28 de outubro de 2011

Caranguejos, aí vou eu!

Hummmm... Sem palavras...
Verão chegando, todo mundo começa a suspirar pelas praias do Nordeste — quem não ama aquelas águas tépidas e mansinhas, perfeitas pra esquecer da vida? 

Pois tenho a obrigação de baiana de contar a você que as delícias da praia nordestina vão além do banho de mar: praia sem caranguejo é só meia praia.

O crustáceo é um manjar dos deuses e parece ter sido inventado pra ser comido à beira-mar. A tarefa pode parecer difícil pra quem vem de outras plagas, mas este tutorial (😀😀) da Fragata traz o caminho das pedras pra você nunca mais ficar de fora dessa festa. 

Pegue seu martelinho, aprenda como comer caranguejo e bora se esbaldar!

21 de outubro de 2011

Onde comer em Pirenópolis - um convite à gula

Haja caminhadas para queimar as calorias. 
Ainda bem que Pirenópolis é linda
Ainda bem que Pirenópolis é linda. Não fosse a deliciosa penitência de subir e descer as ladeiras da cidade, não sei o que seria da minha cintura, bombardeada pelas muitas calorias das irresistíveis tentações da cozinha goiana. Só de pensar em frango com pequi, já tenho um daqueles meus surtos de Zé Colmeia e sou capaz de sair flutuando. Se você vai a Pirenópolis, prepare-se para comer muito e bem demais!

O carro chefe das lanchonetes de Piri é o empadão goiano. Não deixe de provar
A culinária goiana tem um evidente sotaque mineiro, herança da exploração do ouro nos tempos coloniais. Mas basta provar um empadão goiano para perceber a personalidade do lugar. Além do pequi -- um fruto amarelo, com um perfume pra lá de sedutor, que tempera o arroz ou o frango -- tem a guabiroba, um tipo de palmito amargo, mas bastante saboroso.

E eu não resisto à paçoca de pilão, carne seca moída com farinha, alimento típico dos tropeiros que passaram a movimentar a economia local, com o fim do Ciclo do Ouro.

Para quem está de dieta, Piri é um perigo! Veja alguns lugares bacanas onde almoçar e jantar por lá:

Compras em Pirenópolis

Lojinhas no centro de Piri. além de tudo, são fofas
Enquanto escrevo este post, o teclado do meu computador está pálido de pânico: ao mesmo tempo em que digito com a mão direita, a esquerda está ocupada em me servir bocados de um doce de casca de limão, simplesmente sublime, cuja calda já pingou duas vezes sobre o cantinho das Tabs e CapsLock. É isso que acontece quando a gente passa uma temporadinha em Pirenópolis: é impossível não voltar de lá com uma carga de delícias compradas na cidade.

Esse doce de limão, por exemplo — cheiroso, delicioso e com uma cor muito sedutora —, faz parte de um lote de compotas que trouxe de Piri. A cidade é uma tentação no capítulo gulodices. Não bastassem os doces em calda, tem as chamadas quitandas: biscoitinhos de queijo e polvilho, salgados e doces servidos no café da manhã e na merenda da tarde.

As lojinhas de artesanato da Rua Rui Barbosa têm muitas opções de lembrancinhas
Não bastasse tudo isso, tem os picolés e sorvetes feitos de frutas locais e encontrados em várias lanchonetes. O picolé de jaca e o sorvete de taperebá ainda me farão voltar a Piri de joelhos.

Para não me alongar na descrição da comilança — e não ficar restrita a ela — selecionei três sugestões de compras em Pirenópolis que valem a visita. 

O lado verde de Pirenópolis

A Ponte Velha, sobre o Rio das Almas
Eu vim a Piri namorar as fachadas da velha Meia Ponte, mas devo ser minoria. A cidade hoje é muito mais procurada para o turismo de aventura e o ecoturismo do que para a contemplação vagarosa que tanto me encanta. Ainda bem que tem lugar para todo mundo — e vamos combinar que quem vem atrás das cachoeiras tem mais juízo do que eu, que me deixo hipnotizar por fachadas coloniais nesse sol de matar camelo.

