23 de julho de 2005

Caminho de Santiago: de Lisboa a Valença do Minho

Caminho de Santiago - Fortaleza em Valença do Minho
Fortaleza em Valença do Minho, no primeiro dia do Caminho de Santiago

No final de julho de 2005, depois de mais de um mês mochilando na Europa, minha amiga Dulce Ferrero me convenceu a fazer o Caminho Português para Santiago de Compostela.

A Rota Portuguesa do Caminho de Santiago está bem demarcada a partir da Cidade do Porto, mas decidimos caminhar a partir de Valença do Minho, na fronteira de Portugal com a Espanha.

Foram seis dias e 120 quilômetros subindo e descendo montanhas no nosso Caminho de Santiago, atravessando vilarejos, bosques e vinhedos.

Travessia da fronteira em Valença do Minho, no Caminho de Santiago
Euzinha (à esquerda), prestes a atravessar a fronteira entre Portugal e Espanha. à direita, Dulce na Ponte Internacional, sobre o Rio Minho, ligando Valença a Tui, já em terras espanholas

Ao final da jornada, com apenas um bolha no pé, recebi minha "Carta Compostelana" na Catedral de Santiago depois de alguma relutância da representante da congregação.

É que eu insisti em declarar motivos "não-espirituais" para a caminhada. Por fim, ela se convenceu das minhas "razões antropológicas" e reconheceu que ateus também merecem recompensa pelos seus esforços.

Neste post eu conto como foi o começo do meu Caminho de Santiago, de Lisboa a Valença. Meu diário de viagem está todo aqui no blog, divido em um post para cada etapa da jornada. Clique nas localidades para ver as postagens e veja como foi o início da jornada.




Caminho de Santiago de Lisboa a Valença 


Partimos de Lisboa no dia 23 de julho. Fazia um calor senegalês na capital portuguesa. Pegamos o trem para a Cidade do Porto na Estação de Santa Apolónia bem cedinho.

Mesmo quando já estava chacoalhando no trem rumo ao Norte de Portugal, a ficha não parecia ter caído: nos próximos dias, eu iria caminhar 120 km, Galícia a dentro, sem saber muito o que me esperava ao longo do Caminho de Santiago, jornada com mais de mil anos de tradição.

Caminho de Santiago - credencial de peregrina
Minha credencial de peregrina, já devidamente carimbada nas diversas etapas do Caminho de Santiago

Muita gente faz o Caminho de Santiago por motivos religiosos. Eu, que sou ateia, fui ganha pela curiosidade de ver paisagens e pessoas que estão totalmente fora do alcance dos que viajam de carro, de trem, de avião ou em qualquer outro meio de transporte mais normal que um par de tênis já meio combalido por mais de 30 dias de mochilagem europeia.

Cidade do Porto - Portugal - Estação São Bento
Plataforma da Estação São Bento, na Cidade do Porto

Minha bagagem para o Caminho de Santiago era mínima: três mudas de roupa, uma profusão de meias, câmera fotográfica e o inseparável bloquinho de anotações.

As credenciais de peregrinas já tinham sido providenciadas por Dulce, que também se encarregou das informações básicas sobre o roteiro.

Meu maior trabalho, mesmo, foi descolar uma foto 3x4 e mandar pelo correio, quando eu ainda estava em Budapeste, pra Dulce cuidar da credencial em Lisboa, onde ela morava.

A Credencial de Peregrino é um documento fundamental para quem faz o Caminho de Santiago. É ela que assegura seu direito de se hospedar nos albergues do trajeto (na época, eram todos gratuitos. Hoje, cobram taxas simbólicas, em torno de € 5). 

É importante carimbar a credencial em cada cidade ou localidade por onde se passa (bares, hotéis e albergues fazem isso, além de postos de correio e repartições). E isso que atesta que você fez realmente a caminhada, caso você queira receber sua Carta Compostelana.

Valença do Minho, Portugal, Caminho de Santiago
Eu e Dulce em Valença do Minho: bastou desembarcarmos do trem e começamos nosso Caminho de Santiago

Nesse primeiro dia de viagem, o que mais lamentei foi não ter tempo para explorar a bela Cidade do Porto.

Chegamos à Estação São Bento, tremendo cartão de visitas, com sua impressionante decoração em azulejos, com o tempo justo para pegar a baldeação para Valença do Minho, um trem regional bem mais lento do que o que nos trouxe de Lisboa ao Porto.

Catedral de Santigo de Compostela
Detalhes da fachada da Catedral de Santigo de Compostela: sete dias e 120 km depois, eu estaria cara a cara com essa maravilha do Século 12

Catedral de Santigo de Compostela

O Porto estava bem mais fresco que Lisboa, um alívio. Era a primeira vez, desde que cheguei a Portugal, que eu desfrutava de uma temperatura um pouquinho mais europeia. Final de julho, eu queria o quê?  

A boa notícia é que a temperatura, ao longo de todo o caminho até Santiago, seria ainda mais amena, mesmo no verão. A má notícia é que essa condição decorre do fato de que, na Galícia, chove o tempo inteiro...

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