e fauna).

Para saber mais sobre o museu, acesse o site do projeto.

Fazenda Knip, onde eclodiu a revolta de escravos de Curaçao

O Museu Tula também oferece passeios guiados pelos arredores da Landhuis, para observação da fauna e da flora


Índice: museus e sítios arqueológicos comentados na Fragata


O Caribe na Fragata Surprise

Curtiu este post? Deixe seu comentário na caixinha abaixo. Sua participação ajuda a melhorar e a dar vida ao blog. Se tiver alguma dúvida, eu respondo rapidinho. Por favor, não poste propaganda ou links, pois esse tipo de publicação vai direto para a caixa de spam.
Navegue com a Fragata Surprise 
Twitter  |  Instagram  | Facebook

Um comentário:

  1. Gostei desta informação, quando for certamente que irei no Museo. Mas Cyntia, é tanto lugar lindo, cada foto divina, menina..sei não prá onde irei!!!!
    As passagens, que vc no post sobre Londres, mencionou que foram "baratas", vc comprou direto da companhia ou por outro site?]Bjs.
    Ana Silvia

    ResponderExcluir