27 de maio de 2013

Dá para ir ao futebol sozinha - e sobreviver para contar


Estádio Mané Garrincha, Brasília
Tem que jogar muita bola para competir com o céu de Brasília. Haja disciplina pra olhar para o campo...

Já pensou em ir ao futebol sozinha, sem escolta masculina? Eu fui e sobrevivi para contar. A estreia de Santos e Flamengo no Brasileirão, no último domingo, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, funcionou como jogo teste para as copas 2014 e das Confederações.

Para a Fragata, acabou virando uma ótima oportunidade para avaliar se as regras da FIFA tornam os estádios — sempre em flerte com a misoginia — espaços mais amigáveis à presença de mulheres desacompanhadas.

Arquibancada do Estádio Mané Garrincha, Brasília
 O Santos era o mandante, mas quem jogou em casa foi o Flamengo, time de maior torcida em Brasília

A ideia original nem era me testar na pele de intrépida torcedora. A ida ao jogo foi um programa com os amigos do trabalho.

Só que comprei ingresso para um setor diferente do estádio, o que me levou a cumprir desacompanhada as etapas de chegar, pegar a fila, entrar no estádio e ver a partida — a cervejinha pré-jogo e a volta pra casa foram com a galera.

O resultado final do teste foi bem animador. A forte presença da polícia e dos monitores garantiram a segurança e a absoluta civilidade. Fiquei animada a repetir a aventura e recomendo: não será por falta de companhia masculina, meninas, que perderemos os jogos da Copa. Veja como foi minha aventura:

Ir ao futebol sozinha é possível



Estádio Mané Garrincha, Brasília
Faltou sinalização para organizar as filas, na entrada do estádio

O novo Estádio Mané Garrincha já tinha sido inaugurado com a final do Campeonato Brasiliense, dia 11 de maio. O jogo de domingo — que virou despedida de Neymar do time Santos — foi o primeiro evento blockbuster do estádio.

Com casa cheia (63 mil espectadores — a capacidade total é 72 mil), o espetáculo não chegou a ser um show de organização.

Faltou água quente nos vestiários dos jogadores, as filas para comprar os ingressos, antes do jogo, chegaram a roubar cinco horas da vida dos torcedores e, no domingo, a falta de sinalização nas filas deixou muita gente desorientada, sem saber em qual delas entrar.

Time do Santos F.C. no Estádio Mané Garrincha
O time do Santos se prepara para o pontapé inicial

A interrupção do tráfego no entorno do estádio obrigou as pessoas com dificuldade de locomoção a um esforço desnecessário — e apenas porque os monitores não sabiam orientar o acesso dos torcedores com necessidades especiais.

O transporte público de Brasília, horroroso, como sempre, obrigou a maioria do público a ir de carro para o estádio e a interdição do trânsito no entorno do Mané Garrincha só transferiu a confusão de automóveis para mais longe.

Torcida do Santos na arquibancada do Estádio Mané Garrincha, Jogo Flamengo x Santos
Por segurança, a torcida do Santos ficou no cercadinho da polícia

Além disso, o sinal da internet 3G não fazia nem cócegas no meu celular, no interior do estádio. Nem no meu, nem no de ninguém, segundo apurei.

Na saída do jogo, a área externa do estádio estava mergulhada numa penumbra digna de cabaré existencialista e, claro, nem sinal dos táxis, que, em Brasília, só são abundantes em horários administrativos.

Apesar desses problemas, gostei muito de ter ido ao jogo, pela segurança e civilidade reinantes dentro do estádio, durante a partida. 

Estádio Mané Garrincha, Brasília
Se for de carro ao Mané Garrincha, o melhor lugar pra estacional é o Parque da Cidade. Depois, é só atravessar o Eixo Monumental

Segurança no estádio e entorno
O policiamento estava reforçadíssimo. Dentro do estádio, centenas de monitores garantiram que todo mundo assistisse o jogo nos lugares marcados no ingresso, e sentadinhos — para quem tem um metro e sessenta, como eu, é uma bênção não ter que ficar driblando um grandalhão pulando na minha frente.

A monitora do meu setor, por exemplo, era super educada, mas firme: cada vez que alguém ameaçava tapar a visão dos demais, ela punha ordem na bagunça.

Estádio Mané Garrincha, Brasília
O Mané está lindão, por dentro e por fora

O acesso ao estádio
Os ingressos traziam impressas as informações sobre os portões de acesso mais próximos ao lugar marcado, o que deveria ter facilitado a escolha das filas para entrar no estádio, se essas filas estivessem bem sinalizadas.

Uma dica importante: no anel superior do Mané Garrincha, não é boa ideia comprar ingressos para os lugares próximos às escadas. Além do passa passa de gente, os guarda corpos em torno dos degraus, embora de vidro, atrapalham a visão do campo. 

Estádio Mané Garrincha, Brasília

A entrada no Mané Garrincha parecia com o embarque num aeroporto: maquininha para ler o código de barras do ingresso, detector de metais para os torcedores e scanners para bolsas e sacolas.

Só depois disso, atravessamos as catracas. Com tudo isso, levei cerca de 25 minutos para chegar ao meu lugar.

Estádio Mané Garrincha, Brasília
O que foi que eu falei do céu de Brasília, na legenda lá de cima?   

A estrutura do Estádio Mané Garrincha 
Uma falha deste teste da Fragata é que eu só “inspecionei” os banheiros antes do jogo — estavam bem limpinhos. Não garanto a manutenção durante o jogo e as condições em que estavam depois do uso massivo.

Quem não passou no teste foram os bares: a maioria só tinha cerveja, geralmente quente. Para achar água e refrigerante era preciso rodar um bocado. E salgadinho de pacote a R$ 8 era a única coisa disponível para distrair a fome.

Estádio Mané Garrincha, Brasília

Aliás, se tem um quesito no qual o ensaio para a Copa foi pra valer foi nos preços: água a R$ 4, cerveja a R$ 6, com proibição entrar com comida e bebida no estádio. 

No ingresso, então, o Mané Garrincha ensaiou mesmo para o prometido show dos Rolling Stones: as entradas custaram entre R$ 160 a R$ 400. Por essa grana, bem que Santos e Flamengo podiam ter jogado um pouquinho de futebol, em vez de se enroscarem no tedioso zero a zero...

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3 comentários:

  1. A primeira foto do post já valeria uma nota 10, mas o conjunto ficou 1.000! Para nós que não fomos ao jogo sobrou aturar os torcedores do Flamengo aos gritos na frente do Hotel - acho que decorei o Hino! Mas lindo foi ver da sacada a torcida se deslocando, cordialmente, ao estádio! Abraços!

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  2. Na final da Copa do Mundo de futebol feminino, em Frankfurt (2011), não tinha água pra vender. Tive que tomar refrigerante a 4 euros o copo :(

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  3. Pois é, Patrick, será que tinha um chato pra dizer "Imagina na Copa". Acho que os alemães não têm complexo de vira-latas, rsssss

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