Nem a chuva refrescou Pirenópolis. Bastou estiar e o calor inclemente, seco e sufocante começa a me lembrar que a cidade é cercada de rios, riachos e quedas d’água. Como se precisasse. Por toda parte, agências de turismo da cidade oferecem roteiros de trekking, arvorismo, tirolesa, moutain biking... Todos coroados pela possibilidade de um banho de cachoeira, no final.

Pirenópolis - dicas práticas

O artesanato é uma das atrações de Pirenópolis
Pirenópolis fica a 140 quilômetros de Brasília. De carro, são duas horas de viagem, desde que você não invente de sair do Plano Piloto no fim da tarde, pegando o congestionamento infernal da Via Estrutural, indo para Ceilânidia e Taguatinga.

Pela BR-070, são aproximadamente 95 quilômetros até o trevo de acesso à BR-414, na direção de Cocalzinho (GO) e Corumbá — preste atenção à bela queda d’água do lado esquerdo da estrada, o Salto do Corumbá, cerca de cinco quilômetros antes da cidade. Depois de Corumbá, são mais 20 km até Piri.

Os telhados rendados de Pirenópolis


Fachada adornada por Lambrequins no Centro Histórico de Pirenópolis, Goiás
Os lambrequins — essa “renda” que arremata os telhados —dão um encanto a mais às fachadas históricas de Pirenópolis

O Centro Histórico de Pirenópolis é um acervo colonial do Século 18 bem preservado e encantador. Ainda que alguns monumentos se destaquem, como a Igreja Matriz do Rosário e a Casa de Câmara e Cadeia, o que cativa mesmo o olhar é o conjunto de casas simples e anônimas que exibem, faceiras, seus telhadinhos adornados por lambrequins, uma espécie de "renda" que confere um charme especial às fachadas.

Basta uma caminhada pela Rua Direita pra a a gente se apaixonar por Pirenópolis. É bom demais acordar cedinho para ver a cidade, antes do sábado começar a ferver  de gente e de calor, mesmo. Às oito da manhã, Piri parece que é só minha e do cachorrinho esparramado na soleira de uma casa que parei para fotografar. 

Casa colonial no Centro Histórico de Pirenópolis, Goiás

Produção completa: gradil e lambrequim


Sempre achei fascinante o jeito que as cidades coloniais, com suas linhas tão simples e tão similares, encontram para imprimir em suas fachadas um detalhezinho que as torna únicas.

Em Cartagena são as trepadeiras. Em Paraty, os símbolos maçônicos. Aqui em Pirenópolis, o encanto são os lambrequins que arrematam os telhados: o entalhe delicado parece a renda sutil na gola do vestido de uma sinhazinha sem afetação.

Casa colonial no Centro Histórico de Pirenópolis, Goiás


Casa colonial no Centro Histórico de Pirenópolis, Goiás

A primeira vez que vi lambrequins ao vivo e a cores foi em Sena Madureira, no Acre, nas varandas de velhos solares do Ciclo da Borracha. Eles também estão por toda parte nas fachadas de Port of Spain, em Trinidad e Tobago.

Encontrá-los em Piri foi uma grata surpresa, pois sempre os associei às construções coloniais inglesas. 

Agora, fuçando a internet, descobri que decorar a fachada com esses adornos de madeira ou zinco é uma velha tradição polonesa.

Lambrequins, Pirenópolis

Lambrequins, Pirenópolis

Segundo a professora paranaense Luciana do Rocio Mallon, que tem um site muito interessante sobre o assunto, o Lambrequim.net, a função dos adornos seria servir de "pingador" para a água da chuva. 

Eu, porém, prefiro acreditar na lenda, também contada por Luciana e que atribui aos lambrequins o poder de proteger a casa e seus moradores.

Diz a a professora que uma velha curandeira, acusada de bruxaria, teria recebido a visita de um anjo, que a ensinou a decorar com eles o telhado, ficando, assim, invisível para os inimigos que queriam levá-la para a fogueira.

Se os Lambrequins têm poderes mágicos eu não sei. Só sei que a ideia combina muito mais com o encanto que eles conferem às fachadas de Pirenópolis.

Lambrequins, Pirenópolis

Mais sobre Pirenópolis
Onde comer



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Pirenópolis: encanto colonial no coração de Goiás

Matriz do Rosário, Pirenópolis, Goiás
Matriz do Rosário, do Século 18

O Século 18 é meio recente  para o meu gosto, mas tenho que me curvar ao talento da época para a produção de cidades mágicas. Voltar a morar em Brasília me deu de presente a vizinhança com a adorável Pirenópolis, essa perolazinha de 20 mil habitantes na Serra dos Pirineus, em Goiás.

Pirenópolis é uma escapada fácil para quem está na capital federal ou em Goiânia e foi lá que passei o último fim de semana. 

Janela colonial em Pirenópolis, Goiás

Se você gosta de janelas coloniais, prepare-se para passar horas fotografando Pirenópolis


Fachada colonial em Pirenópolis, Goiás

A jornada foi uma joint venture da Fragata Surprise com o Sopão do Tião, blog muito bacana do meu amigo Tião Vicente, do qual sou leitora assídua. O Sopão foi com o time completo: Tião, Rejane, os fofos Bernardo e Cecília e a fiel escudeira Ivone. A Fragata levou o bloquinho e a nova câmera fotográfica, substituta da saudosa Pentax, desaparecida na última mudança (do Rio para Brasília).

Veja as dicas para mergulhar no encanto colonial de Pirenópolis: 

13 de outubro de 2011

Mercado da Cantareira, um clássico paulistano

Mercado Municipal de São Paulo
Se Sampa me ensinou a gostar de feiras, como contei no post anterior, Piracicaba me ensinou a gostar de mercados. Foi em 1980, eu estava na cidade participando do 32º Congresso da UNE. Na época, era comum fazermos mutirões para vender os jornais das nossas organizações políticas. O meu era a Tribuna da Luta Operária (TLO) e o local escolhido foi o Mercado Municipal, lotado na manhã de sábado.

Nem lembro se consegui vender toda a minha cota de TLOs, mas jamais esqueci as jabuticabas reluzentes, que quase não cabiam na casca, de tão gordas. Enquanto devorava um quilo das preciosas em menos de uma hora, ia sendo iniciada na devoção à infinidade de cores, cheiros e texturas dos mercados, que eu conhecia basicamente das leituras das Mil e Uma Noites.

Leia também: Mercado de Pinheiros, grande opção gastronômica em São Paulo

11 de outubro de 2011

Feiras pelo mundo: o lado lúdico das hortaliças

Feira livre em Carcassonne, França: chuchu com sotaque
(Por justiça, a foto tinha que ser da Feira da Vila, mas eu não tenho nenhuma)
Uma das coisas mais divertidas que eu conheço é fazer feira (e experimentar comida de rua em mercados). Foi graças a São Paulo que descobri o inimitável prazer de apalpar laranjas, inspecionar goiabas e eleger o mais belo ramo de couve da semana. Antes de ir morar em Sampa, sequer suspeitava do lado lúdico que palpita nas frutas, hortaliças e assemelhados.

A primeira vez que eu vi a luz foi numa manhã de sábado, na Vila Madalena (a original, não essa que está lá hoje, muito da mauricinha). Eu morava em Perdizes, não usava automóvel — a mania de pedestre vem de longe — e tinha sérias dúvidas de que pudesse haver um peixe fresco sobre a face da terra que compensasse o trajeto de ônibus, ainda mais na companhia de um trambolho chamado carrinho de feira. Admito: eu era uma mulher de pouca fé.


Porque a verdade é que, naqueles tempos, um tomate jamais seria apenas um tomate na esquina da Aspicuelta com a Fradique.

4 de outubro de 2011

Os céus que me protegem


Brasília: o céu mais bonito que eu conheço
(Memorial JK, outubro de 2006)
Música deste post: Lucy in the Sky with Diamonds, The Beatles

Meu velho/novo lar é um lugar que a maioria dos brasileiros adora desdenhar à distância: “Brasília não tem mar”, “Brasília não tem esquinas”... (Fora a mania de creditar à cidade a culpa pelos desvios éticos na política, como se isso fosse uma questão de latitude e longitude). O que essa galera não sabe é que a Capital Federal tem um dos céus mais apaixonantes que já vi.